A defesa da democracia, dos bancos públicos e de um modelo de desenvolvimento econômico baseado na distribuição de renda e na inclusão social foram a tônica dos debates desta terça-feira 3, segundo e último dia da 6ª Conferência Regional UNI Américas Finanças, que reúne trabalhadores e trabalhadores do setor financeiro de todos os países das Américas, em La Falda, município da província de Córdoba, na Argentina. O Brasil está representado por uma comitiva da Contraf-CUT, com dirigentes do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e de outros sindicatos do país.
Representantes de todos os países da América do Sul, Central e do Norte debateram também questões que afetam a todos, como o uso da tecnologia e da Inteligência Artificial para reduzir empregos e gerar precarização; discutiram sistemas de previdência e o envelhecimento da população e a luta por uma aposentadoria digna para todos; e ainda a necessidade de acordos globais para resguardar os direitos de trabalhadores e trabalhadoras de bancos que atuam de forma globalizada, em todo o continente.
- Leia sobre o primeiro dia: UNI Américas: trabalhadores do continente organizam a luta coletiva
Democracia
Neste segundo dia de conferência, a presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, participou de live na qual falou sobre a defesa da democracia.
Ela lembrou a história recente do país: o golpe de 2016 contra o governo Dilma que culminou na ascensão da extrema direita e, principalmente, as últimas revelações do plano de golpe para impedir que Lula assumisse a presidência e para que Bolsonaro se mantivesse no poder.
“A luta dos trabalhadores brasileiros foi fundamental na resistência aos ataques do governo Bolsonaro e foi determinante para a retomada de um projeto democrático e popular para o país, com a eleição do presidente Lula. Mas sabemos que estivemos à beira de um novo golpe em 2022, logo após as urnas darem a vitória a Lula. Foram reveladas novas e surpreendentes informações sobre os bastidores do golpe armado por Bolsonaro e os militares que o apoiam, inclusive com planos para assassinar o presidente, o vice e um ministro do Supremo Tribunal brasileiro. Também estamos vendo a ascensão da extrema direita em vários países do nosso continente e precisamos nos organizar internacionalmente para combatê-la. Assim, nos solidarizamos com a Argentina, que está sofrendo os ataques do governo Milei”, destacou Neiva.
Brasil na presidência da UNI Américas Finanças
Na Conferência houve também a eleição do novo comitê diretivo da UNI Américas Finanças. A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, foi eleita a nova presidenta da entidade. A brasileira substitui no cargo o argentino Sergio Palazzo. E a presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, também foi eleita para o Comitê Regional da UNI Finanças.
Juvandia encerrou a Conferência parabenizando a todos os participantes pelos debates e elogiando o trabalho de Sergio Pallazzo a frente da entidade. “Este evento que foi marcado por ricos debates, por reflexões profundas e, acima de tudo, pelo compromisso coletivo com trabalhadores e trabalhadoras do setor financeiro em nossa região. Queria parabenizar Sergio Pallazzo por sua liderança aqui na Argentina, por sua liderança na UNI Finanças e também na UNI Mundial.”
A nova presidenta da UNI Américas Finanças também saudou a todos pela esperança e pela luta coletiva, os temas do evento este ano: “Eu acredito, tenho esperanças coletivas. Acredito em todos nós, na nossa solidariedade, na nossa união. Acho que podemos sim, juntos, superar tudo isso e seguir fazendo organizações fortes, que representem bem os trabalhadores e que conquistem e ampliem direitos em todo o nosso continente. Companheiros e companheiras, é muito bom ter essa representação tão ampla, ter todos os países do nosso continente representados no nosso comitê executivo. Viva a UNI, viva a classe trabalhadora! A esperança é coletiva!”.
Moções
Nos dois dias de evento, os trabalhadores discutiram e aprovaram as moções “Rompendo Barreiras”, que prevê ações da UNI Américas para a organização da luta coletiva e do fortalecimento dos sindicatos em todo o continente; Transformações Econômicas e Tecnológicas no mundo do Trabalho; Impacto sindical por uma transição justa frente à mudança climática; Defesa dos bancos públicos; Democracia e Direitos Humanos.
Solidariedade ao povo argentino
Em seu discurso na abertura do evento, o secretário regional da UNI Américas, o brasileiro Márcio Monzane (ex-diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo) destacou a importância de as reuniões ocorrerem na Argentina, um país que enfrenta desafios políticos e econômicos. “Que esta Conferência reflita os temos que vivemos: um momento de resistência e de conquistas para o movimento sindical. Estamos aqui para nos solidarizarmos com os trabalhadores argentinos diante dos retrocessos do governo Milei.”
Próximas conferências
Os debates em La Falda continuarão com a realização das próximas conferências da UNI: a 7ª Conferência Regional UNI Américas Mulheres e a 6ª Conferência Regional da UNI Américas Juventude, ambas nesta quarta-feira 4, e a 6ª Conferência Regional da UNI Américas, entre os dias 5 e 7, que encerra o ciclo de eventos.
A UNI Américas é o braço continental da UNI Global Union, sindacto mundial que representa mais de 20 milhões de trabalhadores dos setores de serviços em todo o mundo e ao qual o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região é filiado.