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Para bancos, lucro não exige tanto do bancário

Linha fina
Primeiro dia da rodada de negociação da Campanha Nacional 2013 sobre remuneração não apresentou avanço e reunião continua nesta terça-feira
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São Paulo – A rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e da federação dos bancos, nesta segunda-feira 26, começou com um protesto. No dia 21, um bancário de 22 anos e uma vigilante, de 24, foram mortos num assalto ao posto de atendimento onde trabalhavam, em Angra dos Reis. Os integrantes do Comando também lembraram um caso em Campo Grande, onde o bancário foi agredido a socos de pontapés, num assalto em 12 de agosto.

Os representantes dos bancários exigiram que os bancos reforcem os mecanismos de segurança, mas os negociadores da Fenaban disseram que não falariam nada sobre as mesas anteriores – que trataram, além de segurança, saúde, condições de trabalho, emprego e igualdade de oportunidades.

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A rodada de negociação sobre remuneração começou com a apresentação, pelo Comando Nacional, de dados estatísticos para mostrar que os bancos podem atender às reivindicações de aumento real nos salários, valorização do piso. Números públicos, que a Fenaban contestou. Os bancários solicitaram que as empresas respondam com seus próprios números questões como a redução do salário médio, tempo que os funcionários permanecem e outras informações que apontam: os bancos estão economizando às custas dos bancários.

Sobre o valor adicionado – O “PIB” dos bancos que está ficando cada vez mais nas mãos dos acionistas e menos na dos bancários – a Fenaban, afirma que esses ganhos do setor vêm do investimento em tecnologia, “não precisa tanto do trabalho do bancário”.

> Bancários trabalham mais para remunerar acionistas

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, questiona por que, então, as metas dos trabalhadores aumentam tanto e sempre. “Os bancários são, sim, os principais responsáveis pelo lucro do setor e os números mostram que esse resultado gerado por empregado vem crescendo. Os trabalhadores querem sua parte e querem respeito”, afirma a dirigente, que é uma das coordenadoras do Comando.

A mesa de remuneração segue na terça-feira 27.

Aumento Real – Os dados apresentados pelo Comando Nacional dos Bancários, inclusive dos balanços do setor, serviram para reforçar: os bancos podem atender ao reajuste de 11,93%, com aumento real de 5%. Os bancos sinalizaram que “será difícil” fazer o mesmo que nos anos anteriores. “Mas deixamos claro, não queremos o mesmo, queremos mais”, ressalta Juvandia.

Piso - Os representantes patronais se recusaram a debater a valorização do piso salarial, que para os bancários é prioridade. Afirmaram que pretendem dar o mesmo reajuste que for para os salários, mas ficaram de levar a reivindicação aos bancos.

PCS – Interferência insuportável na gestão: é assim que a Fenaban classifica a reivindicação de plano de cargos e salários para todos. Afirmam que todos os bancários sabem o que fazer para preencher uma eventual vaga à disposição.

13º – Sobre a reivindicação de adiantamento do 13º para os trabalhadores afastados, a Fenaban ficou de analisar, assim como a possibilidade de fazer a antecipação também para quem tem férias em janeiro.

Substituto - A Fenaban disse "não" ao pagamento do salário de substituto. Para ela, isso acontece por “curtíssimo tempo” e é “justo” o desvio de função para que possam checar se o bancário tem condição de substituir o cargo. “Isso é um absurdo! Sabemos que há muitos trabalhadores em desvio de função, cumprindo um tipo de trabalho sem ganhar e isso é mais uma forma de ganharem às custas dos bancários”, critica Juvandia. “Vamos continuar cobrando.”

Vale-Cultura - O Vale-Cultura é um benefício que será destinado prioritariamente a todos os trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos no valor de R$ 50. As empresas inscritas no programa receberiam incentivo fiscal do governo. O Comando quer estender o direito aos bancários, e a Fenaban afirma que vai levar aos bancos, mas condiciona discutir o valor somente após regulamentada a lei (o que deve acontecer em setembro).


Cláudia Motta - 26/8/2013

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