São Paulo - Apesar da crise internacional e seu impacto negativo nas economias dos EUA, Europa e Ásia, o Brasil vem conseguindo manter a tendência de crescimento.
Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro subiu 0,6% no terceiro trimestre de 2012 (dado mais recente), no mesmo período houve queda no PIB de países como Espanha (-0,3%), Portugal (-0,8%), Itália (-0,2%), Holanda (-1,1%) e Japão (-0,9%), e crescimento menor na Alemanha (0,2%). No acumulado de 2012 (até setembro), o PIB brasileiro cresceu 0,7% e a expectativa é que os dados do quarto trimestre já mostrem aceleração maior. A perspectiva é a mesma para 2013. “Há uma boa expectativa para o PIB deste ano, de 3,5% a 4%”, aponta o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre. A avaliação é de que medidas adotadas pelo governo federal retiraram alguns entraves históricos ao desenvolvimento brasileiro e alavancaram a produção.
A mais recente delas foi o corte no valor da energia elétrica. A redução será de 18% para consumidores domésticos e de até 32% para indústria, comércio, serviços e agricultura. O desconto na conta de luz, segundo cálculo da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), vai representar economia anual de R$ 31,5 bilhões para o setor produtivo.
A diminuição da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 7,25% ao ano, também é fundamental para a retomada de um ritmo maior de crescimento este ano. “Essas medidas vão impulsionar o investimento, tanto privado quanto público. Justamente o que, em 2012, puxou o PIB para baixo”, explica o técnico do Dieese.
O consumo das famílias cresceu 2,8% até setembro e sustentou o resultado estável do PIB. “Não há dúvida que o mercado interno fortalecido está sendo essencial para manter o país forte diante da crise mundial. E isso se deve ao aumento do emprego e às políticas públicas de valorização do salário mínimo e dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família”, ressalta.
De 2002 a 2013, o salário mínimo teve aumento de 70,5% acima da inflação. “Isso impacta positivamente no rendimento de cerca de 45 milhões de brasileiros, que ganham o mínimo ou que têm seus rendimentos referenciados por ele”, explica o economista. Além disso, salário e renda também mantiveram crescimento. “O ganho real médio dos trabalhadores foi de 2,3% no primeiro semestre, o melhor desde 1996, chegando a superar o resultado de 2010, quando o PIB do país chegou a 7,5%.”
O mercado de trabalho também cresceu em 2012. Segundo dados do IBGE, referentes a novembro, o total de trabalhadores com carteira assinada aumentou 2,5% em relação a novembro de 2011, e o desemprego ficou em 4,9%, a menor para o mês desde o início da série histórica, em março de 2002, e a segunda menor de toda a série. “A expectativa para 2013 é de aumento maior do emprego, principalmente por conta dos investimentos para a Copa das Confederações em 2013, e para a Copa do Mundo, em 2014”, destaca o técnico do Dieese.
Na contramão – Também foi importante a investida do governo para baixar os altos juros bancários, promovendo, desde abril, sucessivas quedas nas taxas de empréstimo do Banco do Brasil e da Caixa Federal. Assim, as instituições financeiras privadas se viram forçadas a fazer o mesmo, embora de forma ainda tímida.
A somatória de todas as medidas aumentou a capacidade da população em tomar crédito e a margem para a bancarização é maior. “Portanto, os bancos têm tudo para contribuir com o desenvolvimento do país. Diante do quadro de crescimento brasileiro, de aumento do peso dos salários no PIB e de 1,3 milhão de empregos gerados (em 2012, segundo dados do Caged), o setor financeiro privado continua na contramão, promovendo demissões e baixa redução dos juros”, conclui a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.
Andréa Ponte Souza - 31/1/2013
Linha fina
Corte na tarifa energética, diminuição da taxa de juros e crescimento da renda do trabalhador e do mercado de trabalho que país deve seguir em pleno desenvolvimento
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