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Bancários do Centro de São Paulo seguem na luta

Linha fina
Faça chuva ou faça sol, trabalhadores mantêm agências fechadas e fortalecem batalha por novas conquistas, aumento real e condições de trabalho dignas
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São Paulo – A greve da categoria bancária chega ao 15º dia por conta da intransigência dos banqueiros que não apresentaram proposta de aumento real nem avanços na melhoria das condições de trabalho. O movimento parece, às vezes, um cabo de guerra. Na linha central, a pauta de reivindicações aprovada há quase quatro meses pelos trabalhadores e entregue no fim de julho à federação dos bancos. De um lado, banqueiros tentando fragilizar o trabalhador, cobrando metas de gerentes como se nada estivesse acontecendo. Do outro lado, bancários com garra, de braços cruzados e lutando embaixo de chuva ou sol por melhores condições de trabalho.

> Fotos: galeria da paralisação na zona sul
> Vídeo: reportagem sobre a greve no centro

Nesta quinta-feira 3, trabalhadores de agências do centro novo e velho de São Paulo, inclusive da região da Sé, estão novamente parados. “Apesar de o movimento estar forte, as gerências regionais parecem querer ignorar toda a nossa luta. Ficam enviando e-mails com ranking de metas alcançadas ou não pelas agências”, relata a gerente de uma agência do Itaú.

A trabalhadora diz viver um paradoxo. “Adoro trabalhar no Itaú, estou aqui há mais de 20 anos, mas tenho a recordação do banco que entrei. E então eu me deparo com tanta pressão e reflito sobre a negação do banco em oferecer aumento real, em acabar com essas metas absurdas, e isso me dá até angústia”, desabafa.

E a pressão atinge até mesmo os menores aprendizes, que trabalham no autoatendimento de alguns bancos. Na porta de uma agência do Santander uma jovem trabalhadora reclama: “Não vou ficar sozinha no autoatendimento, com a agência fechada, correndo riscos. Mas a gerente fica me ligando enquanto estou em casa e me mandando para a agência”.

Linha de chegada – Diante da disputa imposta pelos banqueiros, os trabalhadores mandam o recado do que fará a greve chegar ao fim e todos alcançarem a linha de chegada. “Com aumento real e auxílios refeição e alimentação maiores a greve acaba”, afirma um bancário do Bradesco. Sua colega completa: “Mas precisa contratar mais bancários. Os clientes estão reclamando do atendimento e é impossível atender melhor com pouca gente na agência”.

Entre os trabalhadores do Bradesco, o auxílio-educação é uma das prioridades. “Estamos em greve desde o primeiro dia. Entre os bancos, todos ganham algum auxílio. Nós não temos nada. Então, o aumento real é essencial, mas não dá para pagar R$ 1.200 para fazer mais uma faculdade. Estamos na expectativa que saia algo, senão, a greve não terá fim para nós”, comenta bancário no Centro.

Outra diz que sem condições de trabalho não dá para sair da greve. “Antigamente, tínhamos duas horas para fazer cursos de autorregulação bancária, por exemplo, que dura uma hora, no local de trabalho. Agora, quando estamos estudando, o que o banco nos obriga, ainda somos assediados a parar e voltar ao trabalho”, reclama a funcionária.

Sem resposta – O Comando Nacional ainda não recebeu resposta à carta enviada à federação dos bancos (Fenaban), na qual demonstra que a categoria se mantém disposta a negociar. As instituições financeiras não se pronunciam desde a proposta de 6,1%, sem aumento real, apresentada em 5 de setembro e rejeitada pelos trabalhadores, dando início à greve no dia 19.

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Gisele Coutinho – 3/10/2013

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