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Ministro diz que MPs estão sendo negociadas

Linha fina
Em conversa com blogueiros, Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência da República reafirma argumentos do Executivo. Jornalistas veem iniciativa do encontro como positiva, mas se desapontam com falta de novidades. Barbosa rejeita recuo
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Brasília – O ministro Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência da República, afirmou na quinta 29 que governo e movimentos sociais têm o desafio de mostrar maturidade no relacionamento que vem sendo formado ao longo dos anos. A declaração foi uma referência clara à controvérsia em torno das medidas de aperto fiscal, mudanças no acesso a direitos sociais, aumento de juros e de tributos.

Para os setores de esquerda, que atuaram pela reeleição de Dilma Rousseff, as 'medidas corretivas' adotadas sob orientação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, são uma recaída neoliberal e contradizem as diferenças de projetos confrontados na eleição. Ao reunir jornalistas e blogueiros com influência nos setores de esquerda, o ministro dá andamento ao que a presidenta chamou de "batalha da comunicação".

Rossetto afirmou, durante café da manhã, que faz parte do movimento democrático conviver harmonicamente sem a necessidade de existir sempre concordância. E que este é um desafio que precisa ser travado com maturidade. “Conviver não significa concordar com tudo. Precisamos ter a compreensão disso e capacidade para conviver com opiniões distintas. Representa maturidade do diálogo que tem sido construído nos últimos anos”, acentuou.

A fala do ministro foi uma resposta a questionamentos feitos pelos blogueiros sobre insatisfações dos movimentos sociais com esse início de governo. A frustração vai desde a montagem da equipe ministerial a mudanças em benefícios como seguro-desemprego, pensão por morte, abono salarial e seguro-defeso (para pescadores).

O ministro tem nova reunião com as centrais sindicais na terça 3, em São Paulo, para tratar do assunto. O governo está negociando os termos das medidas provisórias que restringem o acesso a esses e outros direitos. É dado como certo que na reunião de terça-feira seja anunciado um recuo em relação ao seguro-desemprego.

Aos blogueiros, Rossetto repetiu a linha defendida pelo discurso da presidenta Dilma na terça-feira 27 – que disse não ter traído seu discurso de campanha – e reafirmou que não haverá perdas para os trabalhadores e, sim, ajustes “para que possamos chegar em 2016 mantendo os programas em andamento e com mais emprego e renda distribuídos, com maior qualificação para as pessoas”.

E enfatizou que o governo não está se desviando de objetivos construídos ao longo dos últimos 12 anos e reiterados na campanha eleitoral. “Não há nenhuma alteração dos nossos compromissos sociais. O que acontece é que, para que possamos continuar com essa agenda de desenvolvimento, é necessário fazermos alguns ajustes. Estamos, sim, preservando direitos importantes para os trabalhadores, ao manter ações que atendem a milhões de brasileiros.”

Questionado a respeito de medias anticíclicas que poderiam ter sido adotadas para enfrentar efeitos da crise global, em vez do receituário de aperto que degrada as condições sociais na Europa, o ministro argumentou que o atual governo tem um limite fiscal. “Abrimos mão de receitas, ampliamos gastos, toda a política de juros foi feita até agora no sentido de serem preservados direitos importantes para os brasileiros e não vamos desviar deste rumo”, disse, ressaltando que os impactos das medidas recém-anunciadas são bem menores do que o de ajustes fiscais adotados por países em crise, como a Grécia.

Blogueiros - Participaram do encontro Cynara Menezes (blog Socialista Morena, no site da revista CartaCapital), Conceição Oliveira (Maria Frô), Paulo Moreira Leite (Blog do Paulo Moreira Leite, no site Brasil 247), Altamiro Borges (Blog do Miro), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Maíra Streit (revista Fórum), Najla Passos (Carta Maior) e José Reinaldo Cavalho (Vermelho).

Os participantes divergiram a respeito das palavras de Miguel Rossetto. “Fui com a expectativa de que o ministro acenasse para a esquerda, falasse de algum projeto novo e ele falou sobre programas como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família. Disse que o governo tem feito muito pelos índios, mas esta não é a percepção que se tem. Saí de lá bastante desapontada”, afirmou Cynara.

Altamiro Borges elogiou a conversa. “O fato de o ministro marcar uma entrevista com a mídia alternativa e os blogueiros já é, por si só, uma coisa boa”, disse. Segundo ele, Rossetto deixou explícito que o governo está negociando com os trabalhadores em relação ao texto das medidas provisórias e acenou para o fato deste ser apenas o início do que promete ser um bom diálogo a ser firmado com representantes da mídia alternativa (ou mídia progressista). “Mesmo sendo um governo de continuidade, por ser o início, houve momentos da entrevista em que o ministro pisou em ovos, mas considero que, de um modo geral, o encontro foi bastante positivo.”

Porém, enquanto Miguel Rossetto se empenhava em convencer que há um processo de negociação em curso, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou nesta mesma quinta-feira que os ajustes em benefícios trabalhistas anunciados no fim do ano são no tamanho correto e serão defendidos pelo governo: "Nós propusemos as medidas no tamanho que consideramos correto, e vamos defendê-las no Congresso, na mídia, em todos os espaços", disse após reunião com empresários na sede da Fiesp, em São Paulo.


Hylda Cavalcanti, da Rede Brasil Atual - 30/1/2015

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