São Paulo – A Campanha Nacional Unificada dos bancários está se aproximando do seu momento crucial. Na quinta-feira 12 a categoria rejeitou a proposta de reajuste salarial sem aumento real apresentada pela federação dos bancos (Fenaban) e votou pela greve por tempo indeterminado a partir de quinta-feira 19.
Mais uma vez, a mobilização fará a diferença. As conquistas que a categoria alcançou ao longo das últimas décadas só foram alcançadas após paralisações que contaram com a participação massiva dos bancários.
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Após intensa mobilização, em 1933 os bancários conseguem sua primeira grande conquista: a jornada de seis horas.
Um ano depois ocorre a primeira greve geral da categoria, resultando na conquista da estabilidade a partir dos dois anos de trabalho e criação do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários (IAPB), extinto em 1967, durante a ditadura militar.
Entre 24 de janeiro e 12 de fevereiro de 1946, bancários de todo o Brasil entraram em greve pleiteando um salário mínimo profissional. Embora sem sucesso nessa reivindicação, a classe obteve importantes vitórias, como abonos anuais e aumento geral.
13º salário – Em 1951, após paralisação de 69 dias (foto ao lado), é instituído o Dia do Bancário, em homenagem à data do início daquela greve (28 de agosto). Aquele ano viu também a contestação da lei de greve vigente à época e reajuste salarial de 31% da categoria.
A paralisação que entrou para a História como a greve da dignidade ocorreu em 1961, ano em que foi conquistado o adicional por tempo de serviço (ATS). Em campanha junto com outras categorias, os bancários e os demais trabalhadores brasileiros conquistaram o 13º salário.
Democracia – Após um hiato de mais de 20 anos devido ao golpe militar, a categoria volta a se organizar e se mobilizar. Em 1985, com a redemocratização, ocorre a primeira greve desde a década de 1960 (foto à direita).
Encerrada após dois dias, o movimento alcançou enorme visibilidade pública e contou com forte apoio da população. Em São Paulo, grandes passeatas tomaram as ruas da região financeira do centro da cidade. É criado o primeiro Comando Nacional e os economiários da Caixa conquistam o direito à jornada de seis horas diárias, passando à categoria bancária em 1986.
Auxílio-creche – Nos anos seguintes, a categoria organiza greves com grandes adesões – inclusive fora da data-base –, em defesa de suas reivindicações e das conquistas já alcançadas. Uma das vitórias daqueles anos foi o auxílio-creche, em 1986.
Vale-refeição – A Campanha Salarial – como era chamada a Campanha Nacional Unificada até 2003 – de 1990 foi às ruas com o bordão Essa Primavera Tem Que Ser Nossa!. A greve, que durou 13 dias, contou com atores, cortejos, bonecos, espetáculos, bandas de música e muita animação.
Dessa forma, conseguiram neutralizar a propaganda dos banqueiros, impulsionada pela mídia, que pretendia cunhar a campanha salarial daquele ano como Setembro Negro. A mobilização garantiu 105% de reajuste salarial (inflação fechou em 239% ao ano, segundo o INPC), além do vale-refeição, que foi incluído na Convenção Coletiva do Trabalho (CCT).
Vale-alimentação – A implantação do Plano Real, em 1994, embora tenha acabado com a inflação, diminuiu drasticamente o poder de compra do trabalhador.
Para envolver os bancários nas mobilizações daquele ano, o Sindicato inovou, colocando em prática paralisações surpresas (chamadas Kinder Ovo). Quase todos os dias a entrada em um local de trabalho era atrasada ou uma unidade fechada para a realização de uma assembleia.
A tática deu certo e os bancários, com exceção da Caixa e do Banco do Brasil, conseguiram reajuste de 16%, (inflação foi de 929% ao ano, segundo o INPC), pagamento adicional para os bancários demitidos sem justa causa e um novo direito que passaria a integrar a CCT: o vale-alimentação.
Aumento real – Em 2004, após greve de 30 dias, a categoria conquista aumento real acima da inflação, o que veio se repetindo desde então, assim como as paralisações.
Assédio moral – Em 2006 foi conquistado valor adicional de PLR. Pela primeira vez Caixa e BB assinam a convenção coletiva de trabalho junto aos demais bancos.
Depois de anos lutando para que o setor reconheça o problema do assédio moral, os trabalhadores conseguem a implantação de um grupo de trabalho para discutir o tema. Em 2010, é criado um canal de combate à prática.
Licença-maternidade – Em 2009, nova mobilização da categoria, com greve e novas conquistas alcançadas. A licença-maternidade foi ampliada para 180 dias. O modelo de cálculo da PLR adicional foi aperfeiçoado, acarretando em mais ganhos para os bancários, que também passam a ter o direito de incluir parceiro homoafetivo como dependente no plano de saúde.
Direitos para os afastados – Nos últimos anos, o número de bancários adoecidos por causa da intensa pressão pelo cumprimento de metas começou a aumentar. Em 2012, a categoria consegue uma vitória para os bancários em licença médica que ficam sem o salário e sem o benefício do INSS enquanto aguardam a perícia do órgão ou devido à alta programada. Esses trabalhadores passam a ter sua remuneração mantida pelo banco.
Agora, mais uma greve se aproxima, e como a história mostra, a adesão dos bancários é fundamental para a conquista das reivindicações. Você vai ficar de fora dessa luta?
Redação - 18/9/2013