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Negociação é marcada por intransigência do BB

Linha fina
Primeira rodada específica evidencia a necessidade de intensa mobilização do funcionalismo
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São Paulo – O primeiro embate entre os representantes dos trabalhadores e da direção do Banco do Brasil deixou claro que será necessária forte mobilização dos bancários para conquistar avanços gerais na mesa da federação dos bancos (Fenaban) e na específica com a empresa.

Logo no início da negociação na segunda 13, o representante do banco, Carlos Eduardo Leal Neri, apressou-se em lembrar que a instituição, por ser globalizada, está inserida na crise financeira internacional. Tal afirmação foi rebatida pelo coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários, William Mendes, que enfatizou que desde 2009 os bancos apresentam lucros recordes.  “Além disso, a inadimplência está caindo e o índice é muito pequeno no BB. Há um truque mágico aí. O que está ocorrendo é que as instituições estão aumentando o provisionamento muito acima da realidade, pois mesmo a inadimplência estável, há bancos que aumentaram de 30% a 50% suas provisões, diminuindo o resultado", afirmou o dirigente sindical, ao elencar as reivindicações para a renovação do acordo específico.

Jornada - A primeira reivindicação apresentada para o tema emprego e condições de trabalho foi o cumprimento da jornada legal de 6 horas sem redução de salário, considerada prioridade para os bancários do BB. Ela foi negada novamente pelos representantes do banco, reafirmando que não negociará a implantação da jornada de 6 horas para todos os comissionados sem redução de salários.

A instituição já havia dito, em julho, que a jornada de 6 horas é tema de Plano de Comissões e que isto é estratégico e não discute em mesa de negociação. Naquela negociação, o BB havia ressaltado que não debate questões ligadas ao plano de metas, arquitetura organizacional e de remuneração da empresa.

"Mais uma vez, o BB mostra postura intransigente diante de um assunto considerado essencial para seus trabalhadores. O eixo das reivindicações passa por melhoria no plano de carreira, cujo pilar é a jornada de 6 horas para os comissionados, bem como seleção interna para crescimento na carreira e fim dos descomissionamentos. Se o banco fica dizendo que não negocia o essencial na mesa de negociação, ele quer dizer o quê? Que os bancários busquem outras formas de resolver os seus problemas sem ser por negociação coletiva?", indaga William.

Seriedade - Em nome de todos os funcionários do BB, William fez um apelo para que os negociadores do banco analisem com respeito e seriedade a pauta específica de reivindicações entregue à instituição em 1º de agosto. "Com 50 itens, a minuta é o resultado de amplo e democrático processo e inclusivo de consulta aos bancários e bancarias de todo o país. O texto final foi deliberado no 23º Congresso Nacional dos Funcionários do BB", acrescentou o dirigente.

Os temas debatidos nesta rodada versaram sobre combate ao assédio moral, fim da terceirização e aumento nas dotações das dependências, igualdade de direitos para os funcionários oriundos de bancos incorporados (Cassi e Previ para todos), melhorias nas ausências autorizadas, melhoria no plano odontológico, fim da perda de função e irredutibilidade de salário na volta das licenças-médicas, segurança bancária, volta do pagamento das substituições e ampliação dos direitos dos delegados sindicais.

A negociadora do BB, Áurea Faria Martins, ficou de analisar as reivindicações do funcionalismo e trazer as respostas nas próximas rodadas de negociações.

Mensagens do banco - Como se não bastasse o fato de não ter apresentando nenhuma resposta concreta às reivindicações do funcionalismo, o BB ainda sinalizou que pretende reduzir o número de dirigentes sindicais. "Além de termos uma questão a resolver sobre liberações dos bancários eleitos para mandatos sindicais, porque havia uma regra em 2009 e o banco alterou por conta própria, o banco diz que quer diminuir a organização dos trabalhadores. O banco sabe que deveria liberar mais dirigentes e vem propor redução! Isso me parece provocação", rebate William.

Outra questão que trouxe preocupação para as entidades sindicais é o banco ter questionado a reivindicação de fim da discriminação e isonomia para os bancários oriundos de bancos incorporados em relação à Cassi e à Previ, dizendo que vai apresentar para os bancários dados perguntando se a isonomia é boa para todos mesmo. "É impressão minha ou o banco está dizendo que vai chamar os bancários que já eram do BB a discriminarem os colegas oriundos dos bancos incorporados? Muito estranha esta argumentação por parte do banco", alerta o dirigente.

Negociação na terça 14 - A rodada de negociação prossegue nesta terça-feira 14, em Brasília. "Esperamos que o BB apresente algo de concreto e avance nas questões debatidas, pois está com a pauta há duas semanas" frisou William Mendes.

A comissão de empresa está trabalhando com a metodologia de apresentar todas as reivindicações deliberadas pelo funcionalismo. A expectativa é impo0rtante para que a empresa apresente propostas a todos os temas.

Na avaliação do Comando Nacional, a crise financeira internacional não atingiu o sistema financeiro brasileiro que continua sendo considerado um dos mais lucrativos e sólidos do mundo. "Onde está a crise enfrentada pelos bancos brasileiros?", foi o contraponto do dirigente.

Diante desse frágil argumento utilizado logo na primeira negociação específica com o BB, o Sindicato e a Contraf-CUT orientam que os trabalhadores intensifiquem a mobilização e fiquem atentos com as notícias divulgadas por outros meios que não sejam os dos trabalhadores, inclusive em relação ao banco. "O funcionalismo deve acessar os sites das entidades sindicais para se informar, pois o BB, mais uma vez, nos disse que vai utilizar muita comunicação direta por meio de suas ferramentas internas", aponta William.

As negociações específicas do Banco do Brasil ocorrem simultaneamente às gerais da categoria co m a federação dos bancos (Fenaban).

> Calendário e resultados das negociações

 



Redação com informações da Contraf-CUT - 14/8/2012

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