O Banco do Brasil atingiu, nos primeiros nove meses de 2022, um lucro líquido de R$ 22,72 bilhões, um crescimento de 50,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Somente no 3º trimestre de 2022, o lucro líquido do BB alcançou R$ 8,4 bilhões, aumento de 62,7% em relação ao 3º trimestre de 2021.
Segundo Getúlio Maciel, dirigente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e representante da Fetec-CUT/SP na CEBB, a direção do Banco do Brasil não valoriza os bancários que constroem o excelente resultado do banco. Pelo contrário, aumenta a sobrecarga de trabalho e massacra os trabalhadores com uma cobrança absurda por metas abusivas.
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"Os casos denunciados pelos funcionários dos escritórios no Cenesp, caixas e gerentes do PSO e colegas dos Cenop's em São Paulo, áreas nas quais os bancários estão se sentindo arrebentados com a cobrança por metas excessivas, exemplificam bem a realidade geral no Banco do Brasil. Os trabalhadores constroem resultados extraordinários e ainda assim, ao invés de valorizados, são massacrados com todo tipo de cobrança"
Getúlio Maciel
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Na comparação entre os primeiros noves meses de 2021 e o mesmo período deste ano, ocorreu no BB um acréscimo de 4,417 milhões de novos clientes. Por outro lado, houve um aumento de apenas 1.361 postos de trabalho em 12 meses.
"Apesar do Banco do Brasil ter iniciado a convocação dos aprovados na Seleção Externa 2021/001, o número ainda passa longe de ser suficiente. Cobramos a contratação de mais 10 mil novos funcionários, advindos de concursos anteriores e a realização de um necessário e urgente novo concurso", pontua o dirigente sindical.
"É necessário também destacar que o Banco do Brasil, enquanto banco público, não pode ter uma gestão orientada pelo lucro. É fundamental que o BB exerça sua função social, ofertando crédito mais barato para a população, para a agricultura familiar, para financiar a retomada do desenvolvimento do país a partir da eleição deste novo governo, que terá a missão de resgatar o país de uma crise econômica, social e política sem precedentes", conclui Getúlio.
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Outros números
A Carteira de Crédito Ampliada do BB totalizou R$ 969,2 bilhões em setembro de 2022, registrando um crescimento de 5,4% no trimestre e de 19% na comparação dos doze meses.
A carteira ampliada PF cresceu 2,7% no trimestre e 10,9% em 12 meses, influenciada pela performance positiva no crédito consignado (+2,4% no trimestre e +8,3% em 12 meses), empréstimo pessoal (+3,9% no trimestre e +22,6% em 12 meses) e cartão de crédito (+3,4% no trimestre e +31,5% em 12 meses).
A carteira ampliada PJ, por sua vez, registrou incremento trimestral de 5,3% e de 20,2% em 12 meses, com destaque para capital de giro (+5,6% no trimestre e +8,3% em 12 meses), TVM privados e garantias (+3,7% no trimestre e +53,3% em 12 meses), ACC/ACE (+18,5% no trimestre e +36,6% em 12 meses).
Já a carteira ampliada de Agronegócios expandiu 9,1% no trimestre e 26,7% em 12 meses, com ênfase para as operações de custeio (+25,4% no trimestre e +53,7% em 12 meses), de investimento (+12,2% no trimestre e +59,3% em 12 meses) e Pronaf (+7,5% no trimestre e +13,5% em 12 meses).
As despesas com provisão para créditos de liquidação duvidosa (PCLD) cresceram 15,5% em 12 meses, totalizando R$15,4 bilhões até setembro de 2022. O índice de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias foi de 2,34%, aumento de 0,52 p.p. com relação a setembro de 2021, ainda se mantendo inferior à inadimplência registrada no Sistema Financeiro Nacional (2,80%). O índice de Basileia foi de 16,72% no terceiro trimestre deste ano, 2,62 p.p. abaixo do verificado no 1º trimestre do ano de 2021.
As receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias aumentaram 11% entre janeiro e setembro de 2022, alcançando R$ 23,9 bilhões. As despesas com pessoal, incluindo o pagamento da PLR, totalizaram R$ 18,8 bilhões. Desta forma, apenas com o que arrecada com serviços e tarifas bancárias, uma receita secundária, o BB cobre em 127% o total de suas despesas com pessoal.