O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 10,189 bilhões nos primeiros nove meses de 2020. O resultado representa queda de 22,9% em relação ao mesmo período de 2019. No trimestre, o lucro foi de R$ 3,482 bilhões, com crescimento de 5,2% em relação ao segfundo trimestre do ano.
De acordo com o banco, o lucro foi impactado pelas provisões para lidar com devedores duvidosos – “PCLD Ampliada” (+47,9% no trimestre), além do impacto positivo da margem financeira bruta de 7,1% e a queda do risco legal de 58%. O retorno sobre o patrimônio líquido (RPSL) ajustado caiu 4,6 pontos percentuais em doze meses, chegando em 10,3%.
Ao final de nove meses de 2020, o BB contava com 92.106 funcionários, com fechamento de 1.766 postos de trabalho em doze meses e, entre março e setembro de 2020, queda de 651 postos de trabalho.
As receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias caíram 1,8% em um ano, alcançando R$ 21,3 bilhões, enquanto, as despesas com pessoal, incluindo o pagamento da PLR, caíram 1,2% no mesmo período, totalizando R$ 16,3 bilhões. Com isso, apenas com o que arrecada em serviços e tarifas bancárias, o banco cobre suas despesas de pessoal, incluindo PLR, em 130,5% no terceiro trimestre de 2020.
“Ou seja, só com o que arrecada de seviços e tarifas cobradas dos clientes, o banco consegue pagar toda a folha de pagamento e ainda sobra. Mas ao invés de contratar empregados para diminuir a sobrecarga e prestar melhor atendimento aos clientes e população, a direção do banco controlado pelo governo federal e por acionistas prefere cortar postos de trabalho, reforçando a política de encolhimento das empresas públicas, uma característica típica da equipe econômica atual, sob o comando de Paulo Guedes”, diz Fernanda Lopes, secretária da Juventude e representante da Contraf-CUT na Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB).
O Banco do Brasil abriu 67 agências e fechou 294 postos de atendimento bancário, desde setembro de 2019.
A carteira de crédito ampliada teve crescimento de 6,4% em doze meses e pequeno aumento de 1,2% no trimestre, totalizando R$ 730,9 bilhões. No segmento de pessoas físicas, cresceu 6,2%, totalizando R$ 222,6 bilhões, com destaque para o empréstimo consignado (+15,3%) e o crédito renegociado (+20,1%).
No segmento de pessoas jurídicas, o crescimento foi de 7,9%, totalizando R$ 274,6 bilhões, com destaque para o crédito voltado às Micro, Pequenas e Médias Empresas, que cresceu 10,5%, especialmente na linha de capital de giro (+24,7%). A carteira do agronegócio (que representa 55,2% do segmento no país) cresceu 4,2% em doze meses, chegando a R$ 190,5 bilhões.
O índice de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias foi de 2,4%, com redução de um ponto percentual em relação a setembro de 2019, igual à inadimplência do Sistema Financeiro Nacional (2,4%).
“Sob o governo Bolsonaro, o Banco do Brasil segue encolhendo de tamanho, haja vista a redução de postos de trabalho. Para piorar, a cúpula da empresa pública, no comando do seu ex-presidente Rubem Novaes, está implicada em uma série de denúncias que envolveriam tráfico de influência, omissão e censura. E como se não bastasse, a instituição financeira foi utilizada para patrocinar sites de fake news”, pontua Getulio Maciel, dirigente sindical e representante da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEEB) pela Fetec-CUT/SP.
“Este cenário em que o BB está envolvido comprova o pouco apreço do governo atual pelo patrimônio público, o que prejudica toda a população, já que o Banco do Brasil possui uma função fundamental na concessão de crédito subsidiado para a agricultura familiar e que, se não existisse, resultaria em alimentos ainda mais caros para os brasileiros. Por tudo isto, o Banco do Brasil precisa ser defendido por toda a sociedade”, afirma o dirigente.