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Chapéu
Audiência Pública

Descaso do Santander com população é debatido em Pirapora do Bom Jesus

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Foto de dirigentes do Sindicato na Câmara Municipal de Pirapora do Bom Jesus

O fechamento de agências e a terceirização fraudulenta promovidas pelo Santander foram denunciados mais uma vez em audiência pública, desta vez na Câmara de Pirapora do Bom Jesus, município que faz parte da base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

A audiência, na manhã desta terça-feira 9, foi solicitada formalmente pelo vereador José Aparecido, o Cidinho (PT), e contou com o apoio do Sindicato. Esta é a terceira audiência sobre o tema no estado de São Paulo – a primeira foi na Alesp, em junho, e a segunda foi realizada em Embu das Artes, na sexta-feira passada, dia 5.

“Pirapora é uma cidade com quase 19 mil habitantes e não conta com nenhuma agência de banco privado. E essa ausência afeta o comércio local, a população e, sobretudo, os idosos, que têm dificuldades em acessar a tecnologia dos canais digitais”, destacou a secretária-geral do Sindicato, Lucimara Malaquias, durante o debate.

A dirigente lembrou que mais uma vez o Santander foi convidado a participar da audiência mas, assim como fez nas demais, não enviou nenhum representante. “É mais uma demonstração do desrespeito e descompromisso do banco espanhol com os cidadãos brasileiros. Ressaltando que o grupo espanhol tem no Brasil seu segundo maior lucro, ficando atrás apenas da Espanha.”

Lucimara destacou ainda que as audiências públicas que estão sendo realizadas têm o propósito de envolver os poderes legislativos municipais e as comunidades locais na luta pela abertura de agências, por atendimento bancário humanizado e pela universalização dos serviços bancários.

Sem agência

O vereador Cidinho lembrou que única agência bancária na cidade era a do Santander, que antes pertencia ao Banespa, e que de repente foi fechada pelo banco espanhol. “Uma agência aqui é muito importante para a cidade. Temos apenas caixas eletrônicos que não funcionam. Pirapora do Bom Jesus recebe durante o ano mais de 100 mil romeiros, e essas pessoas também ficam sem serviços bancários, deixando de gastar no município. Além disso, 80% dos moradores daqui têm conta no Santander e têm de se deslocar a outros municípios para serem atendidos”, destacou.

O presidente da Câmara, vereador Francisco José Soldado, recordou que a agência era do Banespa (comprado pelo Santander em 2000), e que foi encerrada pelo banco espanhol. “Podem contar com essa Câmara e com todos os vereadores nessa batalha”, disse.

Agência pioneira

O deputado estadual Luís Cláudio Marcolino (PT) também participou da audiência. Ele ressaltou que o Banco Central prevê uma série de vantagens para que os bancos mantenham agências pioneiras (que operam em praças sem nenhuma outra agência ou posto de atendimento bancário).

“O BC prevê vantagens para as agências pioneiras, por exemplo: os depósitos feitos nessas agências não são computados para recolhimento dos compulsórios”, informou. O recolhimento dos compulsórios é uma medida que, entre outras funções, ajuda a manter a solvência do sistema bancário, assegurando que os bancos tenham reservas para honrar saques e outras obrigações.

Outra vantagem, citou o deputado, é que agências pioneiras não precisam seguir o mesmo horário de funcionamento determinado pelo BC às demais unidades de atendimento bancárias, podendo, em acordo com o legislativo e a população locais, funcionar em um horário diferenciado. E, ainda, podem celebrar convênios com entidades locais para reduzir custos de funcionamento, como alugueis.

O deputado, que é ex-presidente do Sindicato e foi o proponente da audiência na Alesp, sugeriu ações de mobilização em prol da reabertura da unidade pelo Santander e destacou que, uma vez que o banco encerrou a única agência no município, deveria pelo menos deixar de cobrar tarifas dos clientes de Pirapora. “O Santander vira as costas para a população”, concluiu.

Terceirização fraudulenta

A diretora do Sindicato Wanessa de Queiroz, coordenadora da COE Santander, falou sobre a contratação fraudulenta praticada pelo banco espanhol desde 2019. “O banco tem reduzido a categoria, ao transferir os bancários para outras empresas do grupo para executar os mesmos serviços, mas ganhando VA, VR e PLR menores e sem os direitos previstos na Convenção dos bancários.”

Os dados sobre a fraude trabalhista cometida pelo banco e sobre o fechamento de agências em São Paulo e todo o país foram apresentados pela economista do Dieese, Cátia Uehara.

De acordo com o Banco Central, entre 2019 e 2024 foram encerradas 301 agências do Santander em todo o país, uma redução de 11%. Essa diminuição foi ainda maior no estado de São Paulo: queda de 16% no número de agências no período (-211) e, apenas 2025, já foram fechadas 143 agências.

Dados do balanço do grupo Santander também corroboram a terceirização fraudulenta: mesmo com aumento do número de empregados no grupo – eram 47.819 em 2019 e 55.656 em 2024, um crescimento de 16,4% –, as despesas com pessoal do grupo

caíram 4,1% no mesmo período. Justamente porque o Santander está transferindo empregados do banco para as empresas coligadas, e reduzindo seus direitos e suas verbas remuneratórias.

Sindicato na luta

Vários dos dirigentes do Sindicato destacaram durante o debate a luta empreendida pela entidade contra a terceirização fraudulenta e a redução de agências pelo Santander e pelos demais bancos em geral. Além de protestos e mobilizações nacionais, o Sindicato já articulou e participou de audiências públicas em Brasília, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte. “E vamos continuar denunciando o descaso do Santander com a população em outras audiências públicas nos municípios paulistas que carecem de atendimento bancário”, anunciou a diretora executiva do Sindicato Ana Marta Lima.

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