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Tirania

Direção da Caixa quer 'comissão autoritária' para economizar com promoção por mérito

Linha fina
Proposta atende apenas a interesses de executivos do banco, ressalta representação dos empregados, ignorando cláusula do ACT 2020/2022 e o esforço dos trabalhadores para cumprir o papel social da Caixa e atender a população durante a pandemia
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Montagem: Linton Publio

A Comissão Paritária que debate a promoção por mérito - formada por representantes dos executivos da Caixa e dos empregados - reuniu-se novamente nesta terça-feira 22, por videoconferência, para debater a sistemática da promoção para o ano-base 2020. Na ocasião, a Caixa não apenas rejeitou a proposta apresentada pelos representantes dos empregados como também defendeu a aplicação da Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) – que teve seus critérios divulgados apenas em dezembro – como critério exclusivo da sistemática, dizendo que “premiaria” com o delta aqueles classificados como superiores ou excepcionais, o que prejudica bastante os empregados por seu potencial excludente.

Além disso, os representantes dos executivos da Caixa deram de ombros para o que foi negociado no ACT 2020/2022, que prevê que as regras de promoção por mérito têm de ser negociadas com a representação dos empregados. “A Caixa realizará sistemática de promoção por mérito em 2021, referente ao ano base 2020, dos empregados ativos em 31.12.2020 […], conforme regras negociadas com as Entidades Representativas dos Empregados”, diz a cláusula 51 do documento.

A proposta apresentada pela representação dos trabalhadores mantinha a condição de o empregado atingir um delta, caso cumprisse os critérios objetivos, que são:

  • Frequência, valendo 20 pontos;
  • Curso da UCC que é cobrado no “eixo estilo” da GDP, valendo 20 pontos (podendo ser realizado até 28/02/2021);
  • Pontuação extra: 5 pontos para quem tiver o PCMSO válido em 31/12/2020;
  • Pontuação extra: ações de autodesenvolvimento, com 2 pontos por curso registrado no currículo (a pontuação extra teria limite de 10 pontos);
  • Avaliação de competências da GDP, valendo 20 pontos;

Pela proposta dos representantes dos trabalhadores, quem alcançasse 40 pontos nesta nova sistemática teria direito a um delta. O segundo delta seria distribuído às maiores notas da unidade, como nos anos anteriores.

Os representantes dos executivos da Caixa na Comissão Paritária, porém, insistiram no “GDP Emergencial”, pois disseram que a “alta direção” da empresa não aceitou a proposta dos empregados.

“Os representantes dos executivos da Caixa querem transformar a Comissão Paritária em Comissão Autoritária. Trouxemos, após debatermos com os empregados, uma proposta viável ao banco e, após a recusa em uma primeira reunião, levamos uma alternativa razoável. A ‘alta direção’, porém, rejeitou nossas tentativas de negociação ao insistir em uma proposta autoritária que prevê apenas a GDP, que é definida e alterada unilateralmente pela empresa”, enfatiza André Sardão, dirigente do Sindicato e da Apcef/SP e empregado da Caixa.

“Apesar de os empregados terem arriscado suas vidas durante toda a pandemia para cumprir o papel social da Caixa e atender a população, a direção do banco não abre mão de excluí-los do processo. Querem tirar dos empregados para distribuir aos executivos? A orientação para a redução dos gastos como parâmetro para o pagamento dos bônus ao alto escalão da Caixa foi relatada pela imprensa há poucos dias. O que vimos durante a negociação é que estão levando isso bem a sério”, acrescenta o dirigente.

Para a mídia, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, vangloria o esforço dos empregados e chega até a chorar, se for preciso. Mas, na prática, não reconhece e sequer negocia qualquer reconhecimento para aqueles que tanto se dedicam ao banco.

A primeira reunião do ano da Comissão Paritária que discute promoção por mérito ocorreu apenas no dia 16 de dezembro, e somente foi realizada após muita insistência dos representantes dos empregados. Nela, a representação dos empregados da Caixa apresentou a proposta da distribuição de um delta a todos os empregados que não estivessem enquadrados nos impedimentos previstos pelo RH 176, por entender que a discussão ocorre sem que haja, na prática, tempo hábil para a aplicação da sistemática de maneira justa e que, além disso, não há espaço para questionar o mérito na atuação dos empregados neste ano de pandemia.

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