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Saúde e condições de trabalho abrem negociações

Linha fina
Segurança também está na pauta da primeira rodada de debates da Campanha 2013, na quinta 8 e sexta 9
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São Paulo – “O sistema financeiro, que pressupõe venda de produtos com metas cada vez mais elevadas, vem causando quadros de desgaste físico e psíquico aos trabalhadores, com muito sofrimento para suas famílias, com grande ônus para o sistema de seguridade social e para a sociedade como um todo.” A afirmação é da médica e pesquisadora da Fundacentro Maria Maeno e está diretamente relacionada ao pesadelo diário de bancários de instituições financeiras públicas e privadas.

> Vídeo: assista ao curta Dia de Bancário

Por isso mesmo é assunto da primeira rodada de negociação da Campanha Nacional Unificada 2013, sobre saúde e condições de trabalho, nesta quinta e sexta, 8 e 9. Segurança também estará na pauta da mesa com representantes do Comando Nacional dos Bancários e da federação dos bancos (Fenaban).

As metas mensais, que existem há tempos, ganharam novas modalidades de cobrança diárias e ainda mais agressivas. A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, afirma que esse será um dos destaques na mesa de debates com os bancos nos próximos dias. “Queremos o fim das metas diárias que levam a cada dia mais trabalhadores saudáveis, jovens e com carreiras promissoras a serem condenados por doenças psíquicas e físicas em decorrência da absurda pressão que sofrem.” A dirigente ressalta que o adoecimento em função das metas não é uma questão individual do trabalhador. “É um grave problema organizacional, imposto pela gestão dos bancos.”

Os relatos dos bancários confirmam. “As metas são mensais, mas a pressão é diária para você entregar o quanto antes. Quando chega perto do fim do mês a cobrança vira tortura”, expõe uma trabalhadora com cargo de gerente que está afastada. Bancária desde 1991, conta que a cobrança hoje em dia é muito maior. “Estou de licença-médica por conta de problemas físicos e psicológicos. Antes, (do afastamento) fiquei de cama com depressão ainda pior por conta dessa cobrança.”

Outro funcionário de um banco privado, com apenas 24 anos, já passa pelo drama do afastamento causado após crises de estresse. “Sou caixa, atendo clientes, tenho a meta de tempo para atender quem está na fila, preciso cuidar de caixas eletrônicos, ao mesmo tempo preciso vender uma meta muito alta e agressiva de produtos na boca do caixa. A meta é de, no mínimo, 350 autenticações de contas por dia. Também tem a meta de venda de cartão de crédito, seguro de vida, título de previdência, vários produtos. O chefe do serviço te pressiona o tempo todo. A gestão é sempre muito agressiva e todo dia recebemos ameaças. Ele diz: ‘se não bater a meta coloco outra pessoa no seu lugar e te demito’. Agora estou afastado e tomando medicação controlada para o estresse.” Bancário há cinco anos, começou a trabalhar aos 15 anos. “Nunca passei o que vivo no banco, essas humilhações, em empesa nenhuma.”

Segurança – Após a conquista do projeto piloto de segurança – que começou a ser implantado em algumas cidades do estado de Pernambuco – uma das principais demandas dos trabalhadores é a proibição do porte de chaves por bancários. “A categoria fica em risco quando exposta dessa maneira”, ressalta Juvandia.

Os trabalhadores também querem mais investimentos em segurança para preservar a vida de bancários, vigilantes e clientes.


Gisele Coutinho – 7/8/2013
 

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