São Paulo – Na manhã seguinte à festa realizada no luxuoso hotel Transamérica – onde o Itaú Unibanco homenageou aos funcionários que conseguiram completar três décadas de trabalho na empresa –, o Sindicato realizou um ato na terça 6 diante do Centro Empresarial Itaú Conceição (Ceic) para cobrar o fim das demissões. Faixas, informativos e discursos davam o claro recado: “Setúbal e Salles, permitam que outros bancários cheguem aos 30 anos de casa!”.
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O prédio abriga a sala da presidência e os principais diretores do Itaú Unibanco. “Fomos ao Ceic para dizer ‘basta’ a essa política de não valorização dos trabalhadores, assédio moral e demissões. Muitos são demitidos às vésperas de se aposentar”, critica a diretora do Sindicato e funcionária do banco Adriana Magalhães. Segundo ela, a homenagem dedicada aos “heróis” e “sobreviventes” trabalhadores está na contramão das práticas aplicadas pela instituição financeira no cotidiano. “É preciso criar alternativas eficientes de realocação para que todos tenham efetivamente chance de completar trinta anos de trabalho na instituição financeira.”
O banco dirigido pelos banqueiros Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles demitiu entre janeiro e novembro desse ano 2.589 trabalhadores. A intransigência da instituição levou o Sindicato a enviar carta ao Ponto de Contato Nacional (PCN) da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico por meio da qual denunciou o desrespeito às diretrizes da OCDE para empresas multinacionais.
> Sindicato denúncia Itaú Unibanco a OCDE
De acordo com Marta Soares, diretora do Sindicato e funcionária do Itaú, existe no Ceic um clima de intranquilidade diante das demissões que vêm ocorrendo. “Muitos reclamam da grande demanda de trabalho, extrapolação da jornada e trabalho no final de semana.”
Outro problema é em relação ao Plano de Oportunidade de Carreira (POC), que de acordo com as diretoras, tem sido ineficaz. “Às vezes o gestor comunica a seu subordinado que ele tem um mês ou até mesmo uma semana para procurar uma área para trabalhar. Existem vagas disponíveis, mas os funcionários não conseguem viabilizar esse processo”, denuncia Marta.
Enquanto isso, funcionários com dez ou mesmo vinte anos de banco são demitidos por não estarem ‘perfomando’. “Ora, esse funcionário enganou durante todo esse tempo trabalhado? Claro que não! Pois se não houver eficiência, não se permanece durante tanto tempo numa empresa”, destaca Marta Soares. Segundo ela, o que se quer é discutir a valorização dos funcionários do Itaú Unibanco “pois existe uma balança sem equilíbrio. De um lado há recorde de lucratividade no sistema financeiro nacional, do outro, demissões. Isso não podemos aceitar passivamente”.
Marcelo Santos - 06/12/2011