Na reunião ordinária de setembro, ocorrida na quarta-feira 15, o Conselho de Usuários da Cassi de São Paulo aprovou o regulamento das eleições, que estavam previstas para ocorrer em novembro e dezembro. Contudo, está em curso um golpe visando prorrogar o mandato atual, que conta com parte dos integrantes alinhados aos interesses da diretoria da caixa de assistência.
O coordenador e o vice coordenador da mesa diretora do Conselho de Usuários de São Paulo da Cassi integram a comissão eleitoral da eleição do conselho e, ao mesmo tempo, são candidatos à renovação dos seus mandatos.
O Conselho de Usuários não tem poder de decisão, mas tem a função de fiscalizar a Cassi, fazer a ponte entre a caixa de assistência e os associados, e se reunir periodicamente para discutir melhorias na caixa de assistência. Os associados também recorrem ao conselho para tirar dúvidas sobre atendimento, e sugerir mudanças na rede de credenciamento, por exemplo.
“Com medo de perder as eleições, os conselheiros que estão há mais de uma década na mesa diretora do conselho de usuários da Cassi querem se perpetuar no poder, em um movimento compactuado com o vice coordenador, que é da ativa e resolveu estender o próprio mandato por meio do adiamento das eleições”, denuncia Leonardo Imbiriba Diniz, membro do Conselho de Usuários da Cassi de SP e dirigente sindical.
A comissão eleitoral redigiu uma carta questionando a Cassi sobre a possibilidade de um adiamento do escrutínio.
“A carta da comissão eleitoral foi elaborada com argumentos baseados em um horizonte que não está definido, como por exemplo, a possibilidade do número de candidatos ser maior que a quantidade de vagas, ou a perspectiva de piora da pandemia, o que inviabilizaria uma eleição presencial, mesmo após outra parte dos integrantes do conselho ter apresentado soluções para resolver essas questões, como a realização de uma eleição virtual, a exemplo do que o movimento sindical e a própria Cassi realizaram em 2020 e 2021”, afirma Ana Beatriz Garbelini, dirigente sindical e membro do conselho de usuários da Cassi.
Alguns conselheiros se mantiveram irredutíveis na decisão de enviar a carta, o que gerou uma consulta aos pares, se o documento deveria ou não ser encaminhado. Na reunião, foi aprovado o seu envio. Porém, algumas horas depois foi informado que houve uma recontagem dos votos, que confirmou um empate nos votos contra e a favor do envio.
Além disso, seis conselheiros se abstiveram de votar. O regimento do conselho não prevê nenhum critério de desempate.
“Os conselheiros que optaram pela abstenção foram consultados novamente, horas depois, por mensagens de WhatsApp enviadas por membros da comissão eleitoral, sugerindo para que mudassem o voto para ‘sim’ ou ‘não’. Essa pressão fere o rito, porque a abstenção também é expressão de uma vontade. Não existe voto de minerva ou critérios de desempate no conselho. Entendemos, portanto, que a proposta de envio da carta não foi aprovada. E a prova da falta de fundamentos para o envio da carta é o texto publicado ontem na página do Facebook do Conselho de Usuários, dando início ao processo eleitoral”, afirma Ana Beatriz.
Tudo isso ocorre em um momento em que a Cassi está perdendo credenciamento – prejudicando o atendimento aos associados –, e quando a diretoria criou o plano Cassi Essencial, que retira direitos.
“Num momento como esse, o Conselho de Usuários, que é o órgão fiscalizador da caixa de assistência, está dando um golpe para se manter no poder, em conluio com a direção da Cassi. E se isso ocorrer, quem vai denunciar a falta de respeito com os usuários e a piora do atendimento por causa dos descredenciamentos?”, questiona Imbiriba.
O dirigente afirma que este movimento está sendo feito a pedido da direção da Cassi, com apoio do diretor eleito da Cassi Luiz Satoru, em um movimento que visa acabar com a democracia do Conselho de Usuários.
A intenção, ainda segundo Imbiriba, é enfraquecer a fiscalização da caixa de assistência.
“Este pensamento é de diversos conselheiros, e nós vamos nos manifestar para cobrar a revisão deste golpe visando a perpetuação do poder das pessoas que já estão no conselho e que são alinhadas aos interesses da diretoria da Cassi”, afirma Ana Beatriz.