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Mais empregos, aumento real, condições de trabalho

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Representados por delegados de todo o Brasil, bancários definiram pauta de reivindicações da Campanha Nacional Unificada 2015 a ser entregue aos bancos em 11 de agosto para renovação da convenção coletiva
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São Paulo – Num cenário em que apesar da crise econômica mundial os bancos seguem com lucros cada vez mais altos, os bancários iniciam a Campanha Nacional Unificada 2015 com a certeza de que o setor tem plenas condições de acatar às reivindicações da categoria. Fim das demissões, mais empregos, aumento real para os salários, PLR, piso e vales alimentação e refeição maiores, além de melhores condições de trabalho, com o combate ao assédio moral e fim das metas abusivas, mais segurança estão entre os principais itens votados pelos 635 delegados de todo o país, eleitos para a 17ª Conferência Nacional dos Bancários.

> MB de segunda destaca reivindicações
> Vídeo: pauta definida após debates

Entre os dias 31 de julho e 2 de agosto, esses representantes dos trabalhadores debateram a conjuntura nacional e temas como remuneração, emprego, saúde, segurança e condições de trabalho para definir a pauta final de reivindicações que será entregue à federação dos bancos (Fenaban) no dia 11 de agosto. A data base da categoria é 1º de setembro.

> Fotos: O 1º dia e o 2º dia da conferência
Vídeo: entrevista com os palestrantes

“Finalizamos uma grande conferência, onde a participação democrática dos trabalhadores e a unidade nacional saíram reforçadas. Vamos dar início a mais uma forte campanha num cenário em que os bancos demitem demais, mesmo ganhando muito. Por isso emprego é nossa prioridade”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira (foto abaixo). “No primeiro semestre deste ano foram fechados 2.795 postos de trabalho nos bancos (dados do Caged, Ministério do Trabalho). Por isso, é fundamental que seja garantido algum instrumento na CCT para conter as demissões”, defende a dirigente. “Vamos lutar por isso e por mais um ano de aumento real para os salários, valorização do piso, da PLR, das verbas, por condições de trabalho melhores e mais segurança. E os bancários já sabem: o que faz diferença para conquistar é a participação. Vamos todos juntos para a luta.”

> Abertura da Conferência reforça união da categoria

Remuneração – A categoria quer reajuste salarial de 16% (que corresponde à reposição da inflação mais 5,7% de aumento real). Para a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), a reivindicação é de três salários mais R$ 7.246,82 de parcela fixa adicional. Também ficou definido piso com base no salário mínimo do Dieese (R$ 3.299,66) e o 14º salário. O valor do vale-alimentação e da 13ª cesta reivindicado é de R$ 788. Para o vale-refeição, R$ 34,26 ao dia.

“Tudo o que está sendo reivindicado reflete a vontade soberana dos bancários, expressa em consultas realizadas pelos sindicatos de todo o Brasil e que os bancos têm plenas condições de atender”, lembra Juvandia. O lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Federal, Bradesco, Itaú e Santander) atingiu a marca de R$ 16,3 bilhões nos três primeiros meses do ano, crescimento de 21,8% em relação ao mesmo período do ano passado. “E os balanços divulgados até agora indicam que os ganhos seguiram nesse patamar. Ou seja, não adianta vir para a mesa de negociação falar em crise, porque para esse setor não tem crise nunca. Os bancários exigem valorização e respeito”, ressalta a presidenta do Sindicato.

Emprego – As questões relativas ao emprego serão tema central da Campanha Nacional 2015. “Com os bancos lucrando cada vez mais, não há razão para tantas demissões e fechamento de postos de trabalho”, reforça Ivone Maria da Silva, secretária-geral do Sindicato.

Entre os principais pontos da pauta estão a inclusão de artigo em que se reivindica a garantia dos empregos de todos os trabalhadores abrangidos pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), durante a vigência, e a ratificação do Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas. Outro item importante é a determinação de no mínimo 15 funcionários por agência bancária, dos quais pelo menos dois caixas.

Os trabalhadores reivindicarão, ainda, a redução da jornada de trabalho para cinco horas diárias e 25 horas semanais, com intervalo de 15 minutos para descanso. Também se condiciona a ampliação do período de atendimento bancário ao público à criação de outros turnos de trabalho. Outra reivindicação que será apresentada aos bancos é a proibição de funcionamento de agências, inclusive das de negócios, aos sábados, domingos e feriados.

> Vídeo: bancários definem reivindicações na defesa dos empregos

Saúde – O fim das metas abusivas permanece como uma das principais demandas dos bancários. “Os bancos reduzem o número de trabalhadores, sobrecarregam os bancários e têm como instrumento de gestão a cobrança de metas excessivas e abusivas. São metas diárias, que aumentam cada vez mais, o que dá ao trabalhador a constante sensação de nunca alcançar seus objetivos. Isso é um elemento altamente adoecedor”, diz o secretário de Saúde do Sindicato, Dionísio Reis.

Ele lembra que a categoria já acumula conquistas no combate às metas abusivas, como a proibição de divulgação de rankings de performance e a proibição de cobrança por meios eletrônicos. “As metas não podem ser impostas, têm de ser construídas coletivamente e levando em conta o local e as condições de trabalho. Para avançar nessa luta vamos precisar de muita ação sindical e mobilização dos trabalhadores.”

Os bancários também vão reivindicar alteração na redação da cláusula da CCT intitulada “programa de reabilitação ao trabalho” para programa de retorno ao trabalho. “Reabilitação profissional é atribuição pública do Estado, não pode ser executada pela empresa que adoece o trabalhador. Os bancos não têm interesse em poupar os bancários de tarefas que ainda não podem executar logo que retorna ao trabalho, o que é uma determinação do processo de reabilitação”, explica Dionísio. Também será reivindicada a participação dos bancários no processo de retorno ao trabalho.

Vão cobrar ainda a extensão integral de benefícios para funcionários afastados por problemas de saúde, ampliação da licença-maternidade para pais de crianças adotadas, independentemente da idade, além da redução da jornada para mães que amamentam por um período maior, de 12 meses.

Segurança – O fim da revista de funcionários, praticada em muitas agências pelo país, está entre as principais reivindicações dos bancários. Outra é a extinção das tarifas para transferências de dinheiro via DOC e TED. O objetivo é combater o crime de “saidinha”, já que muitas vítimas sacam grande quantias em espécie para evitar as tarifas.

A categoria quer, ainda, garantir a permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários. A abertura e o fechamento remoto das agências é outra reivindicação, assim como a instalação dos biombos nos caixas e melhor atendimento aos bancários e demais vítimas de assaltos.

“Segurança é uma das prioridades da categoria. Os bancos investem muito pouco e não estão dando a importância devida à vida dos trabalhadores. Os bancários não podem continuar colocando sua vida em risco todas as vezes em que vão trabalhar. Por isso queremos a implantação em todo o país de itens como porta com detectores de metal, biombos nos caixas e abertura remota de agências”, defende o diretor executivo do Sindicato Carlos Damarindo.

> Vídeo: segurança e combate às metas abusivas são prioridade 

Cidadania – Entre as decisões dos trabalhadores, foi aprovada a luta pela reforma política, fim do financiamento privado para campanhas eleitorais, reforma tributária, democratização dos meios de comunicação, defesa da Petrobras (não à quebra do sistema de partilha), defesa da democracia e dos direitos, redução da taxa de juros com crescimento e desenvolvimento econômico, auditoria da dívida pública e contra a criminalização dos movimentos sociais.

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Cláudia Motta - 2/8/2015

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