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40º Conecef chega ao fim definindo plano de lutas e demandas dos bancários da Caixa

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40º Conecef chega ao fim definindo plano de lutas e demandas dos bancários da Caixa

O 40° Congresso Nacional das Empregadas e dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef) foi concluído nesta sexta-feira, dia 22, com a aprovação das reivindicações da categoria e do plano de lutas até o ano que vem. Neste ano, o local escolhido para o encontro foi o Novotel Center Norte, na capital paulista. As discussões tiveram início ainda na quinta-feira, com a abertura do congresso. Após aprofundados debates sobre os atuais desafios dos bancários da Caixa, os 273 delegados participantes definiram as principais bandeiras de luta:

  • Reajuste zero no Saúde Caixa
  • Defesa da Caixa 100% pública com reincorporação das áreas vendidas
  • Mais contratações
  • Fim de todas as formas de assédio
  • Combate ao adoecimento em função do trabalho

"Debatemos importantes questões envolvendo o Saúde Caixa, a Funcef, condições de trabalho, assédio, as novas tecnologias e o bancário do futuro. Foi um Conecef muito proveitoso, com debates acalorados. Então a gente sai muito contente daqui", relatou Felipe Pacheco, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa.

Caixa em debate

Com o mote "Futuro justo, sustentável, inclusivo e democrático. Caixa 100% Pública!", o 40º Conecef teve início na quinta-feira, quando os participantes realizaram debates em grupos sobre o Saúde Caixa, Funcef, Saúde e Condições de Trabalho e sobre a Defesa da Caixa e de seus empregados. Esses tópicos foram retomados nesta sexta-feira, com o início das mesas temáticas.

Luiza Hansen, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e bancária da Caixa, participou do grupo de debate sobre o Saúde Caixa. De acordo com Luiza, o grupo aglutinou propostas de sindicatos e federações de todo o país, buscando unificar as prioridades.

"Tiramos como elemento central a defesa e a melhora do Saúde Caixa, com o reajuste zero no plano, a derrubada do teto de gastos para custeio da saúde dos empregados, melhora da rede credenciada e da gestão de qualidade. Foi um debate muito rico no qual o país inteiro conseguiu debater as questões do nosso plano de saúde e, a partir disso, saímos mais fortes e mobilizados para a negociação do acordo que assinaremos neste ano", analisa Luiza.

André Sardão, também dirigente do Sindicato dos Bancários SP e bancário da Caixa, contribuiu com o grupo em defesa da Caixa 100% pública. "O grupo teve muita unidade nas discussões, nos debates e nas propostas que formulamos. O sentimento é o mesmo, de reforçar a importância da Caixa integralmente pública. Saímos com um mote também de defesa das unidades do banco, contra o fechamento de agências e contra a redução do papel social da Caixa", afirmou.

Saúde

Leonardo Quadros, presidente da APCEF SP e diretor da Fenae, discursa durante mesa do Conecef

A primeira mesa temática desta sexta-feira debateu o Saúde Caixa e as condições de trabalho. O debate foi conduzido por André Guerra, doutor e mestre em Psicologia Social e Institucional; Leonardo Quadros, presidente da APCEF São Paulo e diretor de Saúde e Previdência da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal); e Hyolitta Adrielle Costa de Araújo, doutora em Economia e técnica na Rede Bancários do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

André Guerra apresentou dados da Investigação de Riscos Psicossociais na Caixa, uma pesquisa nacional promovida pela Fenae junto aos bancários da Caixa e lançada neste ano. O estudo mostra que 55% dos empregados se sentem pressionados a vender produtos que consideram desnecessário para os clientes, 41% afirmam que a ameaça de descomissionamento é permanente e 28% afirma não enxergar propósito em seu trabalho.

"Estabelecemos essa dinâmica e fluxo de adoecimento na Caixa: primeiro eu precarizo o trabalho através da ameaça de descomissionamento. Esse trabalho precarizado faz com que o meu trabalho seja hostil à sociedade ao invés de ser benéfico e com uma função social. E eu, ao não me reconhecer fazendo o que eu faço, deixo de ver sentido na minha atividade e adoeço", analisou Guerra ao apresentar sua hipótese sobre o cenário adoecedor observado na Caixa.

A doutora em Economia e técnica do Dieese, Hyolitta Adrielle Costa de Araújo trouxe estatísticas relacionadas aos afastamentos na Caixa. Em sua apresentação, a especialista chamou a atenção para o crescimento do percentual de afastamentos motivados por questões mentais e comportamentais. Em 2012, esse grupo representava 39,4% dos afastamentos. Já em 2024, essa participação foi de 72,3%.

"Os transtornos mentais e comportamentais passaram a ocupar lugar de destaque entre as principais causas de afastamento, superando outras doenças tradicionalmente associadas ao trabalho, como doenças osteomusculares e fraturas. Os novos modelos de organização do trabalho, marcados por um aumento no individualismo, intensificação das atividades e cobrança de metas excessivas estão diretamente relacionados ao crescimento do adoecimento psíquico entre os trabalhadores", afirmou Hyolitta ao concluir a exposição dos dados.

Concluindo as apresentações da mesa, Leandro Quadros, presidente da APCEF SP, trouxe seu relato e análise das negociações envolvendo o Saúde Caixa: "A Caixa trouxe a previsão de aumentar a mensalidade do titular dos atuais 3,5% para 5,5%, aumentar o valor do dependentes dos atuais R$ 480,00 para R$ 682,00 e aumentar o teto de mensalidade do grupo familiar dos atuais 7% para 12% da remuneração. E como se não fosse suficiente, ela prevê cobrar 17 mensalidades no ano que vem para fazer frente ao déficit deste ano, que deve variar entre R$ 500 milhões e R$ 700 milhões."

"A linha que os nossos representantes têm adotado em mesa é defender o reajuste zero. A gente já contribuiu muito para o equilíbrio financeiro do plano. Chegou a hora da Caixa dar a sua contribuição", enfatizou Quadros ao reforçar que as entidades representativas seguirão mobilizadas na defesa do Saúde Caixa.

IA e o futuro da Caixa

Fabiana Uehara, representante dos empregados no CA da Caixa, aborda uso de IA e futuro do banco

A inteligência artificial, os bancos digitais e o futuro da Caixa estiveram em pauta na segunda mesa do dia. Dois convidados estiveram à frente da mesa: Fabiana Uehara, representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa e Sávio Machado Cavalcante, professor livre-docente do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Os impactos sociais da inteligência artificial, para além das questões tecnológicas, foram o foco da apresentação do professor Sávio Machado Cavalcante: "É importante construirmos redes maiores com categorias profissionais, sindicatos e movimentos sociais que estão discutindo esse tema. Não é possível imaginar a introdução dessa tecnologia sem discutirmos quais são os direitos das pessoas que devem ser garantidos, quais são os objetivos que devem ser perseguidos e como é possível regulamentar essas tecnologias. Não se trata só do futuro de uma categoria, trata-se do futuro da sociedade."

Fabiana Uehara, representante dos empregados no CA da Caixa, enfatizou que a implementação da inteligência artificial no banco deve equilibrar eficiência digital com preocupação social: "A IA deve ser usada com responsabilidade, alinhada aos valores da Caixa: empoderamento, centralidade no cliente, coragem para inovar e cuidado com as pessoas e o planeta. Precisa equilibrar agilidade tecnológica com seu papel público. A IA deve servir à cidadania, inclusão e desenvolvimento humano, com foco em ética e acessibilidade."

Funcef

Última mesa do congresso foi dedicada ao debate sobre a Funcef

Na reta final do Congresso, os delegados debateram a situação do Funcef, o fundo de pensão dos empregados da Caixa. A condução da mesa ficou por conta de Jair Pedro Ferreira, diretor de Benefícios da Funcef. Em sua apresentação, Jair mostrou que a Funcef vem apresentando resultados positivos. Entre 2018 e 2024, a rentabilidade acumulada do Novo Plano CD foi de 87,07%, maior do que o CDI (70,42%) e do que o Ibovespa (57,44%). Jair também ressaltou a importância da educação previdenciária para que as novas gerações reconheçam o valor da Funcef e mantenham o plano sempre equilibrado.

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