Indicado pelo mercado para presidir o Banco do Brasil, André Brandão deve acelerar a venda de ativos do banco e tocar a agenda privatista pretendida pelo governo Bolsonaro. Seu antecessor, o inepto Rubem Novaes, apadrinhado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, falhou na missão, ainda que, no apagar das luzes, tenha cedido uma carteira de crédito de valor contábil de R$ 2,9 bilhões com um deságio de 90% ao BTG, banco fundado por Guedes.
>Empresa do conglomerado do BB daria retorno maior à carteira cedida ao BTG
Além de carreira em bancos de investimento, Brandão presidiu o HSBC no Brasil à época em que o escândalo internacional Swiss Leaks, de sonegação fiscal e evasão de divisas, veio à tona. Em maio de 2015, quando convocado para prestar esclarecimentos à CPI do Senado Federal que investigava movimentações suspeitas de brasileiros com contas na agência em Genebra do banco, ele enfatizou, por diversas vezes ao longo da sessão, que a filial brasileira do HSBC não tinha dados a respeito, conforme matéria do jornalista Fernando Rodrigues, um dos responsáveis pela apuração do escândalo no Brasil.
“Rubem Novaes saiu após uma série de desmandos, ingerências políticas e escândalos, entre eles o patrocínio em sites que espalham notícias falsas sobre inimigos do governo, mas sem conseguir tocar tudo aquilo o que o mercado queria do Banco do Brasil em relação ao fatiamento e à venda de ativos. Agora vem um homem do mercado para fazer o serviço, de passado suspeito e oriundo de bancos de investimentos”, ressalta João Fukunaga, diretor executivo do Sindicato e coordenar da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB).
À grande imprensa, fontes de mercado disseram que Brandão poderia agilizar a agenda de venda de ativos do BB, “lidar com grandes clientes e receber investidores”. “Dado o histórico do novo presidente e o que o mercado espera dele, não seria estranho dizer que a BB DTVM, a joia da coroa do Banco do Brasil, que opera na gestão de recursos e administração dos fundos de investimento dos clientes do banco, está na mira de bancos de investimentos internacionais, como o próprio HSBC e o suíço UBS, parceiro do BB na área de banco de investimento. A privatização reduziria a capacidade de intervenção e o papel estratégico do BB, até a total liquidação do banco”, acrescenta Fukunaga.