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Presidenta fala à imprensa sobre a greve

Linha fina
Paralisação começa nesta terça 18 diante da falta de proposta da federação dos bancos; população foi avisada em rádio, jornal e internet
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São Paulo – A greve da categoria bancária começa nesta terça-feira 18, mas a população já está avisada há dias sobre a mobilização e os motivos da luta. Os bancos, setor que mais lucra no Brasil, não atendeu à reivindicação dos trabalhadores e ofereceu reajuste de 0,58% de aumento real, proposta negada em assembleia pelos bancários no dia 12.

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, recebeu jornalistas em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira 17 e deixou claro que o objetivo do Sindicato desde o início da campanha – que começou com uma consulta à categoria sobre o que era prioridade para a luta, e foi formalizada com a entrega da pauta de reivindicações à federação dos bancos (Fenaban) no dia 1º de agosto – era resolver a campanha na mesa de negociação, o que não foi possível. “O nosso desejo era não ter necessidade de fazer a greve, mas foi para isso que os bancos nos levaram”, disse a presidenta.

O movimento para a greve está organizado e cumpre todos os requisitos necessários para que não seja contestado na Justiça. O direito está previsto na Constituição Federal, com a Lei nº 7.783/89 (Lei de Greve). Na quinta-feira 13, um dia após a assembleia, um aviso à população foi publicado no jornal Metro, Nos dias 13, 14 e 17, um comunicado também foi transmitido nas rádios Tupi FM e Brasil Atual FM. O aviso também foi publicado nas edições da Folha Bancária nos dias 13, 14 e 17 e no site do Sindicato desde a noite do dia 12, além do Jornal do Cliente que está sendo distribuído em áreas de grande concentração de agências bancárias.

> Aviso da greve nos meios de comunicação
> Áudio: ouça o comunicado à população sobre a greve

Chega de truque – O mote da campanha deste ano é “Chega de truque, banqueiro!”. Entre esses “truques” está o crescimento de 30% da provisão para devedores duvidosos, lembrado pela presidenta durante a coletiva, e que diminuirá a parte dos bancários na participação nos lucros e resultados (PLR) dos bancos.

Juvandia ressaltou ainda que enquanto os lucros dos bancos subiram de R$ 4,2 bilhões em 2001 para R$ 52,2 bi em 2011 – crescimento de 520,6% – o número de trabalhadores aumentou apenas 28,90%, de 393.140 postos de trabalho para 506.696. A dirigente ressaltou que em 1996 cada bancário era responsável por 83 contas bancárias e, em 2010, o número subiu para 292 contas por trabalhador, o que demonstra a sobrecarga de trabalho que leva ao adoecimento e prejudica também o atendimento aos clientes.

“Só com o montante que arrecadam com tarifas pagas por clientes, as instituições financeiras pagam a folha de pessoal e ainda sobra dinheiro. Poderiam contratar mais trabalhadores e atender melhor a população”, alerta a dirigente. O Banco do Brasil arrecadou R$ 10,3 bi com tarifas no primeiro semestre, valor que cobre 130,25% da despesa com pessoal. A Caixa alcançou R$ 6,8 bi, cobrindo 110,14% da sua folha. O Itaú arrecadou R$ 10 bi, cobrindo em 147,61% o pagamento dos empregados. O Bradesco, com R$ 8,2 bi cobre 137,87% dos salários dos funcionários. Com os R$ 4,8 bi, o Santander cobre em 159,88% sua folha.

> Veja números sobre os bancos

Greve porque eles querem – Juvandia deixou claro aos jornalistas que os possíveis transtornos para a população durante a greve são de responsabilidade dos bancos, que não apresentaram nenhuma proposta maior que os 0,58% de aumento real. “Foram nove rodadas de negociações, as três últimas sobre remuneração, eles tiveram tempo”, disse.

“A compensação é eletrônica, os caixas eletrônicos vão funcionar. Não existe um número mínimo de funcionários obrigatório dentro das agências. Esperamos que a greve seja forte para resolver o mais breve possível a campanha. Não queremos atrapalhar o cliente, que vai conseguir fazer [algumas] operações no caixa eletrônico”, concluiu Juvandia.


Gisele Coutinho - 17/9/2012

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