A direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) e da Mercedes-Benz abriram negociações nesta terça-feira12 para discutir os planos da montadora de reestruturação na fábrica de São Bernardo do Campo. A empresa quer demitir 3.600 funcionários (2.200 efetivos e 1.400 temporários) e terceirizar diversas áreas. A reportagem é da Rede Brasil Atual.
“Durante a reunião os representantes da empresa apresentaram os números referentes a situação econômica da planta e das áreas envolvidas no projeto de terceirização desejado pela companhia”, afirmou o sindicato, em nota. A entidade reiterou à Mercedes “que não aceitará demissões de trabalhadores”.
Corte sem diálogo
Na semana passada, os metalúrgicos criticaram a empresa por anunciar os cortes antes de abrir o processo de negociação. Assim, na última quinta-feira (8), em assembleia, os trabalhadores na Mercedes aprovaram paralisação até ontem (12).
Hoje, em entrevista ao jornal Valor Econômico, o presidente da Mercedes no Brasil, o alemão Achim Puchert, disse que a terceirização visa a recuperar a rentabilidade da empresa no país. “Obviamente essa não é a coisa mais legal a se fazer. Mas, por outro lado, acreditamos que é necessário para garantir a existência sustentável e a rentabilidade e para os investimentos futuros. Para a terceirização das áreas que falamos, 2.200 funcionários serão impactados. E como a demanda no ano que vem também cairá, não vamos renovar o contrato de 1.400 funcionários. Os termos das ofertas dependem da negociação com o sindicato. E isso, obviamente, não acontecerá em um dia. É um processo”, declarou.
Busca de alternativas
O secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM-CUT), Maicon Michel Vasconcelos da Silva, relatou que a notícia foi vista com “indignação” pelas representações sindicais da Mercedes em todo o mundo. “Isso por conta da forma como a empresa fez, foi para mídia anunciar as demissões sem antes buscar o sindicato e tentar negociar uma alternativa, o que não é uma prática da empresa no norte do mundo, na Europa, em outras partes em que a representação dos trabalhadores é tão consolidada como no ABC.”
Em outra reportagem do Valor, a jornalista Marli Olmos, especializada na cobertura da indústria automobilística, observou que talvez esteja faltando ao setor se preparar para as transformações em curso. “Seja qual for o desfecho dessa e de outras montadoras no país, não faltam sinais de atenção. Muitas dessas empresas têm anunciado programas de investimentos. Poucas, porém, apresentaram alternativas para inserir suas estruturas industriais locais no novo conceito de eletrificação veicular”, escreveu. Uma discussão que os metalúrgicos, por sua vez, defendem há anos.