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Debate no Sindicato com delegação internacional

Linha fina
Entre os temas, necessidade de a sociedade participar da reformulação do sistema financeiro mundial e de cobrar líderes do G-20
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São Paulo - A crise financeira na Europa e o comportamento dos bancos em relação aos empregos foram temas centrais das discussões do encontro que reuniu a direção do Sindicato e representantes de entidades internacionais. A reunião ocorreu na sexta 9, na sede do Sindicato.

A efetiva participação da sociedade nas discussões do Sistema Financeiro Internacional e um posicionamento dos líderes do G-20 - grupo que reúne os 20 países mais ricos – sobre os reflexos que mudanças podem trazer aos empregos e às instituições financeiras foram alguns dos assuntos abordados pelos sindicalistas.

“Os bancos utilizam o argumento de que regulamentação gera demissão. O G20 ainda não se posicionou nisso. A gente ouve muitos líderes do grupo falando sobre geração de empregos, mas eles nunca falam do sistema financeiro”, disse o bancário brasileiro Marcio Monzane, chefe mundial da UNI, sindicato mundial. 

Segundo Monzane, os bancos precisam entender que chegou o momento de ganhar menos, de que reduzir custos pode significar diminuição dos lucros. E criticou as instituições financeiras por manterem o velho discurso de que, com a regulamentação, o dinheiro fica mais caro. “Quando se reduz o custo, o lucro também diminui. Querem reduzir custos, mas sem diminuir o lucro. Chegou a hora de entenderem que vão seguir ganhando, mas um pouco menos.” destacou.

Em seu discurso Monzane apontou três ideias em discussão sobre reformulação do sistema financeiro. Uma, que separa o sistema entre banco comercial e banco de investimento. Outra, que mantêm o sistema financeiro integrado como está, mas que cria um mecanismo de salvaguarda para o banco comercial, já que, normalmente, a crise sistêmica vem do capital especulativo e não do negócio comercial. E a terceira, em discussão no G20 - que segue tendência de vigorar - é a que mantém o sistema atual, mas amplia as formas de controle na esteira do Basiléia 3 e da taxação da movimentação de grandes capitais. “Aumentar o controle é positivo. Mas há um erro de princípio. A sociedade tem de participar da discussão, que não cabe somente ao Estado e ao mercado”, afirmou.

Contra demissões – Além da atuação junto aos órgãos reguladores para colocar a defesa do emprego no sistema financeiro nas discussões sobre a regulamentação do setor,  Monzane afirmou que a Uni está elaborando declaração conjunta com seus sindicatos filiados para atuar em duas frentes. Uma, que busca mostrar concretamente o que representa para sociedade quando um bancário é demitido, apontar os impactos tanto na qualidade do serviço prestado quanto no comércio local. Para isso, o blog www.bankonrights.org está sendo reformulado para mostrar essas realidades pelo mundo. A outra frente da declaração diz respeito à relação com os bancos. “Queremos negociação para garantir que nenhum processo de reestruturação seja feito sem participação dos sindicatos e que haja a garantia de emprego dos trabalhadores”, ressaltou o sindicalista ao destacar que o documento está em fase de aprovação pelos sindicatos em todos os continentes.

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, lembrou que os bancos brasileiros seguem divulgando lucros recordes e que não têm nenhuma justificativa para que haja demissões nos país. E que, inclusive, o resultado no Brasil tem puxado os lucros mundiais dos bancos internacionais. Ela ressaltou, ainda, a importância de mecanismos de proteção ao emprego, como a Convenção 158 da OIT, que inibe demissões imotivadas. “Os bancos brasileiros têm condições de não só manter os empregos, como contratar mais. Não há justificativa para redução de postos”, destacou.

A política do governo brasileiro pra se proteger da crise financeira global por meio do estimulo ao crédito, redução de impostos, bem como de apostar na renda do trabalhador para movimentar o mercado interno foi defendida e apontada como exemplo para outros países. Outro destaque do encontro foi a necessidade de manter os bancários unidos e organizados em todo o mundo para fazer valer a agenda dos trabalhadores e por um sistema financeiro mais justo.

Além de Márcio Monzane, o Sindicato recebeu a visita de Francisco José Garcia Utrilla e Manuel Rodrigues Aporta, secretário de Relações Internacionais e Secretário de Cooperação Internacional da COMFIA-CCOO - Espanha Comfia (Servicios Financieros y Administrativos), que representa o ramo financeiro da CCOO (Confederación Sindical de Comisiones Obreras), respectivamente, que é a maior central sindical espanhola. Também participou do encontro o brasileiro André Luis Rodrigues, diretor regional da Uni Finanças Américas.


Redação - 13/12/2011

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