Pular para o conteúdo principal
Chapéu
Cinema Político

Documentário aborda demissões políticas na Caixa durante o governo Collor

Linha fina
Intuito, segundo a diretora Guta Ramos, de “O Processo”, é abordar a solidariedade de empregados com os companheiros demitidos até eles conseguirem, um ano depois, a reintegração na Justiça
Vídeo Youtube

Um documentário produzido pela Fenae e dirigido pela cineasta Maria Augusta “Guta” Ramos (“O Processo”) abordará a demissão política de 110 empregados da Caixa durante o governo Fernando Collor, em 1991. As demissões, que não pouparam sequer empregadas em licença-maternidade, completaram 28 anos nesta terça-feira 1º de outubro. Segundo a diretora, o intuito é mostrar a solidariedade dos empregados com os companheiros demitidos até a reintegração deles, um ano depois, via judicial, e também fazer um paralelo com a situação de momento no Brasil, de ataques, demissões e perseguições políticas a funcionários de estatais pelo atual governo.

Guta Ramos diz que o documentário está em fase de gravação nas cidades de Londrina, São Paulo e Belo Horizonte. À época da demissão, o número de demitidos nestas três cidades foi, respectivamente, de 30, 50 e 30 trabalhadores.

Naquela ocasião, a Fenae lançou a campanha “não toque em meu companheiro”, mobilizando 35 mil empregados da Caixa que doaram o equivalente a um dia de tíquete alimentação aos demitidos.

Na capital paulista, a diretora conversou no último fim de semana com alguns dos empregados, no Café dos Bancários.

“É uma história que tem de ser contada, de uma grande solidariedade que existiu no início do governo Collor, quando 110 funcionários da Caixa foram demitidos sem uma razão específica e passaram um ano lutando na Justiça para serem readmitidos (o que só aconteceu após o impeachment de Fernando Collor). Durante esse tempo, eles foram mantidos financeiramente pela solidariedade de outros colegas. É uma história muito comovente, principalmente se a gente for pensar no momento atual, de terceirização, destruição dos direitos trabalhistas, possibilidade de privatização da Caixa, tão buscada pelo governo Bolsonaro e que será um enorme desserviço à população brasileira”, ressalta a diretora.

O documentário deve ser finalizado em fevereiro de 2020. “Todo o cinema é político. Contudo, eu me interesso, no meu cinema, em tratar de questões políticas, de relações de poder, de relações sociais, econômicas, interesses econômicos que regem a sociedade. É essencial que esses filmes sejam feitos para nos entendermos enquanto sociedade”, acrescente Guta.

seja socio