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Chapéu
Organizar para resistir

Financiários realizam 4ª Conferência Nacional em busca de representatividade da categoria

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Se organizar como categoria para resistir à retirada de direitos. Essa foi a definição da 4ª Conferência Nacional dos Financiários, realizada na tarde desta quarta-feira 11, em formato virtual. A programação contou com debates sobre remuneração, emprego e condições de trabalho. “Apesar de não ter negociação este ano, precisamos iniciar a preparação desde já para a negociação do próximo ano, que promete ser muito difícil, afirmou Jair Alves, coordenador da Comissão de Negociação com as financeiras.

“A realização de mais uma edição da Conferência Nacional dos Financiários foi uma etapa importante no sentido de fortalecer e valorizar a organização sindical, que luta para ampliar a representação dos trabalhadores do ramo financeiro, já que muitos empregados que prestam serviços às financeiras não são devidamente enquadrados como financiários, devido a intermediação feita por outras empresas do grupo ou por empresas terceirizadas. Esta realidade impede muitos empregados de usufruírem dos direitos e conquistas garantidos pela Convenção Coletiva de Trabalho dos financiários, fruto justamente da organização da categoria junto ao movimento sindical.”

Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região.

Para Gustavo Tabatinga Jr, secretário-geral Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (contraf-CUT) a atividade das financeiras foi uma das mais impactadas pela pandemia.

“Com a redução da atividade econômica em 2020, a gente viu um ataque aos trabalhadores deste setor, com a redução de postos de trabalho. É um desafio diferente, enquanto outras categorias foram incluídas como serviço essencial, as financeiras não foram incluídas neste aspecto, o que permitiu que as empresas reduzissem o número de vagas. Nosso desafio maior é organizar esses trabalhadores. Pois ainda temos um patamar muito embrionário de representação nesta categoria. Algumas financeiras onde tínhamos um trabalho muito bem desenvolvido viraram bancos e agora temos uma busca dos patrões em mexer nos direitos que historicamente conquistamos”, afirmou o secretário-geral da Contraf-CUT.

Saúde do trabalhador foi o tema da primeira mesa do evento. “Saúde sempre foi muito importante para o movimento sindical. Com a pandemia, ganhou ainda mais importância”, afirmou o palestrante Mauro Salles, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT. O secretário revelou preocupação com os trabalhadores que ficaram com sequelas da Covid. “Sabemos que a maioria dos trabalhadores que tiveram Covid-19 tem sequela. Isso nos preocupa muito, tem que ser monitorado e os empregadores têm responsabilidade. Imagine você trabalhar com excesso de sono, cansado, falta de memória, dificuldades de cognição. Isso vai atrapalhar seu desempenho, vai impedir de bater as metas”, afirmou. “Nós temos que negociar com as financeiras os direitos de tratamentos, cuidados especiais para esse tipo de trabalhador”, completou Mauro Salles.

Na sequência, a economista da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Cátia Uehara, fez uma apresentação dos Dados de Emprego e Remuneração do Setor. O Banco Central brasileiro tem 59 financeiras registradas. Juntas, elas tiveram mais de 2 bilhões de lucro em 2020. Apesar do valor chamar atenção, representa queda de 44,5% na comparação com 2019. Rosângela Vieira, também economista da subseção do Dieese do Sindicato dos Bancários de São Paulo, completou a apresentação com dados com número de estabelecimentos no Brasil.

Antes de apresentação das propostas regionais, Cynthia Valente, assessora jurídica do Sindicato dos Bancários de São Paulo, fez uma retrospectiva sobre as negociações com a Federação Interestadual das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Fenacreci).

Ao final, os delegados aprovaram a pauta específica de reivindicações dos financiários, que será encaminhada à Fenacrefi.

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