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BV Financeira joga sujo contra funcionário adoecido

Linha fina
Além de demitir trabalhador com problemas psiquiátricos causados por política de terror, empresa descumpre compromisso firmado com Sindicato
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São Paulo – Não cumprimento de acordo e tentativa de fraudar, mais uma vez, o direito do trabalhador que dedicou 16 anos à empresa. É dessa forma que se caracteriza a atual postura da direção da BV Financeira, que, após denúncia do Sindicato, havia se comprometido a reintegrar funcionário em tratamento psiquiátrico que fora mantido em cárcere privado para que assinasse forçadamente carta de demissão.

A reintegração foi acordada com o Sindicato durante reunião na sexta-feira 16, com o responsável pela área de Recursos Humanos (RH) da BV, mas, em vez de cumprir o combinado, a financeira tentou forjar provas contra o trabalhador, alegando terem sido enviados por ele e-mails desrespeitosos. O funcionário garante que as mensagens não são de sua autoria.

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“O mais incompreensível em tudo isso é que a empresa diz ter rastreado um e-mail comprometedor do funcionário em 2006 e demorou sete anos para demiti-lo. Além de o trabalhador ter provas para desmentir tal denúncia, a empresa, durante todos esses anos, desrespeitou uma série de direitos, seja com assédio moral ou com ações que o levaram ao adoecimento psiquiátrico, quadro em que se encontra atualmente”, avaliou Raquel Kacelnikas, secretária-geral do Sindicato.

Desde 2007, o trabalhador sofre assédio moral e perseguição. Isolamento, pressão e chacotas passaram a fazer parte da rotina. O tratamento dispensado fez com que ele iniciasse tratamento psiquiátrico em 2011, com laudo médico atestando nexo causal, ou seja, doença do trabalho. Porém, em vez de a empresa emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e afastar o funcionário doente, resolveu demiti-lo.

Reconhecimento do erro - Durante a reunião com o Sindicato, o diretor do RH da financeira assumiu que o ambulatório responsável pela liberação da CAT agiu incorretamente. “Além disso, o responsável da área concordou que a demissão não poderia ter ocorrido da maneira como foi, mantendo o trabalhador em uma sala para que assinasse forçadamente a carta de demissão, ainda mais sabendo que precisava ser afastado pelo INSS, conforme recomendações médicas”, completou Raquel.

Descumprimento do acordo - Após o reconhecimento dos erros e excessos, a financeira havia se comprometido a reintegrar o trabalhador. Entretanto, no dia em que seria entregue o novo atestado médico à responsável pela área de relações sindicais da empresa, o processo de reintegração foi interrompido e, a partir de então, a direção alega que não cumprirá com o acordo, tentando culpar o trabalhador por ações que, segundo ele, não realizou.
 
“O assédio moral está institucionalizado nas práticas da direção da BV Financeira”, alerta Raquel, ao repudiar esse modelo de gestão “que retira das pessoas a dignidade e a saúde”. Segundo a dirigente, após denúncia publicada na matéria do dia 9 de janeiro, uma série de casos relacionados a assédio e desrespeito aos direitos dos trabalhadores na BV foi denunciada ao Sindicato.

“Além de auxiliar o trabalhador, o Sindicato dará todo o suporte aos outros funcionários que se sentirem lesados nos seus direitos, nem que seja necessário ingressar na Justiça, pois percebemos que o caso em questão não é isolado”, completa Raquel.

Os trabalhadores podem enviar denúncias pelo e-mail [email protected] ou pelo 3188-5209.

Processos na Justiça – Segundo pesquisa do Conselho Nacional de Justiça, a BV Financeira está na lista das empresas que mais dão trabalho à Justiça no Brasil. No setor privado, a financeira é a líder em processos na Justiça iniciados em 2011, seja como ré ou autora. Em São Paulo, a BV tem 1.661 funcionários e no Brasil, cerca de 4 mil.


Tatiana Melim – 16/1/2013

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