Mesmo com a projeção de lucro recorde para 2018 – o lucro líquido gerencial nos primeiros nove meses totalizou R$ 8,993 bilhões –, o Santander pretende economizar na festa de fim de ano e deixar de fora das comemorações milhares de trabalhadores responsáveis pelo expressivo resultado. Em comunicado enviado aos funcionários na quarta-feira 31, o presidente do banco, Sérgio Rial, diz que “nossa festa de fim de ano será no dia 1º de dezembro, com a participação de até 5.000 funcionários” e que adotará a meritrocracia como forma de seleção dos convidados.
“Temos a certeza de que nossos resultados são a soma do que cada um de nós faz, os mais de 47.000, e é importante que os 5.000 representem toda a Família Santander. Como aqui o resultado fala mais alto, dividimos a participação das VPs analisando BAI dos negócios, ROAE (Retorno Sobre Capital) e ponderamos pelo número de funcionários", diz o comunicado de Rial.
E continua: "A partir deste número, cada VP [vice presidência] fará a distribuição dentro de cada área, mas com uma premissa comum, da qual não queremos abrir mão: MERITROCACIA”.
Rial prossegue, ao fim do texto: “Como em muitos casos pode ser algo numérico/subjetivo nas outras áreas, considerem fazer a escolha de forma democrática, envolvendo as equipes na escolha dos que mais fizeram a diferença”.
Para Maria Rosani, diretora do Sindicato, é inadmissível privilegiar apenas uma minoria de funcionários na hora de dividir o bolo. “A lógica do Sérgio Rial e dos banqueiros exclui uma maioria e ilude uma minoria através de um discurso raso de meritocracia, que só colabora para o abismo social e econômico do país. Ou seja, enquanto todos os funcionários do Santander contribuíram para o resultado, Rial exclui 90%, a grande maioria, da comemoração. Isso é injusto e antidemocrático”, critica a dirigente.
“A meritocracia é uma ilusão, pois os 10% que hoje participam da festa amanhã podem ser os futuros demitidos. O banco concede vantagens a parte de seus funcionários utilizando este critério, ao mesmo tempo em que promove cortes usando como regra a justificativa dos altos salários”, acrescenta Maria Rosani.