São Paulo – A direção da Caixa Federal repetiu a postura das primeiras rodadas de negociações específicas com o Comando Nacional dos Bancários e se manteve intransigente nos debates das reivindicações relativas a jornada, Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon) e segurança bancária. A terceira reunião ocorreu na quinta 23, em Brasília.
“Temos insistido em manter os debates centrados nas reivindicações aprovadas pelos empregados no 28º Conecef. Desde a primeira rodada, em 10 de agosto, apresentamos propostas detalhadas e tínhamos expectativa de que a Caixa trouxesse soluções. Mas até agora a empresa se mantém irredutível”, afirmou a dirigente sindical Jackeline Machado, destacando que os trabalhadores valorizam o processo negocial para resolver os problemas. “Mas tem de haver a mesma disposição da direção da empresa. Caso isso não ocorra, os empregados darão uma resposta a altura.”
Na reunião, os empregados voltaram a reivindicar respeito à jornada de seis horas para todos, inclusive os gerentes e integrantes de carreiras profissionais, sem redução salarial. A reivindicação foi mais uma vez negada pela Caixa, sob a alegação de que a empresa opera basicamente com duas jornadas: uma de seis horas e outra de oito para cargos comissionados e de carreiras profissionais.
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Sipon – O Comando Nacional propôs, entre outras medidas, a adoção de “login único” para acesso aos sistemas corporativos, o fim do banco de horas ou a extinção do registro de horas negativas no Sipon (não previsto no acordo coletivo) e o pagamento de todas as horas extras, acrescidas de 100% das horas normais. Também foi reivindicada a adoção de mecanismo que permita que a anotação de saída ocorra apenas a partir do horário de fechamento do último sistema acessado no dia em que o ponto ficar em aberto.
A Caixa informou que o sistema está sendo revisto. A previsão é de que a medida seja implantada a partir do início do ano de 2013. O banco esclareceu ainda que o bloqueio de acesso motivado por falta de homologação do gestor ou decorrente de hora extra não acordada está resolvido.
Os empregados contestaram também a realização dos chamados feirões da casa própria em finais de semana, cujas realizações não estão regulamentadas. Sobre esse assunto, a empresa alegou não ter como proibir, argumentando que vem cumprindo o que determina a legislação.
Universidade Caixa – O Comando reivindicou a realização dos cursos da Universidade Caixa dentro da jornada de trabalho, cabendo à empresa disponibilizar locais e equipamentos adequados, assegurando igualdade a todos os trabalhadores. Durante o debate a Caixa afirmou não dispor de informações detalhadas sobre quantos empregados fizeram os cursos até agora, ficando de apresentar os números na próxima rodada de negociação, quando o tema será retomado.
Segurança bancária – A Caixa se recusou a atender a proposta de criação de estruturas de segurança nos estados, compatíveis com as demandas locais e de modo a impedir a existência de regiões desprotegidas. A empresa afirmou que seu monitoramento de segurança, formado por nove filiais e 84 consultores espalhados pelas Superintendências Regionais, é suficiente para as necessidades da empresa nesta questão.
Para combater a clonagem de cartão a Caixa afirmou que pretende adotar medidas para evitar fraudes eletrônicas. Disse, inclusive, que já estão instaladas câmeras internas de monitoramento em mais de 2.704 unidades, para combateros chamados chupa-cabras em máquinas de autoatendimento.
O Comando cobrou a instalação de biombos nos guichês de caixa e penhor, separando os clientes durante o atendimento, nos moldes da lei municipal existente na cidade de Jundiaí (SP). A medida é vista como necessária para combater os chamados crimes de “saidinha”.
A retomada da implantação do modelo “Agência Segura” (com todos os dispositivos de segurança previstos em lei) também foi reivindicada. Nesse quesito, a Caixa limitou-se a dizer que esse projeto não está paralisado, mas o Comando lembrou aos representantes da empresa que nada de concreto está sendo viabilizado. “A Caixa precisa dispor de política que leve em conta a segurança de empregados e clientes, resgatando a discussão do projeto de Agência Segura. Os gestores não devem ter autonomia para decidir sobre assunto da maior relevância”, cobrou Plínio Pavão, diretor da Contraf/CUT.
Diante dessas cobranças, a Caixa assumiu o compromisso de discutir melhor essa questão com as áreas pertinentes.
Os representantes do banco se negaram, ainda, a atender reivindicações como a que prevê a instalação de portas de segurança antes do autoatendimento. A empresa também alega dificuldades em proibir o atendimento prévio na parte externa das unidades, argumentando que precisa discutir melhor o assunto.
Também foi negada pelo banco a apresentação ao movimento sindical as estatísticas das ocorrências de assaltos, furtos ou outros delitos ocorridos nas unidades e correspondentes bancários. A reivindicação está baseada no fato de que os ataques a todos os bancos cresceram 50,48% no primeiro semestre de 2012, atingindo 1.261 ocorrências em todo o país.
Redação com informações da Fenae – 24/8/2012
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Terceira rodada específica da Campanha debateu respeito à jornada e questões de segurança bancária
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