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Chapéu
Por fora boa viola…

Itaú: funcionários afirmam que realidade no banco é muito diferente da publicidade

Imagem Destaque
imagem dividida ao meio representando uma situação positiva e leve retratada nas publicidades do Itaú, e na outra metade, a realidade massacrante que resulta em assédio moral, sobrecarga de trabalho, adoecimentos e demissões

Desde que o Itaú lançou o projeto “Itaú 2030” e o novo programa de remuneração Gera, a vida dos trabalhados tornou-se um inferno. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região não para de receber denúncias e reclamações.

Além do programa Gera não possuir regras claras, como falta de transparência nos critérios para remuneração, um dos maiores problemas é o acúmulo de funções e sobrecarga de trabalho dos Agentes de Negócios Caixa.

“As metas estão surreais. Tá puxado demais. Eles estão nos fazendo de escravos. Está cada dia mais difícil sobreviver nesse lugar”, denuncia uma trabalhadora.

“Estou vivendo sufocada. Tenho uma filha de dois anos. Não durmo, não consigo comer. Meu corpo dói inteiro. E não posso me afastar, isso pioraria minha situação”, desabafa outra colega.

“Acúmulo de funções… Um abuso, e recebendo menos”, afirma outro.

Em diversas ocasiões o Sindicato cobrou do banco a suspensão das metas durante a pandemia por estarem prejudicando os trabalhadores.

“Já sou atendente, vendedor, telemarketing e agora caixa”, desabafa um funcionário.

“Depois das mudanças, colocaram a gente para aprender (já tive diferença de caixa), temos apenas um caixa na agência e eu [como] agente de negócios, [sendo] que estou aprendendo agora. Tem uma pessoa pra ensinar e atender, além das metas de vendas. Se eu ficar 100% aprendendo no caixa, impacta no Trilhas e, automaticamente, impacta na remuneração. Temos que trocar o pneu com o carro andando”, relata outro Agente de Negócios.

“O Itaú não está dando treinamento suficiente para que os Agentes de Negócios Caixa desenvolvam a função com qualidade. Já cobramos do banco esclarecimentos, tanto com relação ao treinamento bem como a remuneração dos Agentes de Negócios”, afirma o dirigente sindical e bancário do Itaú Sérgio Francisco.

Para piorar, Itaú promove demissões

As demissões também não param, tanto nas agências, como nos departamentos.
A reforma da Previdência aprovada em 2019 aumentou o tempo de contribuição para poder se aposentar. Os bancários que antes poderiam estar na estabilidade pré-aposentadoria, com as novas regras, precisam trabalhar por mais anos. Mas muitos estão sendo demitidos ou “colocados à disposição”.

“É muito triste isso, após 32 anos de banco, próximo à aposentadoria, ser colocado à disposição, além de demitir por baixa performance, agora estão descartando os mais velhos”, relata um trabalhador.

O Sindicato reforça a necessidade de o banco desenvolver um centro de realocação para que os trabalhadores tenham a oportunidade de continuar no banco.

“É desumano trabalhadores que se dedicaram a vida toda para o banco, contribuindo com a lucratividade, sendo descartados como um sapato velho”, protesta Sergio Francisco.

Trabalhadores que adoeceram escanteados

Outro problema grave no banco envolve trabalhadores com algum tipo problema de saúde. O Sindicato recebeu vários relatos apontando descaso do banco com esses empregados, que, em muitos casos, ficaram doentes por causa da rotina massacrante no banco: o trabalhador se afasta para se tratar e, no retorno ao trabalho, é isolado, fica sem função, sem participação em reuniões, até que são desligados por baixa performance, como é prática do banco na maioria dos desligamentos.

“As publicidades do Itaú passam a imagem de que o banco é uma empresa ‘legal’ para se trabalhar, onde se pode ser 'quem você é', mas os depoimentos que recebemos diariamente comprovam que a realidade é muito diferente da do comercial. Os trabalhadores estão sendo massacrados e ficando doentes por causa das metas abusivas, e sendo descartados como nada, depois de anos de dedicação à instituição. Tudo em nome de uma lucratividade obscena que atingiu R$ 18,9 bilhões em 2020, em meio a um cenário de crise sanitária e social. Cobramos do banco responsabilidade social e respeito com a saúde e a vida dos trabalhadores.”

Sérgio Francisco, dirigente sindical e bancário do Itaú
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