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São Paulo – O recente caso da funcionária do Desenvolve SP (agência de fomento do governo do estado), demitida sem justificativa após ser vítima de assédio sexual, mesmo sendo membro da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), revelou a angustiante realidade dos trabalhadores do local.
Por meio de uma ação judicial movida pelo Sindicato, a servidora foi reintegrada, no entanto, continua enfrentando problemas na agência. “Desde que voltei me colocaram na área de gestão de pessoas, mas não tenho acesso a nada, estou na ‘geladeira’, não acho isso certo, continua sendo uma forma de assédio moral, é constrangedor”, conta.
>Vitória! Cipeira é reintegrada na Desenvolve SP
A funcionária lembra que sempre foi vista com desconfiança por ser sindicalizada e por ter uma postura classificada por seus superiores como de “liderança”. Ela trabalhava em desvio de função, situação também vivida na época por cerca de 90 funcionários. Antes de ser desligada, ela entrou com um processo por conta do desvio, o clima se agravou e as retaliações começaram. “Me viam como ‘a garota do Sindicato’ e nunca escondi de ninguém a minha ligação sindical”, ressaltou.
Quando houve remanejamento desses funcionários, a cipeira foi a única a não ser contemplada pelo plano de cargos e salários, sendo transferida de setor mesmo tendo boa avaliação de seu trabalho.
A servidora passou a ser isolada e seus colegas orientados a não se aproximarem dela. No novo setor começou a enfrentar o assédio sexual de um superintendente que fazia insinuações e piadas inadequadas e de cunho misógino (misoginia é o termo que caracteriza a repulsa, desprezo ou ódio contra as mulheres). “Eram muitas piadinhas, várias de mau gosto, na frente de todos, mas ele é temido pela grande maioria do pessoal”.
A cipeira entrou com processo por assédio sexual contra o superintendente, mesmo assim, ele foi promovido para o cargo de diretor. As denúncias levaram o Desenvolve SP a ser multado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Ao apurar o caso, a auditora fiscal do MTE Luciana Veloso descobriu uma série de irregularidades praticadas no local, como discriminação de gênero, assédio sexual e moral dirigidos às funcionárias.
> Assédio sexual no Desenvolve SP
Isolamento – Mesmo reintegrada, a trabalhadora continua sofrendo assédio moral. “Me orientaram a evitar circular nos outros andares do prédio. No dia que saiu a matéria na Folha Bancária (clique aqui) eu estava na entrada lendo o jornal e fui chamada a atenção porque, segundo eles, estaria ‘comemorando’ minha reintegração. Disseram ‘vai comemorar longe daqui’”, conta.
A alegação dos gestores é que o isolamento da servidora seria uma forma de preservá-la. Com isso, muitos companheiros de trabalho se afastaram e a cipeira tem medo de se aproximar dos colegas e acabar os prejudicando. “Comecei a fazer tratamento psiquiátrico e tomar medicação porque não conseguia mais sair de casa, não tinha mais ânimo, chorava durante o expediente e ficava calada.” Ela lembra que ainda ouviu que chorar no trabalho atrapalharia os colegas. “Eu tento trabalhar, me obrigo, mas é muito difícil em um ambiente hostil. Não tenho perspectivas mais”.
Apesar de saber que não é bem vinda pela direção do Desenvolve SP, a servidora diz não querer desistir de sua luta, principalmente por saber que existem muitos colegas passando por situações similares no local. “Espero que eles vejam que não é porque são ligados ao governo estadual que não tem que seguir as regras, muito pelo contrário, espero que haja justiça”.
A funcionária deseja também que, mesmo com as ameaças, os colegas comecem a se mobilizar contra o assédio moral e por melhores condições de trabalho. Para ela, ainda há um longo caminho de luta na agência que inclui poder eleger um representante dos funcionários no conselho administrativo da empresa, assim como ocorre em instituições como o Banco do Brasil e Caixa Federal.
Luana Arrais – 17/8/2015
Atualizada às 20h11 de 17/8/2015
Por meio de uma ação judicial movida pelo Sindicato, a servidora foi reintegrada, no entanto, continua enfrentando problemas na agência. “Desde que voltei me colocaram na área de gestão de pessoas, mas não tenho acesso a nada, estou na ‘geladeira’, não acho isso certo, continua sendo uma forma de assédio moral, é constrangedor”, conta.
>Vitória! Cipeira é reintegrada na Desenvolve SP
A funcionária lembra que sempre foi vista com desconfiança por ser sindicalizada e por ter uma postura classificada por seus superiores como de “liderança”. Ela trabalhava em desvio de função, situação também vivida na época por cerca de 90 funcionários. Antes de ser desligada, ela entrou com um processo por conta do desvio, o clima se agravou e as retaliações começaram. “Me viam como ‘a garota do Sindicato’ e nunca escondi de ninguém a minha ligação sindical”, ressaltou.
Quando houve remanejamento desses funcionários, a cipeira foi a única a não ser contemplada pelo plano de cargos e salários, sendo transferida de setor mesmo tendo boa avaliação de seu trabalho.
A servidora passou a ser isolada e seus colegas orientados a não se aproximarem dela. No novo setor começou a enfrentar o assédio sexual de um superintendente que fazia insinuações e piadas inadequadas e de cunho misógino (misoginia é o termo que caracteriza a repulsa, desprezo ou ódio contra as mulheres). “Eram muitas piadinhas, várias de mau gosto, na frente de todos, mas ele é temido pela grande maioria do pessoal”.
A cipeira entrou com processo por assédio sexual contra o superintendente, mesmo assim, ele foi promovido para o cargo de diretor. As denúncias levaram o Desenvolve SP a ser multado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Ao apurar o caso, a auditora fiscal do MTE Luciana Veloso descobriu uma série de irregularidades praticadas no local, como discriminação de gênero, assédio sexual e moral dirigidos às funcionárias.
> Assédio sexual no Desenvolve SP
Isolamento – Mesmo reintegrada, a trabalhadora continua sofrendo assédio moral. “Me orientaram a evitar circular nos outros andares do prédio. No dia que saiu a matéria na Folha Bancária (clique aqui) eu estava na entrada lendo o jornal e fui chamada a atenção porque, segundo eles, estaria ‘comemorando’ minha reintegração. Disseram ‘vai comemorar longe daqui’”, conta.
A alegação dos gestores é que o isolamento da servidora seria uma forma de preservá-la. Com isso, muitos companheiros de trabalho se afastaram e a cipeira tem medo de se aproximar dos colegas e acabar os prejudicando. “Comecei a fazer tratamento psiquiátrico e tomar medicação porque não conseguia mais sair de casa, não tinha mais ânimo, chorava durante o expediente e ficava calada.” Ela lembra que ainda ouviu que chorar no trabalho atrapalharia os colegas. “Eu tento trabalhar, me obrigo, mas é muito difícil em um ambiente hostil. Não tenho perspectivas mais”.
Apesar de saber que não é bem vinda pela direção do Desenvolve SP, a servidora diz não querer desistir de sua luta, principalmente por saber que existem muitos colegas passando por situações similares no local. “Espero que eles vejam que não é porque são ligados ao governo estadual que não tem que seguir as regras, muito pelo contrário, espero que haja justiça”.
A funcionária deseja também que, mesmo com as ameaças, os colegas comecem a se mobilizar contra o assédio moral e por melhores condições de trabalho. Para ela, ainda há um longo caminho de luta na agência que inclui poder eleger um representante dos funcionários no conselho administrativo da empresa, assim como ocorre em instituições como o Banco do Brasil e Caixa Federal.
Luana Arrais – 17/8/2015
Atualizada às 20h11 de 17/8/2015