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Call center reforça exploração do Santander aos bancários brasileiros

Linha fina
Falta de empregados no Vila Santander gera sobrecarga de trabalho e jornada exaustiva com até quatro horas sem pausa; por outro lado, banco eliminou mais de dois mil empregos e atingiu maior lucro da história no primeiro semestre de 2017
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Arte: Freepik

São Paulo – Devido à sobrecarga de trabalho causada pela falta de funcionários, os bancários do call center lotados no Vila Santander estão enfrentando jornadas abusivas. Eles denunciam que as duas pausas a que têm direito são impostas logo no começo da jornada e uma muito próxima da outra, o que os obriga a ficar mais de quatro horas trabalhando ininterruptamente.

“Entro às 11h, e a partir das 13h15 não terei mais pausas, sendo que somos cobrados quando usamos pausa toalete, mas como ficar quase 4 horas em operação? Já reclamei com supervisor e coordenador, mas alegam que não têm o que fazer. Muita gente está insatisfeita com essas pausas, mas ninguém tem coragem de questionar, e quando alguém tenta, não existe diálogo”, denuncia um funcionário.

Cobrado pelo Sindicato, o banco alega que precisa de mais atendentes disponíveis no decorrer da tarde, quando o volume de ligações é maior, e por isso as pausas são impostas no início da jornada. 

“É muito simples resolver esse dilema. Basta contratar mais funcionários. Mas ao invés de aumentar o número de postos de trabalho, o Santander prefere assumir uma postura desrespeitosa com os trabalhadores brasileiros, eliminando vagas de emprego e impondo jornadas exaustivas que sobrecarregam os bancários remanescentes”, protesta o dirigente sindical e bancário do Santander André Bezerra. 

O trabalhador que fez a denúncia confirma que muitos colegas foram demitidos, o que tem colaborado para a sobrecarga de trabalho. “Minha média de ligações diárias subiu de 25 para 34. Ficam nos pedindo para fazer hora extra, fazer o trabalho do 2° nível do SAC [que teve vários trabalhadores desligados], porém sem qualquer tipo de treinamento, e os supervisores passam de mesa em mesa, de certa forma ficamos acuados, e acabamos aceitando com receio de demissões. Boa parte faz por medo”. 

Nos primeiros seis meses de 2017, o Santander viu seu lucro aumentar 33% em relação ao mesmo período de 2016, atingindo R$ 4,6 bilhões. Este resultado representa 26% do lucro global do banco espanhol. Mesmo assim, o banco eliminou 2.281 postos de trabalho no Brasil.  

“A situação instalada no Vila Santander reforça a falta de respeito do banco espanhol com os funcionários brasileiros, que têm de se matar de trabalhar para atender bem o cliente e gerar o maior lucro para um semestre da história da instituição”, critica André Bezerra. “O mínimo que o Santander deveria fazer como contrapartida social por ganhar tanto dinheiro em terras brasileiras seria aumentar o número de empregos e dar um tratamento mais digno aos seus trabalhadores, mas a realidade confirma que a empresa prefere continuar com uma visão colonialista de exploração aos funcionários sul americanos.”

Na quinta-feira 24 será realizada reunião entre representantes dos trabalhadores e integrantes do Santander para tratar sobre a renovação do acordo aditivo dos call center Vila Santander São Paulo e Rio de Janeiro. “Esperamos corrigir de vez esses problemas de sobrecarga de trabalho e das pausas de descanso desses trabalhadores”, afirma André Bezerra.

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