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Chapéu
14º Concut

14º Concut se encerra com aprovação de plano de lutas e homenagem à Gushiken

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imagem mostra 14º Concut

O 14º Concut (Congresso Nacional da CUT) se encerrou neste domingo 22, dia marcado pela aprovação de um plano de lutas e moções, e pelo lançamento do livro A Nova Ordem Luiz Gushiken.

Foram quatro dias de debates onde mais de 2,2 mil delegados de todo o país discutiram a defesa dos direitos, das empresas públicas, da soberania nacional, a reindustrialização do país, e a geração e emprego decente sem discriminação de gênero e de raça, sem homofobia e sem capacitismo.

Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo e eleita para a nova direção nacional da CUT, destacou os desafios para o próximo quadriênio (2023-2027).

“O primeiro é combater a extrema-direita. Também precisamos avançar na organização dos trabalhadores que estão na informalidade, nas plataformas digitais; como a gente faz a mobilização social para puxar as pautas de políticas públicas para o lado dos trabalhadores, porque embora seja um governo eleito por nós, ele está em disputa. O Congresso Nacional ainda é dominado por empresários e ruralistas. Como manter a história viva, passar para as novas gerações o que foi a construção da CUT , e que os direitos não vêm de graça. São resultado de muita luta, de muita disputa, de muita estratégia, de muito diálogo e de muita organização.”

Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato e eleita para a direção nacional da CUT
Juvandia Moreira (esquerda) e Neiva Ribeiro

Neiva também enfatizou a honra de estar na direção nacional da CUT. “É um orgulho e uma felicidade para mim representar o ramo financeiro e o nosso Sindicato na direção nacional da CUT. A gente sai deste congresso com esperança. Temos muitos problemas para resolver, a classe trabalhadora tem muitos enfrentamentos para fazer, mas saímos revigorados quando vemos [no Concut] tanta gente com uma visão de transformar, de mudar.”

Comunicação para disputar narrativas

A presidenta do Sindicato ressaltou momentos importantes do 14ª Concut, como o debate pela defesa do povo palestino; e o prêmio da CUT (Democracia e Liberdade Sempre 2023) dado ao padre Julio Lancelotti, por sua luta para acolher a população em situação de rua.

Ao receber o prêmio, Julio lembrou que a Quadra dos Bancários acolheu moradores de rua durante toda a pandemia.

Outro momento importante do congresso, para Neiva, foi participação de Luiza Erundina; a dirigente enfatizou a trajetória de dedicação da ex-prefeita de São Paulo (1989-1993) no combate às desigualdades. “Foi perseguida na ditadura, veio para São Paulo ajudar o povo nordestino. É uma lutadora incansável. A fala dela foi emocionante.”

“Debatemos também a importância de fazer uma comunicação que dispute narrativas com a mídia hegemônica; a formação das brigadas digitais, que estão sendo um sucesso. A CUT trouxe uma forma muito criativa no debate da importância de estar nas redes sociais combatendo as fake news e disputando as narrativas”, destacou Neiva. “Foi um momento de reencontro depois da pandemia. A delegação internacional também trouxe muita troca.”

Pela reconstrução do Brasil

Um grande encontro pela democracia. Foi assim que a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira – eleita nova vice-presidenta da CUT para o quadriênio 2023-2027, sintetizou o 14º Concut.

“O Concut é o resultado de uma construção feita o ano todo, de debates nos estados, e aqui a gente sai com um plano de lutas e com uma estratégia definida, que é a reconstrução do Brasil e o fortalecimento da democracia. E não tem democracia se não tiver sindicatos fortes, se os trabalhadores não tiverem trabalho decente e direitos, se não tiver desenvolvimento voltado para o combate à desigualdade, se não tiver distribuição de renda e crescimento da economia, com a preservação do meio-ambiente.”

Juvandia Moreira, vice-presidenta da CUT e presidenta da Contraf-CUT

Juvandia destacou os principais desafios da nova direção da CUT para os próximos anos: fortalecer os sindicatos; debate sobre reforma tributária que coloque o povo no orçamento e o rico no imposto de renda; e como fazer um país inclusivo e justo, com políticas públicas para o pequeno produtor, que distribua renda e que não concentre renda com juros abusivos com o capitalismo financeiro que nada produz.

Homenagem e lançamento do livro A Nova Ordem Luiz Gushiken

No 14º Concut foi lançado o livro A Nova Ordem Luiz Gushiken. A obra é uma coletânea de ensaios sobre o ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ex-deputado e ex-ministro Luiz Gushiken, escritos por 67 autores e personalidades, como Luiz Inácio Lula da Silva, Frei Betto, Dilma Rosseuff, Erika Kokay, Ricardo Berzoini, João Vaccari, José Genoíno, Lucia Mathias, Aloízio Mercadante, Arlindo Chinaglia e dezenas de outros.

O áudio de um discurso de Gushiken, morto em 2013, foi reproduzido durante a homenagem, e dá uma mostra do seu pensamento:

“Os governantes do mundo e a raça humana devem se dedicar para o advento de uma nova era da humanidade. Nessa nova ordem, nenhum conflito deve haver. Com os nobres e inteligentes sentimentos de patriotismo sadio, a fúria nacionalista e os ódios raciais poderão ser definitivamente sustados. Os imperativos do mundo unificado e novas bases, portanto, enaltecem a autonomia dos países até o ponto em que se evite os excessos do centralismo exagerado. O estado nacional, baluarte de uma etapa da humanidade, esgotou-se como forma determinada de organização da humanidade. Agora, os estados nacionais soberanos deverão evoluir para um novo sistema que os agregue em um corpo federado mundial, onde o conceito de cidadão nacional é estendido para o conceito de cidadão do mundo.”

Luiz Gushiken, ex-presidente do Sindicato

Fernanda Otero, organizadora do livro A Nova Ordem Luiz Gushiken, destacou a atualidade e a vanguarda do pensamento de Gushiken em um momento em que o mundo se vê envolto em dois grandes conflitos: na guerra da Ucrânia e no conflito de Israel contra a Palestina.

Gilmar Carneiro fala durante mesa que homenageou Luiz Gushiken

“Estamos vivendo 110 guerras no planeta. Luiz Gushiken propunha um mundo de paz, um mundo de nova governança global, um mundo onde a gente tivesse um estado supranacional, um mundo onde as pessoas tivessem cidadania global. Isso tudo são assuntos que estão em pauta. Os presidentes da Rússia e da China estiveram reunidos esta semana e disseram sobre uma nova ordem mundial. Biden está unido com Israel para tentar preservar a velha ordem mundial. Temos um momento em que podemos ter uma nova possibilidade. A pandemia não trouxe essa perspectiva de o mundo se unir para combater o vírus.”

“Falar sobre as ideias do Gushiken é uma motivação, é um momento de esperança. E fora a construção que ele fez pelo povo brasileiro, ele era muito fã do povo brasileiro. Gushiken precisa estar presente nas nossas vidas, pelas ideias que ele trouxe.”

Fernanda Otero, organizadora do Livro A Nova Ordem Luiz Gushiken
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