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Defesa da democracia marca abertura da 25ª Conferência Nacional dos Bancários

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Imagem mostra Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, durante a abertura da 25ª Conferência Nacional dos Bancários

“Brasil Democrático Sempre”. Com este lema e colocando como ponto central a defesa da democracia, 514 delegados que representam os bancários de todo o país deram início à 25ª Conferencia Nacional dos Bancários, nesta sexta-feira 4.

Apesar de este ano não haver campanha nacional – os bancários aprovaram em 2022 Convenção Coletiva de Trabalho com validade até 31 de agosto de 2024, com garantia de aumento real de 0,5% este ano –, os representantes dos trabalhadores bancários vão se reunir até domingo 6 para debater temas relevantes e de interesse da categoria bancária e da sociedade. Importante lembrar que existem mesas que se reúnem periodicamente com os patrões para debater pautas como saúde, emprego e igualdade de oportunidades.

“Nós temos muitos desafios, como discutir a jornada de quatro dias, para que a gente cobre do sistema financeiro que uma parte dos ganhos de produtividade sejam devolvidos para a sociedade como um dia a mais de descanso; temos um relatório do fórum econômico mundial que diz que em pouco tempo teremos 14 milhões de desempregado por conta da digitalização do trabalho ”, afirmou Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo e que assume a coordenação do Comando Nacional dos Bancários, que representa a categoria bancária nas negociações com a Fenaban (federação dos bancos).

“Nós somos uma das categorias mais fortes e organizadas e conseguimos colocar em mesa de negociação a possibilidade de representar os trabalhadores. O nosso objetivo é representar todos os trabalhadores do ramo financeiro, é discutir a digitalização do trabalho, a revolução 4.0, que cada vez mais coloca em risco a nossa segurança, a ética do trabalho, é discutir a inteligência artificial […] nós estamos com possiblidade de discutir uma reforma tributária em que os mais ricos paguem mais impostos que virem políticas públicas, porque não é justo que o sistema financeiro enriqueça uma parte pequena de rentistas, e do outro lado promova a pobreza da população e o adoecimento da categoria bancária. Todos esses temas estão dentro da defesa da democracia. Saímos de um momento de enfretamento e agora estamos em um momento de fazer propostas e de organizar a sociedade”, acrescentou a dirigente.

“A nossa conferência não é só dos bancários. Não é debater a vida do bancário e da bancária, porque nós não mudamos a vida das pessoas pensando apenas na nossa vida e apenas fazendo a negociação coletiva. Nós mudamos a vida das pessoas quando construímos um país melhor para todos e todas e combatendo a violência política, doméstica, financeira, psicológica, contra as mulheres, de raça, e contra a população LGBT+” disse Juvandia Moreira, presidenda da Contraf-CUT e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

“Democracia sempre é quando todos nós nos conscientizamos, nos organizamos e lutamos para conquistar essa democracia. Quando nos apropriamos dessa luta e entendemos que nós somos os 99%. Esse país é nosso. Esse país é de todos e de todas. Esse país não é de 1% da população, não é do mercado financeiro, não é daquele Congresso Nacional que representa uma minoria. Esse país é do povo brasileiro, da classe trabalhadora, das mulheres batalhadoras, que são mais da metade da população brasileira, mas estão nos espaços de menos poder e com salários menores. Isso não é uma democracia. Lutar pela democracia é lutar para combater tudo isso. Isso é viver em uma democracia. Teremos dois dias de grandes debates, vamos debater os temas estratégicos e contamos com todos e todas para construir de verdade um Brasil feliz e para todos e todas. Um Brasil democrático sempre”, acrescentou a dirigente.

“O Comando Nacional é uma escola, pois você aprende as diferença regionais. É um aprendizado riquíssimo. Estou muito feliz pelo Comando continuar sendo comandado por duas mulheres, eu espero daqui alguns anos não precisar estar ressaltando isso, mas ainda preciso”, disse Ivone Silva, que deixa a coordenação do Comando Nacional dos Bancários e a presidência do Sindicato dos Bancários de São Paulo para presidir o Instituto Lula.

“Quando a gente pensa em democracia, a categoria bancária pratica demais, porque o Comando Nacional é composto por correntes de diversas centrais sindicais, que escutam a categoria para formular a pauta de reivindicações da categoria bancária. Democracia é muito importante porque está inserida nas politicas de Estado. Hoje estamos em um estado [São Paulo] que não preza a democracia, em que o governo cometeu um massacre no Guarujá, e acha natural”, ressaltou a dirigente.

Sérgio Takemoto, presidente da Fenae, lembrou das dificuldades e da resistência desde o golpe de 2016. “Só estamos aqui porque nós resistimos durante os governo Temer e Bolsonaro que de todas as formas tentaram atacar nossos direitos. Lutamos contra a homofobia, a misoginia, porque persistimos na nossa ideia de democracia, de liberdade e de justiça social. E isso só foi possível porque nós mantivemos a unidade. É fundamental que a gente continue mantendo a unidade no aprofundamento da democracia para aprofundar a luta pela liberdade, pela justiça social e pela defesa dos bancos públicos, porque não há democracia sem empresas públicas fortes e bancos públicos”, disse Sergio Takemoto, presidente da Fenae.

Douglas Izzo, presidente da CUT São Paulo, ressaltou a organização da categoria bancária e alertou para a importância de enfrentar a extrema-direita no estado de São Paulo.

“É uma categoria que tem uma negociação nacional e é referência para o movimento sindical no Brasil. Se derrotamos os fascistas a nível nacional reelegendo o presidente Lula, aqui em São Paulo ainda continuam as forças conservadoras e reacionárias. Um governo que aponta para a privatização das empresas públicas, como a Sabesp, a CPTM, o Metrô, que aponta para privatização na educação. É muito grave o que está sendo gestado no estado e na cidade de São Paulo, uma cidade que está à venda, uma política que foi derrotada a nível nacional, mas em São Paulo continua sendo implementada. É fundamental fazer o enfrentamento contra o bolsonarismo e as forças reacionárias representadas pelo Tarcísio”, afirmou.

A 25ª Conferência Nacional dos Bancários continua no sábado 5, quando serão debatidos conjuntura internacional; regulamentação das plataformas digitais e inteligência artificial; reforma tributária; transformações do mercado de trabalho e organização do ramo financeiro. No domingo 6 será apresentado o resultado da consulta nacional dos bancários 2023, e ocorrerá aprovação das resoluções

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