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Bancos só levam proposta dia 25, Comando protesta

Linha fina
Trabalhadores reforçam: setor lucra mesmo com crise e tem de pagar aumento real, valorização da PLR, piso e vales, além de resolver causas de adoecimento e respeitar empregos
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São Paulo – Como já era de se esperar, os bancos chegaram à rodada de negociação sobre remuneração da Campanha Nacional Unificada 2015 falando em crise. Recusaram-se a apresentar uma proposta na rodada realizada na quarta-feira 16, e marcaram nova reunião apenas para 25 de setembro.

Vídeo: Comando cobra proposta

Os representantes dos trabalhadores lembraram que há décadas o setor acumula lucros estupendos, seja qual for o cenário da economia. E não faltaram números para comprovar essa informação. O lucro acumulado no primeiro semestre deste ano pelas cinco maiores instituições financeiras bateu a casa dos R$ 36,3 bi, crescimento de 27,3% em relação aos primeiros seis meses de 2014 (veja quadro). Os bancários querem reajuste de 16% para os salários, além de valorização da PLR, piso e vales. Foi registrado que os bancos podem pagar aumento real para os salários, o que ajudaria a aquecer a economia e a não agravar a crise.

“Com razão, os bancários esperam ver esses resultados revertidos em ganhos também para eles”, afirmou a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando. “O custo de vida teve aumento, a inflação do período está em 9,88%. Enquanto isso, a receita de prestação de serviço dos bancos também cresceu, impactando muito positivamente as contas do setor e pagando com muita folga todos os salários.”

A federação dos bancos (Fenaban) falou em preocupação com a economia e a inadimplência. “Mas a inadimplência total do sistema financeiro nacional está em 3%, estável no último ano”, argumentou Juvandia, lembrando que inclusive o aumento real conquistado pela categoria nos últimos 11 anos não foi incorporado nas contas dos bancos. “Com os cortes e a rotatividade, os gastos do setor com salários são menores que o aumento real médio que conquistamos. Ou seja, os bancos estão devendo muito para os trabalhadores.”

PLR – Os bancários querem alterar a fórmula da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), para torná-la mais clara e aumentar os ganhos dos trabalhadores, com o pagamento de três salários mais R$ 7.246,82 de parcela fixa adicional.

“Mesmo com os aumentos reais que conquistamos, ano a ano diminui a proporção do lucro que é paga aos bancários. Destacamos que, do jeito que está, um grande banco pode gastar somente 1% ou 2% do lucro com a PLR dos trabalhadores”, ressalta Juvandia.

A Fenaban, no entanto, afirmou ter intenção de manter a regra atual, prevendo que muitos bancos terão lucros menores. “Não é o que vem se desenhando até agora. O lucro do setor cresceu muito e a PLR dos bancários precisa aumentar proporcionalmente”, cobra a dirigente. “O montante distribuído tem de subir, queremos garantir isso.”

14º salário – Para a reivindicação do 14º salário, a Fenaban afirma que não acha bom criar mais uma remuneração fixa, consideram que a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) tem muitas amarras e que é necessário o mínimo de liberdade para as instituições. O Comando insistiu, ressaltando que essa seria uma importante conquista para os trabalhadores e o setor, com os altos ganhos que tem, pode pagar.

Piso – Os bancários defenderam o piso da categoria com base no sala´rio mínimo do Dieese (R$ 3.299,66), como o necessário para a sobrevivência de uma família. Para os bancos, o valor atual de R$ 1.796,45 está em um patamar adequado, e os bancários, ao fazer carreira, ganham mais.
O Comando lembrou que o piso é a base dos salários e que, mesmo somado com valores como VA e VR, ele ainda fica 15% menor que o calculado pelo Dieese. “Hoje, o piso da categoria não provê as necessidade dos bancários. Além disso, quando se aposenta, ele não leva os vales refeição e alimentação. Ou seja, são valores que não podem ser considerados nessa conta”, afirma Juvandia.

Outra reivindicação apresentada foi o piso para os empregados de tecnologia da informação (TI), uma nova e crescente função dentro dos bancos. O valor seria o mesmo do primeiro gerente: R$ 7.424,24. Para portaria, o valor reivindicado é de R$ 3.299,66; para caixas, R$4.454,54 e para o primeiro comissionado, R$ 5.609,42.

Salário do substituto – Quando um empregado substitui outro, é legal que ganhe o salário correspondente à função que está exercendo. Mas a Fenaban não vê assim. Para ela, o fato de colocar alguém por um curto prazo em um cargo superior serve para testar uma promoção, tratam como estímulo e acham que bancário ficara “frustrado” com o pagamento a mais que depois será retirado. Na vida real, não é bem assim. Muitas vezes os bancários ficam cobrindo funções superiores às suas, sem qualquer promoção, em desvio de função. Por isso o Comando quer regrar a substituição.

Parcelamento de férias – A Fenaban vai levar aos bancos a reivindicação de parcelamento do adiantamento de férias, praticado já em algumas instituições. O Comando lembrou que, na volta ao trabalho, muita gente não consegue arcar com as contas e acaba entrando no cheque especial. Parcelar o adiantamento pode ajudar muito os trabalhadores e é perfeitamente factível para os bancos.

Vales alimentação e refeição – O Comando lembrou que a inflação de alimentos é maior que a geral (este ano já chegou a 10,56%) para justificar a reivindicação de valorização para os vales e para a 13ª cesta-alimentação. A Fenaban disse que responderá depois. Quanto à 13ª cesta-refeição, acham “inviável” porque é difícil convencer os bancos de que as pessoas “comem duas vezes” em dezembro. “Em muitos anos passados, antes de 2004, os trabalhadores tiveram reajustes abaixo da inflação e isso ao longo do tempo compromete o valor dos vales. Essa valorização é importante”, reforça Juvandia.

Auxílio-creche/babá – O valor de R$ 788 para o auxílio-creche/babá foi rechaçado pela Fenaban sob o argumento de que são “subsídios”. O Comando cobrou que levem a reivindicação aos bancos e reforçou a importância da demanda, lembrando que as pessoas precisam ter onde deixar os filhos para poder trabalhar.

Auxílio-educação – Os bancários querem bolsa para todos os trabalhadores dos bancos. As grandes instituições, exceto o Bradesco, já pagam para uma parcela dos seus empregados. A Fenaban reafirmou que essa é uma política de cada banco e não há consenso sobre como tratar em Convenção Coletiva de Trabalho. O Comando continua cobrando.

15 minutos – Os 15 minutos de pausa para mulheres antecedendo a jornada extraordinária foi debatido, sem se chegar a um consenso. Como está previsto em lei, qualquer acordo feito deve se subordinar a ela. A discussão será retomada para tentar chegar a uma proposta.

É importante responder à enquete no site do Sindicato, para ajudar nessa construção. Clique aqui e participe!


Cláudia Motta - 16/9/2015
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