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'Quem faz a greve é o bancário e não só o Sindicato'

Linha fina
Trabalhadora dá recado à categoria no primeiro dia de paralisação: quem não está feliz com a proposta, tem de lutar para mudar a realidade, “ficar em casa reclamando ou ir viajar não vai adiantar nada”
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Rodolfo Wrolli, Redação Spbancarios
6/9/2016

São Paulo – “Quem faz a greve é o bancário. O Sindicato ajuda a organizar. Então se você concorda com o resultado da assembleia, é necessário que contribua para atingir o objetivo, que é o aumento. Eu duvido que alguém esteja feliz com 6,5%, então quem não está feliz, tem de fazer alguma coisa para mudar essa realidade. Ficar em casa reclamando, ou ir viajar, não vai adiantar nada. Depois fica criticando que os aumentos não são suficientes, que o Sindicato podia ter conseguido mais. Talvez a gente não tenha conseguido reajustes tão bons nos últimos anos, mas poderiam ter sido muito melhores se cada um tivesse tentado ajudar. Isso faria mais pressão e resolveria a greve mais rapidamente.”

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O desabafo foi feito por uma bancária na terça-feira 6, primeiro dia de uma greve que promete ser dura. Ela ajudava a manter piquete em frente à Superintendência do Banco do Brasil em São Paulo, na Avenida Paulista.

Vídeo: forte mobilização no primeiro dia
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No mesmo prédio funciona uma agência e o escritório da Presidência da República, ocupada por Michel Temer desde que Dilma Rousseff foi afastada em 31 de agosto.

Um bancário da Caixa postado em frente uma unidade bancária no número 1.842 da mesma via avaliou que essa mudança de governo terá repercussão naquele banco, o único 100% público em âmbito nacional.

“Eles já falaram que querem privatizar tudo o que for possível. É necessário organizar duas frentes de luta, a interna e a externa. A Caixa é um banco importante para o Brasil e para o cidadão, mas poucos têm consciência disso, nem entre os colegas, porque a maioria se informa por onde? Ouça o que a Miriam Leitão [jornalista de economia da Globo] fala, mas se a pessoa não for crítica e não buscar outras fontes de informação, será manipulada e vai jogar contra si própria.”

O empregado também ressaltou a importância da mobilização. “Hoje nós estamos sofrendo uma proposta de redução de salário e de direitos trabalhistas, e tem gente trabalhando porque tem medo. É mais ou menos que nem a Anne Frank, aquela menina judia. Adiantou ficar escondida com a família dentro do sótão? Os nazistas foram lá e cataram. Adianta os nossos colegas ficarem quietinhos? ‘Eu sou caixa, sou tesoureiro, vou ficar no meu canto, de repente eles me preservam.’ Não vão preservar.”

Apoio da população – Mesmo com os transtornos óbvios que uma greve causa, a população se mostrou compreensiva e defendeu o movimento. “Eu apoio porque eles [patrões] estão querendo dar menos que a inflação. Banqueiro ganha para caramba, só sabe explorar os funcionários, então eles estão certos em fazer greve, e por isso apoio totalmente”, disse Cleide Figueiredo, após usar os caixas eletrônicos de uma agência do Santander.

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Edilene Lima, cliente do Banco do Brasil, também conseguiu usar normalmente os serviços bancários por meio dos caixas eletrônicos. “Eu sou a favor da greve, sou ex-bancária, entendo a situação dos trabalhadores, e acho que quando a gente precisa lutar, tem que lutar mesmo.”

O cliente do Itaú Aramis de Almeida saiu prejudicado com a mobilização, pois precisava reunir-se com seu gerente para tratar do financiamento da casa própria, mas mesmo assim entendeu a e apoiou o movimento. “A culpa da greve é dos banqueiros e não dos bancários. Também sou trabalhador, entendo as necessidades deles e sei que sem luta ninguém consegue nada de graça.”

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