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Chapéu
Insegurança

Prefeitura de SP é criticada por abandono de ciclovias e de política cicloviária

Linha fina
Em audiência na Câmara, ativistas defendem prioridade a pedestres e ciclistas nas políticas públicas e criticam vereadores que querem retirar ciclovias
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Foto: Prefeitura de São Paulo

As demandas da população de São Paulo por mais segurança no trânsito da cidade e pela prioridade a pedestres e ciclistas marcou a audiência pública realizada na Câmara Municipal de São Paulo na noite desta segunda-feira 16, na Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade Econômica, para discutir as políticas públicas voltadas à bicicleta. A reportagem é da RBA.

“A gestão Doria/Covas foi uma desgraça para esta cidade. Há dois anos e meio com as ciclovias paradas, com a cidade sendo totalmente desindustrializada, com o índice de desemprego aumentando absurdamente, e enquanto isso a indústria de bicicletas crescendo no país”, afirmou Jean Carlos Martins do Vale, da Câmara Temática da Bicicleta, e representante do coletivo Bike Zona Leste. O ativista criticou a dupla tucana pela falta de vontade política com as ciclovias.

As eleições para prefeito foram em 2016, mas só agora a gestão Bruno Covas resolveu apresentar um plano de investimento nas ciclovias da cidade. O plano, apresentado nos últimos dias, tem duas metas para 2019 e 2020: construir 173 quilômetros de novas conexões, e requalificar 310 quilômetros, dos 503 quilômetros da malha existente. “Não há como isso não acontecer”, afirmou durante a audiência a representante da prefeitura, Elisabete França, diretora de planejamento da CET.

A urbanista Raquel Rolnik observa, em artigo recente, que a administração Bruno Covas revisa desde o ano passado o plano cicloviário, com ampla discussão pública e planejamento. “As atividades se encerraram em julho, mas o documento final ainda não foi apresentado e submetido à Câmara Municipal”, critica.

“O que estamos percebendo é que, apesar do compromisso da atual gestão de ampliar as ciclovias, atualmente com 503 quilômetros de extensão, concretamente estamos no negativo, porque algumas desapareceram e ainda não foram refeitas. E há outras, ainda ativas, mas em estado lamentável de manutenção – como é o caso da ciclovia que fica no canteiro central da Avenida Paulista”, escreve Rolnik.

Política pública

Alguns vereadores da base do prefeito Bruno Covas também foram duramente criticados por cicloativistas durante a audiência, pelo fato defenderem a retirada de ciclovias da cidade, querendo abrir mais um frente de desmonte em tempos de ameaças à democracia. Um parlamentar citado foi o vereador Dalton Silvano (DEM).

A esses vereadores, o ativista Daniel Guth lembrou que a bicicleta é também um elemento central na logística de bens e mercadorias da cidade. São 18 empresas de bike couriers na capital paulista, e 30 mil ciclistas cadastrados em serviços de entrega por aplicativos, um contingente que tem sido a expressão do emprego precário nos dias atuais.

Outro alvo dos ativistas durante a audiência foi a ausência da ciclofaixa de lazer aos domingos, que deixou de ser realizada depois que o Bradesco suspendeu o patrocínio. Um dos ativistas lembrou que a interrupção do serviço tirou o emprego de várias pessoas. A cada domingo, a ciclofaixa de lazer tinha um custo de R$ 310 mil, o que totalizava R$ 20 milhões por ano.

“Ter um Plano Cicloviário aprovado – e implementado – é melhor do que iniciativas erráticas de empresas que desejam apoiar ou interromper intervenções de apoio ao uso de bicicletas”, argumenta Raquel Rolnik.

A prefeitura fez um chamamento público para contratar um novo patrocinador, mas apenas uma empresa se apresentou. Essa empresa, no entanto, tem capital de apenas R$ 100 mil, o que levantou a suspeita dos vereadores durante a audiência. O presidente de comissão, o vereador Senival Moura (PT), destacou que há um termo assinado pela prefeitura com essa empresa, publicado no Diário Oficial da cidade.

Nos encaminhamentos ao final da audiência, Senival relacionou três pontos de um pedido de esclarecimentos que será encaminhado à prefeitura, com um prazo de dez a 15 dias para respostas. Um desses pontos trata da ciclofaixa de lazer, para que seja esclarecido o que a gestão Covas pretende fazer.

Também serão solicitadas informações sobre se vai haver remoção de ciclovias na cidade, e como e com que critérios Covas pretende que isso aconteça, e também mais detalhamentos sobre o plano cicloviário que será implantado até o próximo ano.

Confira vídeo apresentado durante a audiência:

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