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Chapéu
Fórum Social Mundial

Trabalhadores discutem problemas comuns em um mundo globalizado

Linha fina
Precarização do trabalho, terceirização e avanços tecnológicos têm sido pautas da classe trabalhadora para além das fronteiras
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Foto: Seeb-SP

Salvador – Em um mundo onde o capital domina as relações de trabalho, não há fronteira para os problemas de todas as categorias. Na Tenda da CUT do Fórum Social Mundial, a mesa da tarde de quarta-feira 14 discutiu o futuro do trabalho e os desafios da organização sindical. O FSM acontece na capital baiana até o próximo domingo 18 e reúne milhares de pessoas de 120 países.

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Mesmo que o desemprego ainda seja uma das principais preocupações de todos os trabalhadores, segundo os participante da mesa, é preciso pensar de forma mais holística, para o modelo neoliberal.  

“Não podemos olhar apenas para vagas criadas ou encerradas, no prejuízo para uma ou outra categoria, devemos pensar no conjunto da sociedade e no papel do Estado. Precisamos pensar em alternativas para este modelo neoliberal que está sendo imposto”, afirmou o secretário-geral da Confederação Sindical de Trabalhadores das Américas (CSA), Victor Baez.

Ele lembra que quando Margaret Thatcher (ex-primeira ministra do Reino Unido, entre 1979 a 1990) ascendeu ao poder, disse que ‘não havia alternativas’, e que esta declaração demonstra que os liberais querem que os trabalhadores pensem que a luta não vale a pena. 

“Na CSA, temos uma plataforma de desenvolvimento das Américas, uma alternativa a este modelo imposto pelos neoliberais, baseado em especulação, no capital financeiro, na acumulação de riquezas e do capital ocioso. No meio disto, existem milhares de pessoas buscando emprego e não encontrando, porque este dinheiro está ocioso, não está gerando emprego e renda para as pessoas. É preciso haver um modelo alternativo que deve ser pensado e desenvolvido pela classe trabalhadora”, completa o dirigente.

Problemas parecidos – Nem mesmo em países com altos índices de desenvolvimento econômico e social, os problemas são muito diferentes dos que os trabalhadores brasileiros enfrentam cotidianamente. O presidente da Federação Geral do Trabalho da Bélgica (FGTB), Rafael Lama, diz que em todos os lugares a desigualdade ainda é um problema, e que a precarização e a luta por direitos é pauta das categorias.

“É preciso ficar atento especialmente aos trabalhadores desta nova economia, que trabalham em casa, em escritórios cooperativos, etc. Temos de fazer com que eles entendam que mesmo que trabalhem em bases individuais, que eles fazem parte de uma categoria, de um grupo, que têm os mesmos direitos dos que trabalham em um escritório”, diz Lamas.

Estas novas formas de trabalho são um desafio não só para os trabalhadores, mas também para o movimento sindical.  O secretário nacional de relações internacionais da CUT, Antônio Lisboa, explica que o capital se organiza e atua de forma global e em tempo real, e que se o capital se organiza assim, os trabalhadores e suas entidades representativas precisam se organizar também.

“O problema é que o capital já está operando nesta condição, enquanto nós estamos engatinhando. Precisamos fazer avançar esta organização da classe trabalhadora e dos sindicados para atuar globalmente fazendo um enfrentamento de forma global como pensa o patrão”, diz Lisboa.

Ele explica que diante das novas tecnologias, existem trabalhadores em home-office, através de aplicativos, o que gera uma desregulamentação da relação empregado/empregador. “Ele deixa de ser um empregado e passa a ser alguém com uma renda, que não tem proteção do Estado ou do sindicato, porque estes não conseguem acessar o trabalhador”, completa.

“Organizar os trabalhadores de forma global e onde eles estão trabalhando, seja na fábrica, no banco ou em casa é uma prioridade. Se ele estiver trabalhando para um banco em casa, ele tem de ter a proteção do sindicato na casa dele, se for um motorista por aplicativo, ele tem de ter essa organização no carro dele. Precisamos usar essa tecnologia para fazer essa organização”, finaliza.
 

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