Ocorreu nesta quinta-feira 24 o Dia Nacional de Luta contra as demissões e a terceirização no Santander. Em todo país, sindicatos realizaram protestos, além de ações nas redes sociais. Em São Paulo, as atividades aconteceram na Torre Santander, sede do banco na capital paulista. O Sindicato cobra há meses uma reunião de negociação com o banco, mas até o momento não obteve resposta.
“A gestão do Santander no Brasil não respeita os seus trabalhadores, responsáveis pela maior fatia do lucro mundial do grupo espanhol. Está demitindo bancários em meio à pandemia, o que havia se comprometido a não fazer; terceirizando setores; e impondo, sem negociação, um acordo de home office prejudicial aos bancários. Não aceitaremos este tipo de postura por parte do banco, que trata mães e pais de família como apenas números, colocando o lucro acima de qualquer coisa, até mesmo da vida”, critica a dirigente do Sindicato e bancária do Santander, Ana Marta Lima.
Demissões
Mesmo com a crise decorrente da pandemia de coronavírus, o Santander lucrou R$ 5,989 bilhões no primeiro semestre de 2020. O resultado foi de queda (15,9% em relação ao mesmo período de 2019 e de 44,6% em relação ao trimestre anterior), mas apenas porque o banco aumentou a chamada Provisão para Devedores Duvidosos (PDD), que é a provisão feita pelos bancos para cobrir possíveis calotes. Por conta da crise do coronavírus, o banco aumentou essa provisão. Sem o aumento da PDD, o lucro do banco seria de R$ 7,749 bilhões e, nesse caso, a alta seria de 8,8% em 12 meses e de 1,1% no trimestre.
Ainda assim, em 12 meses (de junho de 2019 a junho de 2020) foram fechados 2.564 postos de trabalho, sendo que 844 apenas no segundo trimestre de 2020, ou seja, durante o período de pandemia da Covid-19.
“São pais e mães de família, pessoas do grupo de risco para Covid-19, demitidos em plena pandemia, muitas vezes por telefone. Trabalhadores que, até mesmo arriscando a própria saúde, construíram o lucro do Santander, que havia se comprometido a não demitir durante a pandemia. Cobramos que o banco suspenda as demissões e abra negociação com a representação dos trabalhadores”, diz Ana Marta.
Vila Santander Paulista
O protesto na Torre também criticou a postura adotada pelo Santander com os trabalhadores do Vila Santander Paulista, concentração do banco localizada na zona norte de São Paulo. O Santander vem há meses alterando as funções e o trabalho em diversas áreas do call center, em meio à pandemia. Além disso, já foi noticiado que o banco implementará uma mega operação terceirizada de call center em Novo Hamburgo (RS). Essa operação já iniciou e conta, no momento, com 150 trabalhadores terceirizados.
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O Sindicato está recebendo, diariamente, denúncias de demissões no Vila Santander, que são feitas por telefone ou com convocações para que os bancários compareçam à Bráulio para trocar seus notebooks, sendo surpreendidos com a demissão quando chegam.
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“Cobramos transparência, informações sobre o projeto em andamento e, sobretudo, a manutenção dos empregos desses trabalhadores que operam em SP e no RJ, que têm qualificação e conhecimento para serem alocados em outras áreas do banco”, enfatiza a dirigente do Sindicato.
Acordo de home office
Trabalhadores de algumas áreas do Santander receberam nesta quarta-feira 23, pelo portal RH, um acordo aditivo ao contrato de trabalho extremamente prejudicial para atuarem em home office a partir de primeiro de outubro de 2020. As cláusulas determinam que os trabalhadores irão arcar com todos os custos dos equipamentos. Além disso, serão responsabilizados pelos riscos à saúde (veja no quadro abaixo). Para piorar, o banco obriga os trabalhadores a assinarem até esta sexta-feira 25.
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“O bancário terá toda a responsabilidade do trabalho, vai arcar sozinho com custos e será responsável caso fique doente trabalhando para o banco. Uma situação inadmissível. A pressão para que seja assinado é mais um abuso de poder. O Santander tem atuado na contramão dos concorrentes em medidas adotadas na pandemia. Este acordo é mais um exemplo das práticas abusivas da direção brasileira do banco espanhol, que adotou postura contrária em outros países”, avalia Ana Marta.
“A postura do Santander até o momento indica que o banco espanhol não tem interesse em negociar. Como um trator, a direção passa por cima dos direitos dos trabalhadores e demite, em meio à uma pandemia, de forma despudorada. Diante disso, a única reação possível, necessária e urgente é intensificar nossas ações de denúncia e protesto contra as arbitrariedades cometidas pelo banco espanhol, que está se consolidando como o pior banco para bancários e clientes. Nós reivindicamos a abertura imediata de negociação com entre o banco e a representação dos trabalhadores”, conclui Ana Marta.