Felipe Rousselet, Redação Spbancarios
14/9/2016
São Paulo – “O abono é uma ilusão.” Dessa forma, uma bancária do Banco do Brasil, alocada em agência da região da Avenida Paulista, definiu a tentativa da Fenaban (federação dos bancos) de impor aos trabalhadores reajuste com perdas inflacionárias, e abono de R$ 3.300.
“Você vai receber esse dinheiro uma vez só e depois vai ficar reclamando que o reajuste foi baixo, que o salário não dá para nada”, explicou a trabalhadora, durante o nono dia de greve da categoria. Além dos funcionários do BB, estão parados bancários do Bradesco, Caixa Federal, Itaú, Santander e demais bancos.
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Negociação – Na rodada de negociações entre os representantes dos trabalhadores e dos bancos, ocorrida na terça 13, os negociadores da Fenaban insistiram na última proposta apresentada, já rejeitada na mesa pelo Comando Nacional dos Bancários, de 7% de reajuste mais R$ 3.300 de abono, acarretando perda salarial de 2,39% para a categoria (considerando inflação medida pelo INPC de 9,62% entre o início de setembro de 2015 e o final de agosto deste ano).
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Os banqueiros passaram horas argumentando que a inflação futura prevista para os próximos 12 meses é de 5%. Esse discurso, no entanto, foi mal recebido pelos trabalhadores.
“Não faz sentido falar em inflação futura, algo que na atual conjuntura econômica nem os bancos conseguem prever”, critica uma bancária do Bradesco do Prime da Paulista. “Já tivemos perdas com a inflação. A negociação tem de partir daí, da recuperação dessas perdas”, completou uma colega.
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Quebra de lógica – Outra preocupação dos bancários é que, se passar a proposta rebaixada, a lógica de sempre negociar a partir do aumento real, bem sucedida há 12 anos, seja definitivamente quebrada.
“A proposta é péssima. Pode até agradar quem precisa rápido do dinheiro [do abono]. Mas, depois, acaba não valendo a pena. Se aceitarmos um reajuste abaixo da inflação agora, nunca mais os bancos vão aceitar dar aumento real”, avalia outro bancário do Bradesco Prime.
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Linha fina
Categoria rejeita reajuste abaixo da inflação; para os trabalhadores, argumentação dos bancos sobre negociar reposição de perdas baseada em inflação futura não faz nenhum sentido; paralisação continua
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