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Chapéu
Desmonte

Caixa: Sindicato luta contra o fechamento de agências

Linha fina
Unidade da zona sul será encerrada em setembro, reforçando encolhimento da função social do banco; protestos semanais denunciam à população ataque aos bancos públicos 
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Arte: Marcio Baraldi

São Paulo – O governo Temer continua encolhendo o tamanho e o papel social da Caixa. No mesmo dia em que comemora-se o Dia do Bancário (28 de agosto), empregados de uma agência localizada na Vila Clementino, na zona sul da capital, receberam a notícia de que a unidade encerrará suas atividades a partir do dia 24 de setembro.

Informe fixado na fachada da agência que será fechada


Em negociação com dirigentes sindicais no dia 15 de agosto, em Brasília, os representantes do banco anunciaram a intenção de reavaliar cerca de 100 agências em todo o país. Mas não especificaram quais e negaram prazo imediato para esse desmonte. Mas afirmaram que a análise levaria em conta o retorno financeiro dessas unidades. 

“Essa visão de busca do retorno financeiro não leva em conta que a Caixa tem uma função social muito grande, diferentemente dos bancos comerciais. E esse trabalho que os empregados da Caixa realizam na área social, como pagamento de PIS, seguro desemprego, FGTS, é difícil de mensurar porque não se traduz em lucro imediato, como os outros bancos trabalham. Tem uma característica muito mais ampla, que envolve desenvolvimento social e que não pode ser medida pela régua do retorno financeiro”, afirma o dirigente sindical e bancário da Caixa Danilo Perez.

A Caixa possui 4.244 agências e postos de atendimento, que foram responsáveis por pagar cerca de 39,8 milhões de benefícios sociais no primeiro trimestre de 2017, totalizando R$ 7,2 bilhões, dos quais R$ 6,9 bilhões relativos ao Bolsa Família. O banco pagou 67 milhões de benefícios voltados ao trabalhador, que totalizaram R$ 73,7 bilhões, e 16,1 milhões de créditos de aposentadorias e pensões (R$ 19 bilhões).

“A Caixa atende principalmente a população mais carente e ajuda a desenvolver a economia de municípios que não interessam aos bancos privados atuar, portanto, o fechamento de agências ditas deficitárias é um ataque direto a grande parcela da sociedade e do país”, afirma Danilo Perez.

Campanha em defesa dos bancos públicos – O movimento sindical está em campanha de defesa da Caixa e dos bancos públicos. “Estamos mobilizando bancários e a população na defesa desse instrumento importante de fomento da economia e do bem estar social. Essa é uma luta de todos. Perder os bancos públicos significará a piora das condições de vida de grande parte da população”, afirma Danilo.

Em 2015, a Caixa foi responsável por cerca de 70% do crédito para compra da casa própria e, junto com o Banco do Brasil, financiou mais de 2,2 milhões de bolsas de estudo em universidades particulares. 

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Reestruturação e verticalização – A diminuição do banco por meio do fechamento de agências soma-se a uma reestruturação iniciada em julho, que está reduzindo o número de empregados e de funções nos departamentos responsáveis pelas operações sociais da instituição. As principais afetadas são as Gifug (gerências de Fundo de Garantia), Gigov (gerências que cuidam dos programas sociais) e as Cehabs (responsáveis pelo crédito habitacional, uma das principais funções sociais do banco).

Além disso, a Caixa está mudando o modelo de segmentação dos clientes Pessoa Física, que agora estão agrupados em quatro carteiras. Três carteiras serão alvo prioritário de relacionamento e uma (chamada de “gente de valor”) voltada para o “atendimento de varejo”.

A verticalização, como é chamado este processo, está impactando diretamente empregados que prestam atendimento social e estão sendo direcionados para a captação de clientes de alta renda e para a venda de produtos, repetindo a estratégia das instituições privadas.

Eliminação de postos de trabalho – Por meio da reabertura do Programa de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE), o governo Temer pretende eliminar mais 5 mil postos de trabalho, somando-se aos 4,7 mil que já foram extinguidos na primeira fase do programa.

“Todas essas evidências comprovam que o governo Temer aos poucos está sumindo com a função social da Caixa. Lutamos pela revisão dessa política por meio da capitalização do banco a fim de aumentar suas operações de crédito e sua rentabilidade, e a contratação de mais empregados para atender melhor a população e ajudar o país a voltar a crescer”, finaliza Danilo Perez. 

Vila Clementino – O Sindicato cobrou a Superintendência Regional Paulista da Caixa sobre o fechamento da agência na Vila Clementino. Os representantes da SR responderam que é uma decisão da direção da empresa e que não têm qualquer influência sobre essa medida.

“Outra preocupação levantada é o destino dos empregados da unidade. Os representantes da SR disseram que serão realocados levando em consideração o endereço de residência de cada um. Também disseram que farão o possível para que não tenham prejuízo financeiro por meio da perda de função”, ressalta o dirigente sindical Valter San Martin Ribeiro.

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