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Forçar contingência fere Lei de Greve

Linha fina
Bancos obrigam trabalhadores a mudar local de trabalho, ingressar de madrugada muitas vezes em prédios que não apresentam condições para permanência dos bancários
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São Paulo – Em vez de botar a cabeça para funcionar e formular uma proposta decente aos bancários, as direções dos bancos gastam tempo e dinheiro com o aluguel e altos esquemas para tentar desmobilizar a greve nacional da categoria por meio das contingências.

No dicionário Houaiss, contingência quer dizer “fato imprevisível ou fortuito que escapa ao controle; eventualidade”, algo como “estar preparado para qualquer contingência”. Assim, os bancos preparam locais para retirar os funcionários de onde há a presença de grevistas que exercem o legítimo direito de tentar convencer outros colegas a aderir à paralisação.

Muitos desses locais, sequer apresentam condições para receber os trabalhadores. São prédios, muitas vezes alugados temporariamente, sem infraestrutura ou capacidade para a realização do trabalho bancário.

A ideia do contingenciamento viola a lei de greve (7.783/89), principalmente o artigo 6º, parágrafo 2º que afirma ser “vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento”.

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Dezenas de denúncias chegam ao Sindicato, todos os dias, de trabalhadores revoltados com a pressão para que não participem da greve. Há relatos também de determinação para mudar o horário, muitas vezes forçando a entrada ainda de madrugada. Outros são obrigados a levar para casa equipamentos para prestar serviço à distância. Há ainda os que são forçados a se esconder e entrar pelas portas laterais ou dos fundos, como aconteceu na agência Borbagato do Bradesco, na zona sul, neste sexto dia de paralisação. Em outra agência do Bradesco na zona sul, um bancário foi obrigado a ser passar por funcionário da empresa de manutenção do ar condicionado.

> É vítima de pressão? Clique aqui (setor: "site")

“Tudo isso fere a Lei de Greve”, afirma do secretário Jurídico do Sindicato, Carlos Damarindo. “Os trabalhadores, quando paralisam suas atividades, estão fazendo uso da única ferramenta de pressão que têm contra o poder econômico dos patrões. Parar em frente aos locais de trabalho e tentar convencer mais colegas a aderir ao movimento, também faz parte da lei. Os bancos é que estão gastando tempo e dinheiro que deveriam investir nos trabalhadores e para resolver a campanha”, completa.

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Cláudia Motta - 24/9/2013

*Atualizada às 15h10 de 24/9/2013

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