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CBN sonega informações para ouvintes

Linha fina
Analista econômico Carlos Alberto Sardenberg disse em comentário na emissora que a greve é política
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Viomundo
6/9/2016


São Paulo - O analista econômico da rádio CBN, Carlos Alberto Sardenberg, pau mandado dos irmãos Marinho, disse em comentário na emissora que a greve dos bancários, iniciada hoje, é “política”, início de uma greve geral contra o governo Temer.

Sim, ele tem direito à opinião, inclusive de dizer que satanás inspira os grevistas.

Toda greve é, obviamente, política. Mas não no sentido dado por Sardenberg, de que os bancários teriam parado apenas para prejudicar Temer.

O problema é que o âncora da emissora e dois repórteres da CBN que trataram do assunto hoje enfatizaram os prejuízos causados aos clientes pela greve, mas sonegaram informações importantíssimas: a taxa de lucro dos bancos, a imensa rotatitividade do setor, as demissões em massa e os salários dos executivos, dentre outras.

Por que sonegar? Porque eles falam em nome do patrão e o patrão defende os bancos. Com isso, se desmoralizam como jornalistas e à própria emissora.

Algumas das informações que a CBN varreu para debaixo do tapete, enviadas pela assessoria dos sindicatos dos bancários de São Paulo e Rio de Janeiro:

“A proposta da Fenaban retoma a política de reajuste rebaixado, que nos anos 90 trouxe perdas à categoria. A defesa do emprego é uma das prioridades da Campanha 2016. Tivemos, entre janeiro a julho, o fechamento de mais de 7 mil postos de trabalho, 35% a mais do que o mesmo período do ano passado. Além da rotatividade, o setor também segue contratando o trabalhador com salário em média 45% menor. Você acha justificável que o setor mais lucrativo do país demita milhares de trabalhadores para reduzir custos? E ainda prometem demitir mais este ano”, disse Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos bancários.

“Esperamos que a Fenaban volte para a mesa de negociação e apresente proposta que possa ser aceita pelos bancários”.

Durante esse período, os caixas de autoatendimento vão continuar funcionando para atender à população. O direito de greve está previsto na Constituição Federal e estabelece algumas exigências, como a publicação de aviso de greve em jornal de grande circulação.

O Comando Nacional dos Bancários também encaminhou às instituições financeiras o calendário até a deflagração da greve (por lei, a greve deve ser aprovada em assembleia dos trabalhadores e, após isso, comunicada ao empregador com antecedência de 72 horas): assembleia nos dias 01 e 05, com paralisação a partir do dia 06.

Essas determinações da lei foram rigorosamente seguidas pelo Sindicato. Para o empregador, a Lei de Greve proíbe a dispensa de trabalhadores ou a contratação de funcionários substitutos durante a greve.

Lucro – Não há crise para o setor bancário. O lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander), nos seis primeiros meses do ano, atingiu a marca de R$ 29,7 bilhões.

Dos 25 setores com empresas de capital aberto avaliados pela Consultoria Economatica o setor bancário foi o de maior lucratividade no primeiro trimestre deste ano.

As receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceram 8,7% atingindo o valor de R$ 55 bilhões. Apesar dos lucros bilionários o banco vem reduzindo a participação dos trabalhadores na riqueza gerada por eles mesmos.

Entre 1999 e 2006 a parcela do valor adicionado nos bancos destinado a seus trabalhadores era de 46% e entre 2007 e 2014 tal parcela caiu para 39%. Por outro lado o percentual destinado aos acionistas subiu de 29% para 36%

Altos executivos – Enquanto propõem perda real de 2,8% para a categoria bancária, os bancos praticam elevada política de remuneração para seus altos executivos.

Em 2014 e 2015 os bancários tiveram ganho real acumulado de 2,1%, e a proposta atual faz a remuneração da categoria regredir mais de dois anos.

A remuneração total anual média de um diretor executivo do Itaú, por exemplo, em 2016 será de R$ 12,5 milhões, no Santander R$ 7 milhões e no Bradesco R$ 5,3 milhões, de acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Um executivo do Itaú recebe anualmente 255 vezes o valor da remuneração anual de um escriturário, considerando salário, ticket refeição, alimentação e PLR.

No Santander a diferença é de 145 vezes e no Bradesco 110 vezes.

Dados da Categoria — Os bancários são uma das poucas categorias no país que possui Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com validade nacional. Os direitos conquistados têm legitimidade em todo o país.

São cerca de 512 mil bancários no Brasil, sendo 142 mil na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o maior do país.

Representa trabalhadores dos bancos públicos e privados que atuam nos seguintes municípios: São Paulo, Osasco, Carapicuíba, Barueri, Caucaia do Alto, Cotia, Embu, Embu Guaçu, Itapecerica da Serra, Itapevi, Jandira, Juquitiba, Pirapora do Bom Jesus, Santana do Parnaíba, São Lourenço da Serra, Taboão da Serra, Vargem Grande Paulista.

Nos últimos doze anos, a categoria conseguiu aumento real acumulado entre 2004 e 2015 de 20,85% e 42,1% no piso.

Um balanço feito pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região mostra que 680 locais de trabalho, sendo 16 centros administrativos e 664 agências fecharam nesta terça-feira 6, primeiro dia de greve dos bancários, na base do Sindicato (São Paulo, Osasco e Região). Estima-se que mais de 35 mil trabalhadores participaram das paralisações.

Durante todo o período de greve, o autoatendimento continua funcionando normalmente.

“O fim da greve depende dos bancos. Esperamos que eles façam, nesta sexta-feira, nova proposta condizente com seus lucros. Desde 2012 os bancos eliminaram mais de 23 mil postos de trabalho. Somente o HSBC, 6º maior banco do país, conta com 20 mil trabalhadores. É como se um banco desse porte houvesse sido eliminado por essa política de cortes que prejudica não só a categoria como toda a população que precisa dos serviços bancários”, disse Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

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