O Sindicato, por meio do Grupo de Trabalho de Saúde dos empregados do Itaú, se reuniu novamente com o banco na quarta-feira, 3 de dezembro, para tratar de uma série de problemas relatados pelos bancários. Entre as principais pautas estiveram as convocações para Avaliação de Capacidade Laborativa (ACL), o funcionamento do canal de denúncias de assédio, dificuldades no IU Conecta, descontos no contracheque e o programa Linha de Cuidado, apresentado pelo banco.
Convocações para ACL preocupam bancários afastados
Trabalhadores em licença médica denunciaram que foram convocados pelo Itaú para passar por uma ACL, com ameaça de advertência em caso de não comparecimento.
O movimento sindical questionou o banco porque bancários com contrato suspenso — seja por estarem afastados ou com pedido de prorrogação de benefício — não podem ser submetidos a esse tipo de avaliação. Também foi levantada a situação de empregados que, mesmo após passarem por exame de retorno ao trabalho, estão sendo chamados novamente.
O banco afirmou que as avaliações servem para “entender o motivo do afastamento” e que seriam convocados apenas trabalhadores que já receberam alta do INSS ou aguardam novo benefício. Quanto aos casos de bancários com contrato suspenso que receberam mensagens, o Itaú disse que verificará o ocorrido e que a participação em ACL não é obrigatória e nem passível de advertência.
Os representantes dos bancários reforçaram que o Itaú precisa ser mais transparente e respeitar a legislação, sendo inadmissível que bancários fragilizados, em tratamento, recebam convocações indevidas e ameaças de advertências. Nenhum trabalhador com contrato suspenso pode ser pressionado e exposto a práticas que podem agravar seu estado de saúde.
Canal de denúncias precisa de melhorias urgentes
Outra preocupação recorrente é o canal utilizado pelos trabalhadores para denunciar situações de assédio moral e sexual. O GT cobrou sigilo, proteção ao denunciante e mais rapidez nas apurações.
Além disso, os representantes dos trabalhadores criticaram o fluxo atual, em que o primeiro a ser ouvido é justamente o denunciado. O Itaú se comprometeu a levar o responsável pelo Ombudsman à próxima reunião para discutir ajustes.
Valeska Pincovai, diretora executiva do Sindicato e coordenadora da COE Itaú (Comissão de Organização dos Empregados do Itaú), destacou que o modelo atual não garante segurança aos denunciantes. “Um canal de denúncias só funciona se o trabalhador confiar nele. Hoje, essa confiança não existe. Precisamos de sigilo real, proteção contra retaliações e um fluxo que não exponha quem denuncia. O banco deve agir com responsabilidade para enfrentar o assédio.”
IU Conecta é insuficiente e dificulta anexação de documentos
Os bancários também estão enfrentando problemas para anexar documentos no IU Conecta. O banco explicou que a plataforma suporta apenas 2 megabytes por arquivo e que, quando há necessidade de enviar um novo atestado, só é possível anexá-lo após o encerramento do anterior.
Comunicações sobre retorno ao trabalho serão revistas
O GT também tratou dos e-mails enviados pelo banco aos empregados que estão prestes a receber alta do INSS. O Itaú envia três comunicados antes da data prevista para o retorno, o que tem gerado sensação de pressão.
O banco enviará os textos ao GT para construção conjunta de uma comunicação mais clara e que não gere constrangimento ao trabalhador que ainda não sabe se estará apto.
Descontos no contracheque durante afastamento serão explicados
Outro problema recorrente são os descontos referentes a adiantamentos salariais nos períodos de afastamento. Após denúncias de inconsistências, o banco se comprometeu a levar, na próxima reunião, um representante da folha de pagamento para explicar as rubricas e esclarecer os valores descontados.
Programa Linha de Cuidado é apresentado, mas GT pede ajustes
O Itaú apresentou ainda o programa Linha de Cuidado, em parceria com o Grupo Fleury. Nele, trabalhadores elegíveis passam por consulta com enfermeira generalista e, se necessário, são encaminhados para médico generalista e exames — que, no entanto, têm coparticipação pelo plano de saúde.
O GT sugeriu que, por se tratar de um programa do banco, os exames não deveriam gerar custos aos participantes. A representação dos trabalhadores avaliou que o programa pode ser positivo, desde que não gere ônus ao trabalhador, que já está passando por problemas de saúde.
Para os representantes dos bancários, se o Itaú realmente pretende prevenir o adoecimento dos trabalhadores, o banco deveria enfrentar as causas do adoecimento: as metas abusivas e o assédio moral.
“Sem enfrentar a origem do problema, os fatores que levam ao adoecimento dos bancários, as metas abusivas, o assédio moral, a sobrecarga de trabalho, qualquer programa de atenção à saúde é insuficiente”, conclui Valeska Pincovai.
