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Chapéu
escândalo

Banco do Brasil volta a patrocinar site bolsonarista que produz fake news

Linha fina
O “Jornal da Cidade Online” tem divulgado informações falsas em favor do presidente e contra partidos políticos pelo menos desde as eleições de 2018; restabelecimento da publicidade ocorreu após reclamação de Carlos Bolsonaro
Imagem Destaque
Montagem: Linton Publio

Após reclamação de Carlos Bolsonaro no Twitter, o Banco do Brasil voltou atrás e restabeleceu publicidade no site apontado por produzir fake news “Jornal da Cidade Online”. 

Na quarta-feira 20, após denúncia do perfil do Twitter Sleeping Giants Brasil (leia mais abaixo) e consequente pressão nas redes sociais, a instituição financeira havia anunciado que a propaganda não seria mais autorizada a aparecer no portal.

Contudo, a instituição pública restabeleceu a publicidade no mesmo dia. A área técnica, da qual faz parte Antônio Mourão, filho do vice-presidente da República, considerou excessivo o veto ao site por produção de conteúdo falso.

O presidente do banco, Rubem Novaes, defendeu o desbloqueio da publicidade. As informações são da Folha de S. Paulo

As fake news do “Jornal da Cidade Online” 

O site “Jornal da Cidade Online” tem divulgado informações falsas ou distorcidas em favor de Jair Bolosnaro pelo menos desde as eleições de 2018. Apurações feitas por agências de verificações de fatos, como Lupa e Aos Fatos, revelam que o portal já publicou mentiras a respeito do poder Judiciário, principalmente sobre a Justiça Eleitoral, e de personalidades políticas.

Publicada em 24 de outubro de 2018, a matéria “Ciro Gomes volta da Europa e vota em Bolsonaro” foi compartilhada 9 mil vezes e classificada como falsa pela agência Aos Fatos. Àquela altura, Ciro, derrotado em primeiro turno, tinha declarado apoio crítico ao candidato do PT, Fernando Haddad. Não havia sinal de que ele apoiaria Bolsonaro.

Outra notícia considerada falsa pela Agência Lupa foi publicada pelo portal em 5 de dezembro de 2019 e compartilhada 9,1 mil vezes. Com o título “Fundador e ex-deputado do PT denuncia envolvimento de Lula e do partido com o narcotráfico”, a matéria incluía um texto do ex-deputado estadual de Sergipe Ismael Silva no qual ele fundamentava suas afirmações a um áudio comprovadamente falso atribuído ao petista.

“Este caso revela que o Banco do Brasil, uma das maiores empresas públicas do país, está sendo usado como instrumento para financiar um veículo de fake News que favorece Jair Bolsonaro e o governo federal. É um escândalo que precisa ser investigado pela Polícia Federal”, afirma João Fukunaga, diretor executivo do Sindicato dos Bancários e funcionário do Banco do Brasil. 

Carlos Bolsonaro, gabinete do ódio e fake News

Sleeping Giants é um perfil americano criado para alertar empresas de que seus anúncios estão sendo veiculados em páginas que publicam fake news. Essas veiculações ocorrem porque as empresas contratam ferramentas como Google Ad Sense e com isso acabam não tendo controle de onde os anúncios são divulgados. O critério é definido pelo Google e a página é remunerada pelos cliques nos anúncios. 

Então foi criado o Sleeping Giants Brasil e o perfil começou a avisar as empresas brasileiras que seus anúncios estavam sendo veiculados no site acusado de publicar fake news “Jornal da Cidade Online”. O portal é alvo de processos judiciais e está sendo investigado por uma CPMI. Muitas empresas já informaram que vão retirar os anúncios, entre elas Telecine, Submarino e Dell.

Carlos Bolsonaro, o filho do presidente, atacou em seu perfil no Twitter a decisão do Banco do Brasil, que logo depois voltou atrás. O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro é considerado o líder do chamado, “gabinete do ódio”, estrutura denunciada por ex-apoiadores do presidente e montada no Palácio do Planalto por assessores ligados à família presidencial para atacar adversários e até aliados considerados incômodos, inclusive ministros.

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