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Luta dos bancários tem de ser internacional

Linha fina
Passeata para pressionar bancos a negociar reajuste decente recebe apoio de dirigentes latino-americanos da UNI Americas, braço continental de sindicato que representa 20 milhões de trabalhadores no mundo
Imagem Destaque
Rodolfo Wrolli, Spbancarios
20/9/2016


São Paulo – O capital desconhece fronteiras. Por essa razão, a luta dos trabalhadores do setor financeiro também deve transcender as nações. Com essa convicção, dirigentes bancários do Uruguai e da Argentina marcharam ao lado dos bancários brasileiros na passeata realizada na segunda-feira 19, nas ruas do centro de São Paulo.

> Bancário na rua, banqueiro a culpa é tua!

O protesto teve o objetivo de denunciar à população que a greve continua diante da intransigência dos banqueiros, que lucraram quase R$ 30 bilhões somente em 2016, e não aceitam negociar reajuste acima da inflação.

“Estamos aqui porque nos sentimos parte do movimento sindical de toda a América Latina, por meio da UNI Americas, e consideramos importante darmos respaldo à luta dos bancários brasileiros”, afirma Pedro Estéfano, presidente da Asociación de Empleados Bancarios del Uruguay (AEBU).

A UNI Americas é o braço continental da UNI Global Union, sindicato com atuação mundial do setor de serviços, que representa 20 milhões de trabalhadores de diversas categorias profissionais em 140 países.

“As fronteiras dividem os estados, mas o movimento sindical tem de superá-las, porque os problemas enfrentados pelos trabalhadores são os mesmos em todos os lugares: melhores condições de trabalho, aumento de salário. Temos de seguir construindo a integração entre todos os trabalhadores, porque estamos em maior número, e temos defender nossos direitos ante a burguesia”, acrescenta Estéfano.

O uruguaio recorda que, nos anos 1990, dirigentes bancários brasileiros participaram de protesto contra o Citibank em seu país. “Eu sempre digo que a solidariedade não se agradece, se retribui a cada momento, e este é o momento de retribuir.”

Aldo Acosta, secretário internacional do La Bancaria – sindicato que representa os trabalhadores de bancos da Argentina –, lembra que o banco brasileiro Itaú possui forte presença no país vizinho, onde, segundo ele, a ganância dos banqueiros é igual aqui, e os trabalhadores também têm de lutar pelas mesmas reivindicações.

“E essa luta também envolve a política no Brasil e na Argentina, cujos governos estão operando para o mesmo lado, para a direita, o que não é bom para os trabalhadores”, defende Acosta.

“O problema de um trabalhador é o problema de todos, por isso é extremamente importante a solidariedade dos companheiros da UNI Americas em um momento tão importante para nós, que estamos enfrentando uma greve tão dura”, diz Rita Berlofa, secretária executiva do Sindicato e presidenta da UNI Finanças – entidade representativa de mais de três milhões de trabalhadores de 237 sindicatos do setor financeiro no mundo.

“O capital é internacional, não conhece fronteiras, por isso a luta dos trabalhadores também não pode ter fronteira, tem de ser unida”, afirma Rita Berlofa. “Karl Marx já dizia ‘trabalhadores do mundo, uni-vos’, então nada mais atual do que, neste momento, a unidade dos trabalhadores para fazer o enfrentamento do ataque do capital, que é o que estamos vendo, quando os banqueiros não querem repassar minimamente a inflação.”
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