São Paulo – As cooperativas de crédito no Brasil alcançaram um bom resultado em 2012. Os ativos dessas instituições atingiram a marca histórica de R$ 103,15 bilhões em setembro, segundo dados dos balanços enviados no último trimestre do ano ao Banco Central (BC). No período de dez anos, tiveram crescimento de 600% no estoque de empréstimos e financiamentos.
Os números foram divulgados pelo diretor de relações institucionais do BC, Luiz Edson Feltrim, em entrevista ao jornal Valor Econômico e mostram que em 2012, até setembro, o cooperativismo cresceu em um ritmo mais forte que o conjunto do Sistema Financeiro Nacional (SFN), tanto em ativos totais quanto em saldo de operações de crédito.
O conjunto das cooperativas, se formasse um banco, corresponderia ao oitavo maior conglomerado financeiro do país em ativos totais. Em rede própria de atendimento, seria o terceiro maior, atrás apenas do Banco do Brasil e Bradesco.
Bandeira do Sindicato - Para Raquel Kacelnikas, secretária-geral do Sindicato, esse crescimento junto à valorização do cooperativismo por parte do governo é essencial para o desenvolvimento do país, uma vez que a doutrina econômica e social empregada por essas instituições representa uma forma alternativa de geração de trabalho e renda. “O cooperativismo, defendido há anos pelo Sindicato, tem um papel includente e uma lógica diferente da do sistema mercantilista, pois é uma associação autônoma de pessoas que se unem para suprir suas necessidades econômicas e sociais, por meio de uma empresa de propriedade comum e democraticamente gerida”, defende.
A dirigente ressalta o conceito de cooperativismo, em que as pessoas são mais importantes do que o lucro. Lógica totalmente inversa à empregada no modelo de gestão das instituições financeiras. “O governo federal, ao utilizar os bancos públicos para forçar a redução nas taxas de juros e incentivar a liberação de crédito para a população, percebeu o papel fundamental das cooperativas, responsáveis por oferecer à população opções mais justas e vantajosas para contrair o crédito”, analisou, ao destacar o fato de que muitas cooperativas já estão em locais mais afastados, onde os bancos não chegam.
Apesar de reconhecer os incentivos do governo, Raquel ressalta que a participação dessas instituições nos ativos de crédito da economia ainda é pequena, representando apenas 2%.
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Trabalho e renda – De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o setor cooperativo no Brasil reúne mais de 9 milhões de associados e gera 300 mil empregos diretos. Em todo o país, cerca de 30 milhões de pessoas estão ligadas ao movimento cooperativista. No mundo, o número chega a 1 bilhão em mais de 100 países, além do fato de o cooperativismo responder pela geração de mais de 100 milhões de empregos.
“São muitos trabalhadores envolvidos diretamente nesse segmento, por isso entendemos que os trabalhadores de cooperativas de crédito devem ser representados pelo Sindicato dos Bancários, uma vez que fazem parte do universo financeiro. Estamos em debate com todos os sindicatos para estabelecer um piso nacional para esses trabalhadores”, finaliza Raquel.
Redação, com informações do Valor Econômico – 8/1/2013
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Sindicato defende cooperativismo como forma alternativa de geração de trabalho e renda, cujo modelo de autogestão valoriza pessoas em vez do lucro
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