São Paulo – O despertador tocou na casa da bancária Cristina às 5h da manhã desta quinta-feira 19. E foi debaixo de uma forte chuva que ela pegou o metrô em direção à Avenida Paulista. Poderia ser um dia normal no cotidiano de qualquer trabalhador, não fosse o fato de ela estar em férias do banco privado em que trabalha (o nome é fictício e a instituição financeira não será informada para preservar a identidade da bancária).
"Acho justa a minha presença aqui, já que eu quero valorização, qualidade de vida e aumento de salário”, disse, em frente a uma agência do Bradesco da Paulista que estava fechada por conta da paralisação.
Há dois anos e meio no call center, a bancária de 34 anos resume o ambiente de trabalho em poucas palavras: “muito difícil, desgastante, constrangedor”. E, segundo ela, não adianta reclamar porque a resposta é que se não está bom que procure outro lugar. “Eles vendem a ideia de que o banco é a melhor coisa que a gente tem. Mas o que eu ganho dos banqueiros não está à altura do que eu dou. Damos muito mais do que recebemos, e eles nem dão as condições necessárias pra gente fazer nosso trabalho.”
Por tudo isso, ela diz: “prefiro estar do lado do Sindicato que do lado dos banqueiros”.
Engajamento - Também em férias, Patrícia (nome fictício) é outro exemplo de engajamento. “Resolvi ajudar na greve porque é importante. Estou aqui por condições de trabalho. Porque a gente sacrifica saúde, família e o banco não reconhece.”
Ela lembra que o setor oferece reajuste que só cobre a inflação, mas afirma que a campanha deste ano é mais por conta do assédio moral e da pressão exacerbada pelo cumprimento de metas cada vez mais difíceis de alcançar. “Mesmo que a agência tenha batido 100% da meta, no dia seguinte é outro produto. Um dia é a meta do consórcio, outro é do seguro. E se você não consegue vender, é exposto. Tem funcionário que sua frio antes dessas reuniões. Pelo menos duas pessoas da agência em que eu trabalho tiveram problemas de saúde por conta da pressão.”
Politizada, ela afirma: “Eu ajudaria na mobilização mesmo que fosse de outra categoria”. A trabalhadora passou toda a manhã chuvosa deste primeiro dia de greve empenhada na tarefa de convencer outros bancários a aderir ao movimento. Teve sucesso e disse que estará presente nos outros dias.
Andréa Ponte Souza - 19/9/2013
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Trabalhadoras trocaram a folga em um dia chuvoso pela tarefa de convencer colegas a aderir ao movimento
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