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Bancários trabalham mais para remunerar acionistas

Linha fina
Acionistas estão ficando com parcela cada vez maior da distribuição, e os trabalhadores cada vez menor
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São Paulo - Os principais responsáveis pelo excelente resultado dos bancos no Brasil recebem cada vez menos retorno por esse trabalho. Apesar dos reajustes salariais conquistados nas Campanha Nacionais Unificadas desde 2004, que acumulam 85,32%, bancários viram cair, nos últimos anos, a parcela que recebem do valor adicionado dos bancos.

Valor adicionado é o PIB do setor. São todas as receitas do banco, já subtraídas as despesas de intermediação financeira e outras, operacionais. Esse valor que sobra é distribuído entre acionistas (na forma dividendos e lucros retidos); governo (pagamento de impostos) e trabalhadores (remuneração, vales, auxílios, FGTS).

Entre 1999 e 2005, em média, os acionistas ficavam com 25,9% dessa distribuição do valor adicionado (DVA), os impostos consumiam 24%, e 50,1% eram destinados aos trabalhadores. Nos últimos anos, entre 2006 e 2012, houve uma inversão: enquanto o governo continua na casa dos 23%, os acionistas passaram a receber em média quase 40% e aos trabalhadores restaram 37% (veja quadro abaixo).

“E isso num cenário em que os bancários trabalham cada vez mais”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, mencionando dados dos balanços dos seis maiores bancos do Brasil (BB, Caixa, Bradesco, Itaú, Santander, HSBC): na comparação entre os primeiros seis meses deste ano com o mesmo período de 2012, o lucro gerado por trabalhador subiu 19,4%. Cada bancário ampliou em 13,6% a receita com tarifas e em 19,8% a carteira de crédito. O número de contas correntes sob a responsabilidade de cada um aumentou 6,9%. Só caiu a quantidade de trabalhadores por agência: - 5%.

“Os bancos estão extinguindo postos de trabalho e ganhando muito com isso. Os trabalhadores que ficam estão sobrecarregados, adoecendo e esse quadro é inadmissível num setor que tanto ganha”, destaca Juvandia. “Já dissemos que não saíremos da Campanha 2013 sem solução para as metas abusivas, a pressão diária que tanto adoece os bancários. E agora, na mesa de negociação que se iniciou no dia 26, para debater remuneração, vamos cobrar dos bancos que devolvam aos funcionários pelo menos parte dos excelentes resultados gerados pelos milhares de bancários e bancárias de todo o Brasil.”

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Cláudia Motta - 26/8/2013

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