Na manhã desta terça-feira 13, a presidenta mundial do Grupo Santander, Ana Botín, visitou os trabalhadores da Torre, matriz do banco espanhol no Brasil. A executiva realizou uma conversa com cerca de mil funcionários, em auditório fechado. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região aproveitou a presença da banqueira para distribuir carta aberta na qual cobra melhores condições de trabalho, fim das demissões compulsórias, liberdade sindical e responsabilidade social por parte do banco espanhol.
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“Entendemos que a visita de Ana Botín ao Brasil é uma ótima oportunidade para reivindicar a interferência da matriz espanhola do Santander, na pessoa da presidenta mundial, para que as negociações com o banco tenham efetividade; que os trabalhadores sejam tratados com respeito, sem que decisões sejam tomadas pela direção do banco no Brasil de forma unilateral, lesando bancários; o fim das demissões compulsórias, que só ocorrem no Brasil; liberdade sindical; e responsabilidade social, com a redução das tarifas e juros cobrados dos clientes brasileiros, ampliando assim a oferta de crédito”, explica a dirigente do Sindicato e bancária do Santander, Lucimara Malaquias.
A presidenta Ana Botín também visitou uma agência localizada em São Mateus, na zona leste da capital paulista, onde também foi recebida com protestos pelos trabalhadores. Na unidade foi feita a leitura da carta aberta para funcionários e clientes.
“O Brasil é responsável pela maior fatia do lucro mundial do Santander. O mínimo que os bancários brasileiros merecem são condições adequadas de trabalho, que possibilitem que desempenhem suas funções de forma eficiente e tranquila, sem a ameaça de demissão sempre presente como uma sombra”, diz o também dirigente do Sindicato e bancário do Santander Marcelo Sá, que esteve presente no protesto na agência de São Mateus.
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“Esperamos que a presidenta Ana Botín dê a devida atenção às codições de trabalho as quais os bancários do Santander no Brasil estão submetidos e, como maior mandatária do grupo, interfira para viabilizar soluções para os problemas enfrentados. Os bancários brasileiros, por sua mais do que comprovada competência e talento, merecem respeito”, enfatiza Lucimara.
Discursos
No seu discurso, proferido para cerca de mil trabalhadores da Torre, Ana Botín destacou a necessidade de um avanço cada vez maior do Santander nos meios digitais, citou o projeto Café Work, e destacou a atuação social do banco. Já o presidente do Santander no Brasil, Sergio Rial, abriu a sua fala destacando o bom desempenho do banco na pesquisa de clima.
“A pesquisa exaltada por Sérgio Rial não tem relação com a realidade da rotina dos bancários no Santander. As pessoas não se sentem seguras para respondê-la de forma verdadeira. Nós, no Sindicato, diante das denúncias e reclamações que recebemos diariamente, temos a real dimensão das condições de trabalho no banco”, critica a diretora do Sindicato e bancária do Santander, Maria Rosani.
Para a dirigente, a fala de Ana Botín também possui graves equívocos em relação à realidade brasileira e sobre as condições de trabalho no Santander.
“A presidenta Ana Botín ressaltou o papel do Brasil para o Santander e a atuação social do banco no país, além de pontuar com muita ênfase a necessidade de aprofundar a transformação digital no banco. Temos que contrapor sua fala de forma crítica no sentido de que ela ignora que uma parcela expressiva da população brasileira não está incluída digitalmente, que quem deve escolher o canal de atendimento é o usuário e não ser uma imposição do banco, e que os empregos dos bancários devem ser preservados. Além disso, quando cita o projeto Café Work, um novo formato de atendimento em shoppings, nos preocupa que uma pretensa inovação seja utilizada para passar por cima da nossa Convenção Coletiva de Trabalho, desrespeitando jornada e outros direitos. Para se ter responsabilidade social no país, o Santander deve antes de tudo respeitar os direitos acordados com seus funcionários e parar de colaborar com a já elevada taxa de desemprego no Brasil, cessando sua política de demissões compulsórias”, conclui Rosani.
Leia a íntegra da carta aberta abaixo: