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Gushiken homenageado na Assembleia Legislativa

Linha fina
Vida do ex-presidente do Sindicato morto no ano passado é lembrada por políticos, familiares e companheiros de luta
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São Paulo – “Eu posso estar no hospital daqui um mês, e o que eu devo dizer para os meus filhos em uma situação de esgotamento físico e ter que partir para o outro mundo? Que eles devem ser honestos, éticos? Isso é óbvio para eles. Eu prefiro dizer uma coisa: não basta ter princípios éticos, morais, não basta ser um bom trabalhador, mas é preciso mergulhar em um oceano infinito de conhecimento, um oceano que vai inundar a alma deles de coisas novas, que serão o real alicerce para os desafios que irão encontrar.”

Assim falou Luiz Gushiken em um vídeo apresentado durante ato solene em sua homenagem na Assembleia Legislativa de São Paulo. Gushiken faleceu no dia 13 de setembro de 2013, vítima de um câncer. Foi funcionário do Banespa, integrou a oposição bancária que em 1979 conquistou a diretoria do Sindicato, presidiu a entidade, foi eleito deputado federal constituinte e nomeado ministro de Estado no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, chefiando a Secretaria de Comunicação Social.
 

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Durante a sessão solene, realizada na segunda-feira 27, familiares, amigos e companheiros recordaram histórias de luta que permearam sua vida a um plenário ocupado principalmente por integrantes da comunidade okinawana no Brasil – os ancestrais de Luiz Gushiken são originários de Okinawa, ilha localizada no sul do arquipélago japonês – e também por seguidores da fé Baha'í, à qual Gushiken converteu-se.

“É uma homenagem a um ser humano da humanidade, que contribuiu para a vida do nosso país. Nessa singela homenagem queremos traduzir e agradecer o que esse grande ser humano fez pela nossa terra e pelo povo brasileiro”, declarou o deputado estadual Adriano Diogo (PT), idealizador da sessão.

Para o jornalista e biógrafo de Gushiken, Washington Araújo, sua luta emblemática contra o regime autoritário e seu envolvimento “de corpo e alma” para transformar as relações entre capital e trabalho foram as passagens mais marcantes de sua vida.

“Eu creio que o Gushiken é também um divisor de águas muito claro no que tange à democratização da comunicação por sua participação muito altiva à frente da Secretaria de Comunicação Social e por isso teve sua conduta tão atacada, tão vilipendiada por uma mídia hostil, injusta e muito preocupada em manter seus interesses e benesses”, acrescentou.

Representando a família, o filho Guilherme destacou que embora sua morte ainda seja recente, Gushiken não deve ser lembrado com tristeza. "Sua história deve ser comemorada, homenageada constantemente, porque para mim é um orgulho, é um exemplo, e é onde eu me espelho em todos os passos da minha vida. Onde quero chegar eu olho para ele e sei que está presente. Ele deixou um exemplo muito grande para mim e para os meus irmãos”, afirmou.

O ex-presidente do Sindicato Augusto Campos, o primeiro após a retomada pela então oposição da diretoria da entidade (1979), lembrou aqueles anos, quando ao lado de Gushiken lutou contra as amarras ditatoriais que impediam a organização sindical livre e combativa.

“A gente entrou em cena com a certeza de uma coisa: ou criávamos um novo partido político, diferente dos atuais, ou todos os projetos que estávamos criando iam por água abaixo, e aí começa a articulação para criar o Partido dos Trabalhadores. Eu não imaginava que aquele movimento de oposição sindical pudesse gerar em tão pouco tempo uma quantidade enorme de líderes da classe trabalhadora”, relembra.

Para o secretário Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, Gushiken, com sua atuação conciliadora, teve importância fundamental no processo de redemocratização do Brasil. “Ele teve presença firme, certeira para que a gente pudesse ter um país mais decente daquele que nós tínhamos, e ainda hoje a gente percebe essa importância quando assiste resquícios da ditadura militar em movimentos isolados, mas autoritários, daquilo que a gente quer que nunca mais aconteça, que nunca mais apareça.”

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Rodolfo Wrolli – 25/11/2014

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