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Bancários são pressionados em “ranking disfarçado”

Linha fina
Trabalhadores do centro de decisão de crédito do Santander passam por humilhações e ameaças de demissão diante de resultados de GP, ferramenta que chega a medir metas de hora em hora
Imagem Destaque

São Paulo – Na rotina dos funcionários do centro de decisão de crédito do Santander, localizado no Casa 1, a existência de um “ranking disfarçado” virou uma pedra no sapato de muitos trabalhadores. O Sindicato considera que a prática vai contra a cláusula 35ª da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), que proíbe a exposição pública individual da colocação de bancário nos resultados impostos pela instituição financeira.

Segundo o diretor da Fetec-CUT/SP Roberto Paulino, o processo não é chamado pelo banco de ranking, e sim de GP, uma ferramenta que chega a medir o desempenho do bancário de hora em hora. “São quatro grupos com cerca de 30 funcionários cada que devem cumprir suas metas, mas o resultado é individual. Alguns trabalhadores estão sendo pressionados de forma assediadora. O funcionário é chamado em uma sala acompanhado pelo líder da equipe, coordenador e gestor para ter o feedback, o retorno. Não são divulgados números, apenas colocações”, explica o dirigente.

Após esse processo, segundo Roberto, os últimos colocados no GP são humilhados, recebem ameaças de demissão, são desprezados pela supervisão e passam por constrangimento todo mês. “O tom de ameaça faz com que alguns bancários saiam apreensivos da sala de reunião, mesmo quando atingem a meta, mas não ficam nas primeiras colocações. O Sindicato é contra metas individuais e contra metas abusivas”.

A relações sindicais do Santander foi procurada e alegou que “a ferramenta GP não se assemelha em nada a processo de ranking” e que não existem problemas na gestão do departamento. “E você, bancário do centro de decisão de crédito, acha que não existe problema na gestão desta ferramenta?”, questiona o dirigente sindical.

Roberto Paulino ressalta que os trabalhadores estão com medo de represálias, mas devem denunciar os casos de assédio moral para que providências sejam tomadas. “As queixas podem ser feitas pelo site do Sindicato. Vamos avaliar os casos e acompanhar de perto, pois os funcionários não podem passar por humilhações e intimidações para bater metas, em situação alguma. O GP nada mais é que um ranking mascarado, o que fere a cláusula conquistada pela categoria e prevista na CCT”, conclui. Ele lembra que doenças mentais causadas por conta do estresse e cumprimento de metas abusivas, atualmente, são uma das principais causas de afastamento na categoria bancária.

Os trabalhadores que passarem por situações constrangedoras nas avaliações do GP do Santander devem utilizar o instrumenro de combate ao assedio moral (clique aqui). A identidade do bancário será preservada.


Gisele Coutinho – 22/1/2013
(Atualizado às 14h45 de 24/1/2013)

 

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