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Após ação do governo, juros caem mais

Linha fina
Graças às instituições públicas, dados mostram que investida do governo federal de fato baixou o spread geral da economia
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São Paulo – Os juros bancários voltaram a cair. A pesquisa mensal da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) indica que as taxas médias cobradas da pessoa física tiveram queda em dezembro na comparação com novembro, fechando 2012 no menor patamar da série histórica iniciada em 1995.

O dado confirma o que vem ocorrendo gradualmente desde abril do ano passado, quando o governo federal lançou uma ofensiva contra os altos juros bancários, baixando as taxas das instituições públicas. Banco do Brasil e Caixa Federal anunciaram programas de crédito para pessoas física e jurídica com taxas menores do que as anteriormente praticadas e, a partir daí, foram anunciando linhas com juros cada vez mais baixos.

Os privados reclamaram e peitaram a presidenta Dilma Rousseff. Relatório da Febraban, assinado pelo conomista-chefe da federação, Rubens Sardenberg, desafiou: "Alguém já disse que 'você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber água’”. A presidenta exigiu retratação e os banqueiros, além de correrem para contornar o mal-estar, nos meses seguintes tiveram de beber a água do rio, ainda que menos do que deveriam.

> Dilma exige retratação da Febraban sobre juros

O estudo da Anefac mostra que a taxa anual média de juros das operações de crédito para pessoa física, nos bancos públicos e privados, encerrou 2012 em 88,83%. Em março, último mês antes da ofensiva do governo, beirava 110% (108,87%), de acordo com a mesma pequisa. A variação de quase 20 pontos percentuais equivale a uma queda de 18,25%.

Crescer no volume – O Sindicato apoiou desde o início a investida do governo federal e defendeu que a redução dos altos juros bancários brasileiros não acarretaria perda de ganhos para as instituições financeiras. Isso porque o país tem grande margem para o crescimento das operações de crédito.

“Diante do nosso atual nível de emprego e da política de valorização do mínimo, aumentou muito o percentual da população brasileira com capacidade para acessar o crédito bancário. O que defendemos é que, baixando as taxas, os bancos vão ganhar no volume de operações”, diz a presidenta da entidade, Juvandia Moreira.
Foi o que aconteceu com a Caixa Federal. O banco público que mais baixou os juros foi também o que teve maior crescimento da carteira de crédito e, consequentemente, aumento maior do lucro.

De acordo com o Dieese, de janeiro a setembro de 2012, a carteira de crédito da Caixa cresceu 43%, atingindo R$ 324,5 bilhões. No mesmo período, o lucro da instituição subiu 18% em relação aos nove primeiros meses de 2011.

Para ter ideia do que significa esse resultado, basta compará-lo com o de bancos privados. De janeiro a setembro do ano passado, o lucro do Bradesco aumentou 2% em relação ao mesmo período de 2011, e o do Itaú teve queda de 3,25%.

Spread – A presidenta do Sindicato destaca que, apesar desse movimento de queda dos juros, não se pode esquecer que o spread bancário (diferença entre o que os bancos gastam para captar dinheiro e quanto cobram para emprestá-lo) ainda é muito alto no Brasil, e que a relação crédito/PIB, que também cresceu por conta da diminuição das taxas, ainda é baixa. “O spread no Brasil ainda tem muito a diminuir, pois continua sendo um dos mais altos do mundo”, diz.

A diminuição dos juros resultou em queda de 6 pontos percentuais no spread geral da economia brasileira, mas ainda alcança o patamar de 22 pontos percentuais. Em países como Argentina, Chile, México, África do Sul, China e Rússia, os spreads situam-se entre 3 e 4 p.p.

Cheque especial – De abril a novembro de 2012, a taxa de cheque especial para pessoa física, por exemplo, caiu de 8,04% ao mês para 4,28% ao mês na Caixa, ou seja, redução de 47%; no BB a queda foi de 39%, passando de 8,65% em abril para 5,27% em novembro. Nos privados, o Santander baixou em 2%: era 10,31% em abril e ficou em 10,07% em novembro. Bradesco, Itaú e HSBC reduziram os mesmos 4%. No Bradesco era de 8,78%, sete meses depois foi para 8,42%. No Itaú, passou de 8,87% para 8,49%. E no HSBC de 10,14% para 9,78%. Os dados são do Dieese.

Desconto de duplicata – Nas linhas de crédito para pessoa jurídica, o ranking de redução de juros entre abril e novembro seguiu a mesma lógica. BB e Caixa reduziram suas taxas para desconto de duplicata em 21% e 35%, respectivamente. Enquanto que Bradesco e Itaú apresentaram queda de 13%; Santander, 12% e HSBC, 6%.

Crédito pessoal – Nessa linha para pessoa física os bancos públicos também foram campeões em redução. A Caixa, que praticava taxa de 2,41% ao mês em abril, passou a cobrar 1,81% em novembro, queda de 25%. Os juros do BB eram de 2,70% e no 11º mês já chegavam aos 2,13%, ou seja, -21%.

Os privados novamente ficaram atrás. Bradesco cobrava 4,92% em abril e passou para 3,99% em novembro, diminuição de 19%. Itaú reduziu em 17% (de 4,16% a.m. para 3,44% a.m.); Santander em 16% (de 3,53% a.m. para 2,96% a.m.); e HSBC em 9% (de 4,44% a.m. para 4,03% a.m.).

Capital de giro – Na Caixa houve queda de 44% na linha capital de giro, para pessoa jurídica. No BB, a queda foi de 29%. Dos privados, o que mais reduziu foi o Itaú, com -21%, seguido do Santander (-20%), Bradesco (-19%) e HSBC (-10%).


Andréa Ponte Souza - 17/1/2013
(Atualizado às 15h24 de 18/1/2013)

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