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Atenção reduz mortalidade infantil na periferia

Linha fina
Em Cidade Tiradentes, na zona leste da capital, programa da prefeitura fez cair taxa mortalidade de crianças com menos de 1 ano de 17,9% a cada mil nascidos vivos, em 2012, para 13,2% em 2015
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Sarah Fernandes, da Rede Brasil Atual
1º/12/2016


São Paulo – A mortalidade na cidade de São Paulo vem caindo ano a ano, desde 2012, sobretudo nos distritos mais pobres da capital paulista, indicam dados apresentados na quarta 30 em um seminário sobre a política de visitas domiciliares do programa São Paulo Carinhosa, que promove atendimento integral a crianças do município nos cinco primeiros anos de vida. Há quatro anos, a taxa de mortalidade infantil na cidade era de 11,41%. Em 2015, no entanto, ela caiu para 10,8%, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde. O índice calcula a quantidade de crianças que morreram antes de completar um ano, entre mil nascidos vivos.

O distrito onde houve a maior redução é Cidade Tiradentes, na zona leste, que concentrava a maior mortalidade de crianças da cidade: a taxa passou de 17,9% em 2012 para 13,2% em 2015.  Em Cidade Tiradentes não houve nenhuma morte de gestantes em decorrência de problemas de saúde não diagnosticados e não tratados na gravidez tanto em 2014 como em 2015.

"A queda na mortalidade infantil reflete que aquela população teve uma melhor qualidade de vida", disse a secretária adjunta de Saúde, Célia Cristina Bortoletto, durante o seminário, realizado na sede da prefeitura. "Em Cidade Tiradentes são quase cinco crianças que estamos ganhando a cada mil. O mais importante é saber que as pessoas que moram naquele lugar de tanta vulnerabilidade estão hoje com uma melhor qualidade de vida."

A melhora nos índices é atribuída, entre outras ações, ao programa São Paulo Carinhoso. Ao todo, 63.769 famílias de 10 territórios com piores indicadores de educação e saúde recebem regularmente visitas de agentes de saúde capacitados para identificar e reconhecer problemas em crianças ainda na primeira infância. "O São Paulo Carinhosa foi inspirado no programa Brasil Carinhoso, do governo federal, mas fazendo uma releitura para o que é atribuição do município. Ele congrega 14 secretarias, cada uma pensando como incluir a criança em sua agenda", disse a primeira-dama do município, Ana Estela Haddad, durante o seminário.

"É uma forma de empoderar as famílias, principalmente as com maior vulnerabilidade social. Às vezes a mãe é usuária de drogas, é adolescente, está sem o companheiro ou a criança teve problemas desde a gestação e apresenta problemas de saúde mais graves. Essa mãe precisa de uma rede social de apoio para que possa cuidar bem e fazer bom vínculo com criança e fazer com ela seja promotora do desenvolvimento infantil de forma integral", afirmou Ana Estela, que é coordenadora do São Paulo Carinhosa.

Para a realização do programa, a Secretaria de Saúde recebe um aporte de R$ 8 milhões do Ministério de Saúde, que se estenderá até 2018. A prefeitura não soube informar, no entanto, se a gestão do prefeito eleito João Dória dará continuidade às ações a partir do ano que vem. De acordo com a pasta, o São Paulo Carinhosa está na lista de programas prioritários que serão apresentados à equipe de transição.

"Quando o São Paulo Carinhosa foi criada por decreto criamos também uma unidade orçamentária específica para o programa, que na maioria dos casos trabalhou com recursos das próprias secretarias", disse Ana Estela. "São diversas outras ações além da saúde. O Circuito São Paulo de Cultura, por exemplo, passou a ter programação para crianças. Você vê as famílias de todas as classes sociais interagindo e participando. A alimentação escolar também mudou: se estabeleceu uma articulação com agricultores familiares e a prefeitura passou a adquirir alimentos deles para a merenda, além de reduzir o teor de açúcar e gordura."

A coordenadora de Saúde da Criança e Aleitamento do Ministério da Saúde, Thereza Delamare, afirmou que "haverá uma importância grande junto à nova gestão para que o programa continue". Segundo Thereza, a experiência de São Paulo deve ser agregada ao programa Criança Feliz, lançado em outubro e coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social, com o objetivo de ampliar a rede de proteção social para a primeira infância.

"A proposta do programa federal é começar pelos municípios e estados que já tem iniciativas de visita domiciliar. Acredito que São Paulo pode agregar bastante, especialmente apoiando o Ministério da Saúde na orientação dos profissionais", disse. "Conseguimos reduzir muito a mortalidade infantil no país nos últimos anos, agora é preciso criar condições para que essas crianças alcancem todo seu potencial, Já saímos um pouco das situações mais graves e agora o desafio é garantir que nossas crianças possam ter seu pleno desenvolvimento."
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